sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sexta-Feira

A semana finalmente terminou. Mostrou-se longa demais, ao contrário de tantas outras que parecem correr com a mesma pressa que tenho de vê-las passarem.
Hoje, sexta-feira, quando a maioria do mundo está, a esta hora, se preparando para os tantos programas esperados desde o fim de semana anterior, aqui estou, em minha caverna, ermitã que sou, ouvindo velhas músicas e tentando resgatar um pouquinho que seja da que um dia fui. Chego a pensar que, com exceção da superfície, gasta pelo tempo, mantenho muito de muitos anos atrás. Ainda sonho sonhos românticos, choro e me emociono com cenas há tanto vividas e outras que espero viver, enfim, não perdi em definitivo minha herança de emoções, apesar das tantas tentativas em ser mais racional.
Quando só, envolta nas lembranças, embalada por músicas que fizeram com que eu chorasse ou risse em outros tempos, ainda me embriago nas emoções e esqueço que a razão é importante, na verdade essencial para a sobrevida do espírito.
Amanhã me recomponho, busco a racionalidade e volto a ser normal. Hoje me deixo voltar a ser passional e me permito sonhar impossíveis, na certeza de que, ao menos nos sonhos, não se fere ou se é ferido.
Me envolvo e me deixo envolver com venenos que, sei, seriam mortais, apesar de eternamente doces.
Que todo o resto fique para amanhã...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007


Quando dançarmos, os anjos fugirão e esconderão suas asas!
(When we dance - Sting)

Inverno

Ontem o tempo mudou e o inverno parece ter se arrependido de ir embora, talvez tenha voltado para se despedir. O certo é que o frio está de volta e, com ele, os casacos, edredons e aquelas noites de sono gostoso, sem ruídos de aparelhos que me façam sentir que a temperatura é suportável.
Gosto de dias frios, quando o perfume permanece mais tempo na pele, ficamos mais elegantes e sem aquele aspecto de ter corrido uma maratona, entretanto, as noites frias não me agradam além do fato de me permitirem dormir melhor.
Noites frias, para mim, são sinônimo de solidão. Faltam braços, abraços, quentura, enfim. O frio parece nos mostrar o quanto somos sós e vulneráveis à solidão; o quanto somos pequenos quando sozinhos.
Tosei meu cãozinho, não sabia do frio que chegaria. Ele também ressente-se e quer aconchego. Agora dorme em meu colo enquanto tento escrever. Quem sabe a friagem tenha invadido também a sua alma e, como eu, quer apenas sentir-se par, que possui alguém que lhe aquecerá o corpo e o espírito. Penso então que o frio faz mal ao cérebro e deixa-nos fantasiosos demais.
Hoje alguém disse que faço falta quando distante. Nenhum diálogo romântico, colegas de trabalho, quisera fosse alguém me ansiando, descontente também com o frio solitário, descobrindo calor ao meu redor, em mim...
Somos mesmo muito frágeis, por mais que tentemos manter nossas máscaras de coragem e independência. Será o frio quem as tira e nos deixa nus diante de nós mesmos, despreparados para perceber que nossa força é um engodo, nossa coragem é uma balela e nossa auto-suficiência a maior mentira que insistimos em nos dizer a cada dia quando, diante do espelho, nos dizemos que nos bastamos e não queremos ou precisamos de alguém que nos diga o quanto somos importantes e amados.
Decididamente, acho que não gosto do frio; ele me mostra alguém que não quero ou que já me esqueci como ser. Quem sabe amanhã ele se vá...
"amanhã ou depois, tanto faz se depois for nunca mais..."

domingo, 23 de setembro de 2007

Eu nunca me senti assim

Hoje é o primeiro domingo de primavera, apesar de parecer verão. Tenho muito a fazer, mas confesso que não ando lá com muita vontade de me mexer. Já li o jornal (violência, violência e conxavos políticos, isso deveria ser proibido aos domingos) e meus e-mails (tantas coisas repassadas, que já recebi vezes sem fim) e agora parei para ouvir um cd de um filme. Quando assisto filmes gosto de perceber se, além de boa história, há um bom gosto musical.
A Casa do Lago é uma historinha interessante, meio fantástica (assim como a vida) e que tem uma música linda do Paul (o McCartney).
Eu nunca me senti assim, ele canta. Eu também nunca me senti assim tantas vezes. Algumas dores, outras alegrias, umas paixões, um amor...
Quantas vezes será que dizemos (ou pensamos): eu nunca me senti assim!
Quantas ainda diremos (ou pensaremos)...
Queria mesmo era uma experiência feito a do filme (será?), atípica, incomum, que fosse realmente algo novo e que me fizesse ter certeza de nunca ter me sentido daquela forma, quem sabe me fizesse querer nunca mais me sentir de outra forma...
Quisera viver as cores de Hollywood, ainda que apenas durante este domingo silencioso e comum, mesmo sendo o primeiro da primavera.
This Never Happened Before - Paul McCartney

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

MÚSICA 3

Há muito tempo atrás, quando ainda ouvia rádio uol, encontrei um cd que me seduziu do início ao fim. A banda era REM, de quem já conhecia algumas coisas e o cd era Automatic for the People. No dia seguinte fui à única loja de minha cidade e comprei. Logo de cara, me apaixonei por Man on the moon, que ouvi infinitas vezes.
Outro dia, lendo um livro sobre Curt Cobain, me deparei com esta música, que ele ouviu diversas vezes antes de dar cabo da própria vida. Descobri também que ela foi feita para um filme do mesmo nome, sobre um comediante americano, Andy Kaufman.
As duas situações são tristes e fico imaginando o poder que a música tem em cada um que a ouve. Em mim, longe de pensamentos suicidas ou vidas desperdiçadas, esta música me transmite energias positivas, me deixa leve, com vontade de dançar, e é por este motivo que ela entra neste espaço.

domingo, 2 de setembro de 2007

Música, remédio da alma - 2

Beach Boys
I can hear music

Também uma música que me faz viajar...

sábado, 1 de setembro de 2007

Família, família...



Envelheço.
Ao encontrar esta fotografia, percebo quão inexorável é o tempo. Parece que foi ontem que foi tirada por um fotógrafo amigo da família, de nome Gustavo (será que ainda vive? creio que não), que vezenquando aparecia em nossa casa munido de sua máquina fotográfica e se deliciava tirando fotos de toda a família.
Não sei porque, mas não gostava dele, coisa de criança, penso eu. Na verdade, ele implicava com o cordão que carregava minha inseparável chupeta. Meu ritual de dormir era enrolar este cordão ao redor do nariz até não me lembrar de mais nada. Meu irmão também implicava, mas dele é impossível não gostar. Até hoje, quando juntos, ele faz questão de me lembrar do dia em que nasci, do quanto chovia forte e de como foi impossível buscar um médico, pois as estradas estavam intrasitáveis, com uma ponte caída no meio. O resultado disso foi meu parto sendo feito pelo farmacêutico do lugar, escolhido depois para meu padrinho, talvez por ter conseguido me trazer ao mundo, torta mas viva.
Sou a mais nova de 3 irmãs nascidas do terceiro casamento de meu pai. Além delas, tenho mais 14 irmãos, resultado dos casamentos anteriores. Meu pai gostava de se casar, penso eu, mas gostava também de ser pai. Somos uma grande e unida família, com as alegrias e dores de qualquer outra, o que se deve ao patriarcalismo do velho Christovão, espanhol de sangue e de coração, que nos deixou sua honradez e educação como herança maior.
Mas eu dizia que envelheço. Nesta foto eu tinha menos de 2 anos, ou seja, foi tirada a pouco mais de 40 e ainda parece que foi ontem. As perninhas tortas são visíveis (foram corrigidas com dolorosas e pesadas botas), a cabeça também é torta, mas até hoje não se percebe bem, além de, pelo menos internamente, nunca ter sido desentortada.
Acho que não disse, mas sou a que está com a indefectível chupeta.
Vivíamos em uma chácara, com espaços imensos para brincar e nos machucar, mas eu era quietinha, ao contrário de minha irmã do meio, que era o desassossego em pessoa (na foto parece uma ladie, puro engano). Todas as manhãs, quando o caseiro do sítio de meu pai vinha trazer o leite, eu ia passear, montada na velha e mansa égua Violeta. Mal chegava e já pedia pra voltar, gostava mesmo era do passeio.
Levei corrida de touros, de bezerros, tomei banho de valão (assim chamávamos os riachos que cortavam as propriedades), corria descalça pelas ruas e quintal. Até que acabou. Mudamos para a cidade (pequena, mas cidade), onde vivo até hoje.
Nunca mais quis voltar ao lugar onde nasci, não gosto de lá, apesar de amar as boas lembranças daqueles tempos. Hoje gosto de grandes cidades, do anonimato que elas proporcionam e me arrepio ao pensar nas conversas de calçada, nas pessoas que iam À minha casa para assistir TV, em um tempo que poucos a possuíam. Será que minha mãe se incomodava com aquelas invasões diárias? Talvez até gostasse...
Acho que a passagem desses quase 40 anos me deixaram menos sociável, menos interessada na maioria da população deste planeta. Quanto mais envelheço, menos quero pessoas à minha volta, com exceção destas duas irmãs, que estão sempre ao meu lado, moram ao lado, na verdade. Dividem mais suas vidas comigo do que eu com elas; escuto-as mais do que falo; aconselho mais do que sou aconselhada, apesar de ser a mais nova das três, o que me leva à constatação de que envelheço.
O fato de estar envelhecendo não me desagrada, gosto do que me tornei, apesar de lamentar o aprendizado de coisas tão essenciais somente após tanto tempo. Resta a certeza de que melhor aprender no fim do que em momento algum.

Música, remédio para a alma

Aprendi hoje, bisbilhotando site alheio, que pode-se colocar uma música para tocar aqui. Desta forma, vou começar com esta que adoro muito.
Tomara que dê certo.

George Harrison - Gime Me Love