No fundo, ou no raso mesmo, o que queremos é ser felizes.
Quando me refiro a felicidade, que ninguém imagine aqueles contos de fadas, cheios de detalhes perfeitos, onde nem o vento despenteia meus cabelos, ultimamente tão rebeldes. Falo daquela felicidade comum, possível a todos os meros e simples mortais como eu.
Quando penso em felicidade, penso carinhos inesperados; em um sorriso aberto de alguém que se alegra ao me ver; em um pouco menos de aridez por parte das pessoas, ultimamente tão vaidosas e que nos medem com seus próprios esquadros.
A idade vem me deixando sensível (ainda mais) às sutilezas da vida. Venho interrogando o ser humano, em busca de um pouco de compreensão do tamanho dos egos e vaidades. Isso não traz felicidade, nem de conto de fadas nem dessa a que me refiro.
Tenho envelhecido e, por mais que isso possa parecer absurdo, a juventude vem ficando cada vez mais nítida na minha enevoada memória. Aquela ali era eu e, fora a alegria constante, mas superficial, nada invejo daquela que fui.
Aprendi um tanto de coisas, desaprendi outro tanto e o que restou (ou se acumulou) me fez perceber que a felicidade acontece todos os dias, sem grandes convulsões ou luzes multicoloridas.
Plagiando uma mente brilhante (uma pessoa, não o filme), felicidade é a soma de todos os "pequenos nadas" que surgem em nossos dias e que lhes dão cor e brilho. Nada de espetacular, coisas simples, mas que, com o passar dos anos, preenchem nossa memória de recordações e provocam sorrisos cheios de saudade.
No fundo ou no raso, a gente quer é ser feliz. Falta agora saber perceber que ela está bem aqui, à espreita, esperando apenas que tenhamos sensibilidade para notá-la agarradinha a nós o tempo todo, a vida toda...