sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010


O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.
Cecília Meireles

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Coisa do amor...



Já faz tempo, muito tempo, que perdi uma parte de mim. Nunca tentei buscá-la, recuperá-la. Jamais pensei que esse tanto que me foi levado me fazia falta, pelo contrário, perdê-lo me deixou maior, mais completa e plena.
Já faz tempo, parece uma vida inteira, perdi parte de mim. Essa parte, longe de me preencher, me fazia incompleta, solitária.
Já faz tempo, nem sei precisar que tempo, deixei que uma imensa parte de mim se perdesse em alguém. E como esse tempo de eternidade tem me feito melhor!
Nunca mais, com exceção de uns poucos dias de tempo fechado, acordei sem dirigir meu primeiro pensamento a essa pessoa tão especial que Deus, cuidadosamente, colocou no meu caminho, na minha vida e no meu coração.
Nunca mais me senti barco à deriva, sem porto a alcançar, sem a certeza de proteção e aconchego. Nunca mais só, sem frios na barriga de expectativa de chegadas e esperas, mesmo que sempre sofrendo a dor da despedida, para, logo em seguida, recomeçar a contagem de novas chegadas.
A incoerência do tempo me consome e se, por vezes, parece que já faz um tempo imensurável, em outros parece tão pouco, com tanto ainda a se viver...
A sede de querer sempre um pouco mais, de ser sempre tão pouco, por mais que o tenha, faz tudo parecer tão recente, tão novo.
Faz tão pouco tempo! Tenho ainda muita fome desse amor, quanto mais o tenho mais o quero. Ainda me descubro e desvendo seus encantos diariamente e, quanto mais ele se expõe, mais me entrego, mais me encanto.
Assim, diante desse paradoxo, apenas sei que já faz tempo, um tempo precioso e longo que tenho sido imensamente feliz.
Lucia, em um solitário dia dos namorados

domingo, 7 de junho de 2009


Gente é bicho de luz, mas quem pode culpá-los?

domingo, 31 de maio de 2009

Confusão

São tantas as estradas a seguir que me perco em suas curvas e entroncamentos...
Ora ensolarada, ora cheia de neblina que me engole e cega diante de fatos tão visiveis, quase palpáveis.
Quem sabe ali, na próxima curva, estejam as tantas respostas que busco.
Hoje é dia de confusão de pensamentos, muitos que nem são meus, mas que me entontecem e fazem com que eu busque respostas para perguntas que não formulei. Mesmo assim sei, conheço as respostas, apenas prefiro ignorá-las, mas apenas por enquanto. Daqui a pouco terei que dizê-las em voz alta e, a partir de então, essa estrada seguirá por um destino certo e claro, mesmo que tortuoso e cheio de desníveis...
Lucia, confusa diante de verdades inconvenientes

domingo, 24 de maio de 2009

Por um lindésimo de segundo...


Tudo em mim
anda a mil
tudo assim
tudo por um fio
tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu

tudo em minha volta
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas

Paulo Leminski

As vezes, é melhor deixar que alguém defina como nos sentimos. É o que faço hoje.

sábado, 23 de maio de 2009

CONFLITO


O mundo é tão cheio de gente, que a sensação de pequenez (será que posso usar essa palavra sem causar revoltas?) é inevitável quando paramos pra pensar um pouco mais detidamente sobre nós mesmos. Ao mesmo tempo em que somos o universo completo de uns, nada significamos pra tantos milhões, que passaram ou passarão por esta vida sem nunca imaginar que existimos, sofremos ou comemoramos estas pequenas vitórias cotidianas e que fazem tanta diferença.
Fico imaginando os trilhões de pensamentos que povoam as mentes destas tantas vidas. Ainda bem que são silenciosos, do contrário, quanto barulho e desordem... Os meus, neste momento tão desordenados, em conflito com o coração, acabariam por confundir quem os ouvisse.
Penso que deveríamos ter em sintonia alma e coração, razão e sentimentos, assim não teríamos tantos embates com nós mesmos, buscando resolver aquilo que nos aflige sem que um dos dois se ferisse, mas, em geral, quando acalentamos nosso coração acabamos por receber acusações diretas da nossa razão, nos avisando o quanto somos levianos conosco, aceitando (ou relevando) coisas importantes e vitais.
Queria mais racionalidade, mas não me quero fria, perdendo essa passionalidade que tem me levado a momentos que nenhuma razão poderia. Equilíbrio, deve ser esta a palavra-chave, vai saber... Enquanto não o aprendo, fico neste conflito, em busca de decisões que não serão resultado apenas da minha razão, tampouco da paixão...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Felicidade...


No fundo, ou no raso mesmo, o que queremos é ser felizes.

Quando me refiro a felicidade, que ninguém imagine aqueles contos de fadas, cheios de detalhes perfeitos, onde nem o vento despenteia meus cabelos, ultimamente tão rebeldes. Falo daquela felicidade comum, possível a todos os meros e simples mortais como eu.

Quando penso em felicidade, penso carinhos inesperados; em um sorriso aberto de alguém que se alegra ao me ver; em um pouco menos de aridez por parte das pessoas, ultimamente tão vaidosas e que nos medem com seus próprios esquadros.

A idade vem me deixando sensível (ainda mais) às sutilezas da vida. Venho interrogando o ser humano, em busca de um pouco de compreensão do tamanho dos egos e vaidades. Isso não traz felicidade, nem de conto de fadas nem dessa a que me refiro.

Tenho envelhecido e, por mais que isso possa parecer absurdo, a juventude vem ficando cada vez mais nítida na minha enevoada memória. Aquela ali era eu e, fora a alegria constante, mas superficial, nada invejo daquela que fui.

Aprendi um tanto de coisas, desaprendi outro tanto e o que restou (ou se acumulou) me fez perceber que a felicidade acontece todos os dias, sem grandes convulsões ou luzes multicoloridas.

Plagiando uma mente brilhante (uma pessoa, não o filme), felicidade é a soma de todos os "pequenos nadas" que surgem em nossos dias e que lhes dão cor e brilho. Nada de espetacular, coisas simples, mas que, com o passar dos anos, preenchem nossa memória de recordações e provocam sorrisos cheios de saudade.

No fundo ou no raso, a gente quer é ser feliz. Falta agora saber perceber que ela está bem aqui, à espreita, esperando apenas que tenhamos sensibilidade para notá-la agarradinha a nós o tempo todo, a vida toda...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

AVE CORAÇÃO

Sexta-feira, mais uma que chega e vem tão rápida que fico buscando o que fiz na semana que se passou. Trabalhei, trabalhei e sequer percebi que ainda estou aqui. Hoje não tive o que fazer com minhas horas, me perdi em pensamentos e busquei ocupação. Esqueci-me como é apenas ficar à toa. Agora me decidi, já ao fim do dia, buscar lembranças de tempos bons. Ouvi de alguém que não se lembrava do que fazia aos 15 anos, aí fui buscar minhas lembranças da época.
Recordei dessa música que cantarolava, aliás eu cantarolava o disco todo, mas esta era um tanto a mais. Quem sabe eu ainda esteja à procura da estação em que vivo, mesmo depois de passados quase trinta anos. No fundo, nossos sonhos e desejos permanecem em nossa alma ainda adolescente.
Acho que hoje, especificamente hoje, eu queria muito a companhia de outros braços...

Ave Coração

Fagner

Composição: Clodê & Zeca Bahia


Eu sei que existe por ai uma andorinha solta

Procurando um verão que se perdeu no tempo

Cansou de ser herói do espaço

E quer a companhia de outros pássaros

É que seu coração de ave, não agüenta tanta solidão


Eu sei que eu ando por ai, sou andorinha solta

E nem sei a estação em que estou vivendo

Não quero ser herói de nada

Só quero a companhia de outros braços

É que meu coração de homem, voa alto como um pássaro

domingo, 26 de abril de 2009

VINGANÇA


Da janela do apartamento, último andar de um prédio de 10, observei a luz do sol cair e as primeiras luzes iluminarem a cidade. Não sei quanto tempo permaneci ali, naquela posição incômoda, curvada, com a cabeça apoiada na grade cheia de arabescos.
A chuva começou a cair, me fazendo lembrar do noticiário que a previra e ao qual não dei ouvidos, pois o sol forte parecia desmentir qualquer previsão contrária a uma noite estrelada. Mas ela caiu e começou a embaçar as tantas luzes que eu gostava de olhar. Era hora de ir...
Os carros passavam apressados, me respingavam a lama escura dos cantos da rua, enquanto eu esperava o ônibus. Não tinha dinheiro para um táxi, mas também não tinha pressa alguma em chegar.
Pela janela do ônibus, observava as pessoas apressadas e seus multicoloridos guarda-chuvas que pareciam formar um túnel pelas calçadas. Me lembrei das tantas vezes que passei por ali, em outras situações, em outras vidas, parecia agora.
Desci no ponto final e o motorista me olhou como se se indagasse do porquê de eu não estar correndo como todos os outros. Eu seguia calma, como se não sentisse a água me encharcar completamente. Caminhava decidida pela rua estreita, até o último prédio pouco iluminado e sombrio.
Me detive na calçada em frente, olhando a janela iluminada e esperando talvez algum convite para subir, mas ninguém me sabia ali, portanto esperando o impossível.
Conhecia cada palmo daquele apartamento; vivera anos de riso fácil e paixão fulminante entre aquelas tantas paredes. Sabia cada degrau, cada arranhado na pintura, cada pingo que a torneira nunca arrumada dava por hora. Nos meus últimos dias ali, insone, me distraia contando-os pela noite adentro.
Queria fumar, mas os cigarros tinham virado lama no bolso do casaco. Masquei um chiclete encontrado entre as moedas, as únicas que me sobraram depois de meses de inatividade, entregue a fazer nada todo o tempo, imaginando como seria este encontro.
Acho que fiquei horas ali parada, olhando a janela, quando decididamente me preparei para atravessar a rua e apertar o interfone. Estava preparada agora para que ele me visse. Me sentia feia ainda, envelhecera dez anos nestes meses, não me cuidara. As unhas estavam escuras e quebradas, os dedos amarelados pelos milhares de cigarros que se queimaram entre eles, sem que os levasse aos lábios; os cabelos embranqueceram sem que eu me preocupasse em retocar a tintura. Eu me esquecera completamente, dedicando-me unicamente a este dia. Era agora...
Caminhei os poucos metros e, segura, apertei o interfone. Uma voz desconhecida me avisou que ele havia se mudado há 20 dias e não, ela não sabia pra onde havia ido, não deixara endereço.
Fiz o caminho de volta sob a chuva forte pensando que os meses debruçada naquela janela arquitetando minha vingança haviam sido inúteis, mas longe de me sentir frustrada, estava sim aliviada. O pesadelo se findara...
Na tarde seguinte, da janela do apartamento, último andar de um prédio de 10, debruçou-se uma outra mulher; a do dia anterior se fora na enxurrada da chuva...

Lucia Padilha, em um dia qualquer, de uma outra vida qualquer

sábado, 25 de abril de 2009

Pensares

Em luta, meu ser se parte em dois. Um que foge, outro que aceita. O que aceita diz: não. Eu não quero pensar no que virá: quero pensar no que é. Agora. No que está sendo. Pensar no que ainda não veio é fugir, buscar apoio em coisas externas a mim, de cuja consistência não posso duvidar porque não a conheço. Pensar no que está sendo, ou antes, não, não pensar, mas enfrentar e penetrar no que está sendo é coragem. Pensar é ainda fuga: aprender subjetivamente a realidade de maneira a não assustar. Entrar nela significa viver...



Me ajuda que hoje eu tenho certeza absoluta que já fui Pessoa ou Virginia Woolf em outras vidas, e filósofo em tupi-guarani, enganado pelos búzios, pelas cartas, pelos astros, pelas fadas. Me puxa para fora deste túnel, me mostra o caminho para baixo da quaresmeira em flor que eu quero encontrar em seu tronco o lótus de mil pétalas do topo da minha cabeça tonta para sair de mim e respirar aliviado e por um instante não ser mais eu, que hoje não me suporto nem me perdôo de ser como sou sem solução.

CAIO F.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Divagando...

Há dias em que, como hoje, nada tenho a dizer, ainda que meus pensamentos fervilhem em convulsão desesperada para se ordenarem em linhas bem escritas, formando algo concreto e, quem sabe, mais lúcido.
Enquanto apenas pensamentos, são desordenados, inseguros e trêmulos fios de raciocínio que nunca se completam e desejam, na clareza do papel ou tela, se definirem e se explicarem. Mas daqui nada surge, nada se revela.
Me lembro de alguém dizendo que sou filha de Nanã, daí minha paixão pelo lilás e mania de viver chorando, mas que sou também filha de uma divindade da justiça; o nome sumiu da memória e, por mais que tente, não lembro. Mas o que isso tem a ver com o que escrevo? Não estou de lilás, não choro neste momento; talvez eu anseie por justiça.
Me forço a parar neste parágrafo, afinal nada disse que consiga me explicar o motivo da inquietação, e agora, no momento em que escrevo, me descubro apenas carente de algo que ainda não sei o que...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Retornando...

Andei realmente sumida deste espaço. Ao abri-lo hoje, percebo que minha última postagem foi em dezembro, dia do meu aniversário. A tanquilidade das merecidas férias, viagem, retorno, outras idas e vindas, enfim, janeiro passou, fevereiro trouxe o retorno ao trabalho, com novos projetos, que acabaram por tomar completamente meu tempo e meu cérebro. As divagações, momentâneamente esquecidas de serem postadas, ficaram apenas no terreno mental, sem tempo para serem despejadas aqui.
Não me incomodo, pois sei que este espaço é quase privado, poucos conhecem ou frequentam-no, assim, sinto-me mais à vontade de trancá-lo por períodos longos e retomá-lo quando me bate a saudade.
E por falar em saudade, ando saudosa e melancólica nestes dias de feriado. Ainda não sei do que ou de quem, mas sei que ela está lá, quietinha, à espera de se mostrar e dizer seu motivo. Quando aparecer, conto quem ou o que tem me deixado assim.
Tenho trabalhado muito, amado muito, dormido muito. No fim, tenho vivdo e isso já é uma grande vitória...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Meu presente de aniversário...



UM LINDO E BRILHANTE DIA DE SOL!!!!!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

É Natal !

Mais uma vez chega o tempo das brilhantes luzinhas coloridas, das casas iluminadas e das músicas repletas de sininhos. Algumas pessoas amolecem o coração e conseguem surpreender com gestos de desprendimento e doação, mas não são todas, que fique claro.
Natal me lembra família. Não estas que se juntam pra comer a mesmíssima ceia a cada ano e que, ao final da noite, no trajeto de volta às suas casas, se dedicam a comentários ácidos sobre aqueles que encontraram. Me refiro a famílias de verdade, que independem de laços sanguíneos ou proximidade geográfica, que se uniram pelo sentimento amor e dele não fazem questão de se desprender; ao contrário, o cultivam.
Natal me faz lembrar pessoas queridas, com as quais gostaria de estar mais e me dedicar mais, mas que entendem meus silêncios e invisibilidade em suas vidas, por isso me querem bem, apesar de...
Natal me faz querer um cantinho sem festas, uma presença queridíssima e uma noite de paz. É bem verdade que esse é um desejo de todo o ano, mas especialmente nesta data, torna-se mais premente, quem sabe na tentativa de afastar a sombra da solidão.
Não sei se alguém se perde entre estes textos, mas desejo a cada um que por aqui se detiver que tenha um natal especial, com pessoas também especiais, que lhes dedique o mesmo carinho que recebem. Este é o grande presente que seres humanos sensíveis podem querer; mas se você preferir jóias, dvds ou qualquer outro dos tantos produtos disponíveis no mercado, que os receba em grandes quantidades, participando, inclusive, daqueles chatíssimos amigos-ocultos que aparecem neste período.
Importante é que seu natal, assim como seus dias, sejam de alegrias, iluminados pelo calor de pessoas que realmente valem a pena em nossas vidas.
Feliz Natal!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Tem coisas que são para poucos...

Segundo o grande mestre da ortografia e gramática brasileira, Aurélio Buarque de Holanda, e constante em seu compêndio da Lingua Poertuguesa, várias pessoas cabem na palavra PEQUENEZ, que tem por significado, ainda que alguns desconheçam:

1. Qualidade de pequeno.
2. Meninice, infância.
3. Pequena estatura.
4. Fig. Mesquinhez; insignificância
5. Fig. Pouca elevação intelectual ou moral

Depois disso, nada mais a acrescentar, a não ser que escola é bom e faz falta.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Gente pequena é assim!

Morro de pena de gente descrente, seja do que for.

Semear dúvidas e desconfianças onde só há paz é sinal de pobreza de espírito e de uma profunda inveja pelo que não se tem.

Realmente, há que se ter pena, muita pena, por tamanha pequenez de alma.

Não sou terreno fértil ao cultivo de minhocas e pulgas, sejam na cabeça ou atrás das orelhas.

Sou feliz, estou feliz; dá licença?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Amor


A mulher que mora em mim
te deseja ao acordar,
te lembra sem cessar,
te beija ao te encontrar,
se despe ao te desejar,
se deita pra sonhar,
se acende ao te amar.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Paixão

Quando estamos conhecendo alguém, ou nos primeiros tempos de contato, o outro, aos nossos olhos, é dotado de tamanha perfeição que é comum nos pegarmos pensando do porquê termos sido notados.
Tudo que o outro faz ou diz é bem feito, bem falado. As atitudes e, especialmente, o caráter e a personalidade são inquestionáveis, a inteligência é acima da média, as atitudes são corretas e a forma de ver o mundo e os gostos impecáveis.
É somente com a convivência que se percebe, pouco a pouco, que falhas são inerentes a nós, pobres mortais. E a cada dia descobrimos alguma mania que nos irrita, algum deslize que nos decepciona, algumas atitudes que o deixam chato.
A partir do cotidiano, descobrimos que o outro tem problemas, que sua vida não é perfeita (muito menos ele) e que, no fundo, é tal e qual a todo mundo.
Se depois de tudo isso, ainda nos sentimos atraídos, envolvidos e até apaixonados, é porque a pessoa é realmente especial, com quem queremos estar. Do contrário, ela era apenas alguém criado por nossas carências e desejos de que exista um ser humano tão bacaninha como nossa imaginação quis crer.
Depois de longos anos de convivência, de perceber muitos defeitos e até imaginar que não pudesse suportá-los, andei um tanto decepcionada e desapaixonada de mim. Me pegava imaginando o que teria de bom ou bonito, que realmente pudesse chamar a minha atenção e fazer-me ser novamente apaixonada. Só conseguia encontrar interrogações.
Ultimamente voltei a me perceber possuidora de virtudes e qualidades muito especiais, como coração aberto, sinceridade, transparência, senso ético e uma profunda paixão pela vida e pelas pessoas.
Pronto, esqueci completamente os dias nublados e sem luz, voltei a ser e estar novamente apaixonada por mim e é muito bom ter feito as pazes comigo mesma.
Ao final, percebo que sou realmente muito especial e que não devo, nunca mais, me esquecer disso.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

"Que não me doa hoje o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado."
(Caio F.)
Quero estar e ser feliz, dá licença?

domingo, 30 de novembro de 2008

Caio F.

"Ninguém é capaz de compreender um dragão.
Eles jamais revelam o que sentem.
Quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar sempre batem a cauda três vezes, como se estivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros?
Hoje, pondero: talvez seja essa a sua maneira desajeitada de dizer, como costumo dizer agora, ao despertar - que seja doce..."

DIA HORRÍVEL

Eu vi uma nesga de céu azul.
Depois de tantos dias, que já nem conta têm mais,
o céu, ou uma pequena visão dele, se mostrou.
Ao final, tudo dá certo.
Ao final, tudo se ajeita.
De uma forma ou de outra, os turbilhões passam e fica a luz do céu azul, mesmo que se passem dias de chuva e cinza.
Afinal, nada é eterno.
Ainda bem.

E apesar do céu azul, o dia está horrível.
Ainda ganho uma varinha de condão e faço horrores com ela.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

MÁRIO QUINTANA


Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que te ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é a pessoa da sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas...

É cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando,

mas quem estava procurando por você!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Expectativas

Já consigo enxergar o fim do ano.
Já imagino as férias, pulando, claro, os diários, correção de provas, trabalhos e toda a burocracia de conselhos de classe. Já quase me vejo lá, seja onde for, desde que lá, onde é verdadeiramente meu lugar, ilha de paz, onde o mundo não costuma ter permissão de entrar.
Ando expectante, mesmo temerosa de que fique apenas nesse campo, sem que as expectativas sejam concretizadas.
Expectativa, expectante. Palavras gostosas de se dizer, possuem sonoridade e remetem sempre a algo delicioso por vir. Expectador é menos, lembra algo à parte, assistindo apenas.
Não me quero expectadora. Anseio ação, fazendo acontecer meus desejos.
Tenho saudade de tanta coisa, de tantas pessoas, mas vou sempre ao encontro somente de uma, esta especial, fonte inesgotável das minhas expectativas e desejos.
Mesmo depois de tantas idas e vindas, sempre vou.
Sempre é o coração quem diz o motivo, eu nunca sei explicar.
Como diz o poeta:
Trago você em mim, espero que você também me tenha assim.
Te espero sincero, aberto, completo, sem fim.
Nem preciso dizer que isso é amor. Quem conhece sabe.

domingo, 9 de novembro de 2008

Você é tudo (Mano Borges)

Você é tudo e muito mais
Tudo e muito mais
O que sou capaz
é muito pouco eu sei
Você faz tudo muito bem,
Não se compara a ninguém
E Então faça de mim
O seu bem-me-quer
Faça de nós tudo o que quiser
Você faz tudo muito bem,
Não se compara a ninguém

Porque anos atrás
Você tocou meu coração
E me amou, mas aprendi
Tudo na vida
Tem seu princípio e fim
E se ainda assim
Você quiser, eu vou estar, onde estiver
A felicidade é uma janela aberta
À espera de alguém
Que esteja a fim.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Divagações...

Coisa séria essa de ficar boba, quase-meio-sincera-e-francamente patética depois de ter (ou achar que) já se viveu mais da metade da vida. Entretanto, feliz (ou infeliz?) mente, ando assim, mente feliz, rindo e fazendo gracinhas da vida, percebendo sutilezas e delicadezas onde antes tudo parecia tão normal.
Tornei-me (mais) calma, sempre sonsa, emocionando-me até com formigas passeando pela cozinha.
Voltei a cometer pecados, sejam capitais ou não.
Voltei a ler poesias, ouvir músicas e, melhor, a receber delicadezas em forma de palavras.
Voltei a pulsar, a esperar, a ter expectativas e olhar novamente o futuro imaginando chegadas (nunca as partidas).
Voltei a imaginar encontros, a vigiar o telefone e consultar o calendário, em busca de feriados que me levem daqui.
Fiquei diferente, fiz-me eu novamente e gosto bem mais de mim assim.
Acho que isso tem nome, tem endereço e telefone.
Acho que isso se chama amor.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

DUALIDADE


Feito maré, ora me afasto, retraio e penso me guardar estando distante para, em seguida, regressar ocupando espaços, abraçando territórios e preenchendo vazios.
Feito estrada, busco atalhos, percorro distâncias, me perco em desvios na tentativa de liberdade, para, em seguida, perceber-me perdida sem seus sinais.
Feito chuva, ameaço, trago confusão e mudo o céu. Ora caio pesada, sem piedade; ora sou alivio em meio à seca. Dependo do chão que me recebe.
Feito vento, posso ser furacão e desarrumar, desordenar e destruir, mas me posso brisa que alivia dias secos tornando-os suaves e de paz.
Possuo extremos, desfaço-me em contradições e desejos imprecisos. Sou quem dá vida; sou quem a toma. Minha coragem se esvai ao primeiro “ai” que brote de mim; meu viço ressurge ao primeiro “oi” que venha de ti.
Sou força, energia e calor, sendo morte, fraqueza e friagem. Duas que em mim convivem, me desarmando quando se afastas e me tornando guerreira quando seu amor é presente, escudo a me proteger de toda e qualquer ameaça e arma capaz de combater toda e qualquer possibilidade de não ser feliz.

Amor é amor...

Hoje li uma matéria muito interessante sobre como o ser humano busca no outro um sistema imunológico complementar ao seu, a fim de gerar filhos geneticamente mais perfeitos e imunes a vírus. Segundo o estudo, detectamos tal complementaridade através do cheiro. Nos sentimos atraídos pelo cheiro daquele que completará aquilo que nos falta, no que se refere a defesas do corpo contra doenças ou viroses.
Fiquei aqui pensando se meu metabolismo é torto ou se o resultado deste estudo foi equivocado. Há quase oito anos me apaixonei por palavras, escritas por mim e para mim; me encantei, depois de alguns dias, por uma voz rouca, tão deliciosamente gostosa que me fazia perder noites de sono apenas para ouvi-la, sem nunca me cansar (por mais que a orelha doesse). Depois me encantei por um senso de humor afiado, uma inteligência apurada e um jeito de ver a vida de forma muito semelhante à minha.
O cheiro, esse só fui sentir após meses (e tenho que confessar que, até hoje, me faz viajar em lembranças e sensações), mas aí meu sistema imunológico já havia se rendido completamente e, ainda que o dele fosse exatamente igual ou que nada tivesse a acrescentar ao meu, já era bem tarde, a paixão era intensa e irremediável.
Não o escolhi pelo cheiro ou para complementar algo que me falta geneticamente, mas para preencher os vazios que existiam na minha alma, corpo e vida.
Me completa, me faz sentir amada e capaz de superar todas as dores que a vida, tão freqüentemente, deixa em minha porta.
Abandonei as águas, atraquei neste porto, onde penso permanecer até o último segundo do meu tempo, protegida e com a certeza de, por mais que, por vezes, tempestades e ventanias me afastem deste cais, é para ele que sempre retorno. É onde está minha casa, é onde sempre permanecerá meu coração.
Que a ciência explique o universo e o metabolismo dos seres vivos, mas o coração e os sentimentos, cabe a cada um saber aquilo que lhe move e encanta.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ajuda

Houve um tempo em que eu escrevia sempre. As palavras vinham fáceis e meus dedos voavam pelo teclado, tentando acompanhar a velocidade dos meus pensamentos, que jorravam, fosse em momentos alegres ou de dor.
Perdi o ritmo, a dança, as palavras.
Quando alguém escreve, ainda que ninguém leia, tem a sensação de que compartilha com outros aquilo que lhe aflige ou alegra. Imagina que, em algum lugar, uma pessoa lerá, se identificará e aquilo servirá para que não sinta que sua dor é única, que existe a superação e a vontade de ser feliz retornará ao coração.
Quando alguém escreve, busca, através das palavras, esquecer que alguém lhe feriu, que muitas vezes o mundo é injusto e pessoas não são leais com outras pessoas. Ao invés disso, tenta mostrar que o futuro pode chegar mais rápido que qualquer um possa imaginar e que felicidade nem sempre é tão rara.
Quando alguém escreve, quer descrever o mundo, interior ou exterior, para que aqueles que ainda não o conheceram, ao menos tenham uma vaga idéia do que ainda existe.
Eu não sei mais escrever. Queria, e muito, colocar em palavras o vendaval de sentimentos que me assolam, mas não consigo. Não mais.
Assim, fico esperando que, em algum lugar, alguém escreva aquilo que preciso tanto ler.
Se alguém souber onde estão estes escritos, me avisem.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Nostalgia

Deve existir algum motivo! Motivos sempre existem, aprendi isso desde muito cedo.
Cada um sabe das suas dores e motivos. Não se age pelo acaso e, por mais que doa, há que se entender que todos possuem motivações para estarem ou simplesmente deixarem de estar.
Pode parecer tolice, mas sempre penso em conversas gostosas, despreocupadas, cheias de humor e penso no quanto a gente imagina que as pessoas permanecerão sempre. Mas depois elas somem, desaparecem na poeira da vida e, quando nos damos conta, tanto tempo já se foi. Que coisa!
Tanta vida já se passou, tantas novidades envelheceram sem terem sido contadas, divididas e, quem sabe, comemoradas.
A vida manteve seu curso, ela não pára, a não ser nestes pequenos e inquietos segundos, talvez minutos, quando me lembro sempre que algumas promessas não foram feitas para se acreditar, foram apenas palavras ao vento, leves como folhas que se vão, sem deixar a sombra de sua passagem.
Ainda assim, sempre que estes minutos surgem, me pergunto por onde andarão todos aqueles que um dia dividiram retalhos de suas vidas comigo e que também vislumbraram minhas cores e dores.
Fica sempre a certeza de que não perceberam o carinho que cultivei e a saudade que deixaram, mas fica sempre também a minha vontade imensa de que, mesmo longe, pensem em mim, ao menos um pouquinho.
Eu aqui imagino sempre que estão vivendo dias melhores...

domingo, 31 de agosto de 2008

SAUDADE

Algumas pessoas deveriam ser eternas, assim como o são em nossas lembranças. Não entendo, e até seria pretensão de minha parte tentar entender as engrenagens do Universo, que faz com que algumas pessoas tão especiais, tão cheias de energia de vida partam assim, tão depressa, nos deixando orfãs de sua alegria.
Bem sei a saudade que sinto quando, em dias como hoje, escutei algumas músicas perdidas em cds no fundo da gaveta e me lembrei de você, mais que um sobrinho, irmão e cúmplice de tantas horas felizes e adolescentes, quando tudo era motivo de risos e planos, muitas vezes absurdos, de futuro. Pra você o futuro foi tão pequeno!
Decidi mergulhar nas lembranças e busquei fotos, rindo sozinha das tantas poses e bobeiras. Céus, como éramos bobos e felizes.
O céu de maio ainda me lembra você a cada vez que olho seu azul intenso e seus entardeceres alaranjados. Ainda me emociono com o vôo das garças no rio Muriaé e com algumas músicas como as que ouvi hoje, me lembrando nossos passos de dança mirabolantes.
Algumas pessoas são eternas, mesmo que somente em nossas lembranças. Que bom que assim seja.
Saudades!
Em tempo: Algumas pessoas preferem morrer em vida na vida da gente. Que pena.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Não olhe pra trás

Mais uma música que gosto neste espaço que, apesar de esporadicamente abandonado, sempre me faz retornar...

NÃO OLHE PRA TRÁS

Nem Tudo é Como Você Quer

Nem Tudo Pode Ser Perfeito

Pode Ser Fácil se Você

Ver o Mundo de Outro Jeito

Se o Que é Errado Ficou Certo

As coisas são como elas são

A sua inteligência ficou cega

De tanta Informação


Se Não faz sentido, Discorde Comigo, Não é nada demais

São águas passadas, Escolha uma estrada, E não Olhe

Não Olhe Prá Trás


Você quer Encontrar a Solução

Sem ter nenhum problema

Insistir e se preocupar demais

Cada escolha é um dilema

Como sempre Estou

Mais do seu lado que você

Siga em frente em linha reta

E não procure o que perder


Se Não faz sentido, Discorde Comigo, Não é nada demais

São águas passadas, Escolha uma estrada, E não Olhe

Não Olhe Prá Trás

domingo, 3 de agosto de 2008

CORES



A vida tem as cores que lhe damos. A minha, que por um tempo andou aquarelada, anda ganhando tons e texturas mais alegres.

Estive triste, mas venho buscando motivos pra estar feliz.

Estive só, mas venho buscando boas companhias, que me façam sentir que não sou um mero passatempo para momentos tediosos ou solitários, mas alguém que vale realmente a pena estar com...

A música tem me feito novamente cantarolar desafinado pela casa, causando risos e piadinhas que adoro ouvir; são de queridíssimos amores.

Recebi uma ligação que me deixou feliz o resto do dia. Uma amiga querida, e por tanto tempo sumida (nunca esquecida), deu o ar de sua linda graça. Mais um motivo pra ser ou estar alegre.

As férias me levaram a lugar especial, carregado de energia positiva, que me fez ver o quanto o homem pode criar maravilhas. Voltei encantada e trazendo na bagagem cores que me deixam menos desbotada (ao menos assim me sinto), pensando no quanto ainda posso e devo.
A vida está só começando e ainda me fará sorrir e gargalhar com suas pequenas-grandes surpresas, que me mostrarão que a alegria sempre vale a pena, seja ou não a alma pequena.
E para aqueles que se foram, apesar da saudade que deixaram, só tenho a dizer: que pena!


quinta-feira, 3 de julho de 2008

Obrigada Marley, pelo carinho!
Beijos!

Depressão

Quem consultar o dicionário Aurélio, encontrará as seguintes definições da palavra depressão:
[Do lat. depressione.]
S. f. 1. Ato de deprimir(-se).
2. Abaixamento de nível resultante de pressão ou de peso.
3. Baixa de terreno.
4. Diminuição, redução.
5. Anat. Achatamento ou cavidade superficial.
6. Astr. Distância angular, medida sobre um círculo vertical, entre um ponto da esfera celeste abaixo do horizonte e este último; altura negativa.
7. Econ. Período de declínio acentuado no nível da atividade produtiva e do emprego.
8. Med. Diminuição de função fisiológica.
9. Psiq. Distúrbio mental caracterizado por adinamia, desânimo, sensação de cansaço, e cujo quadro muitas vezes inclui, também, ansiedade, em grau maior ou menor.
10. Fig. Abatimento moral ou físico; letargia.
Gostei da definição 6: altura negativa. Pura verdade.
A gente cresce pra dentro, se alonga na invisibilidade, abaixo do horizonte mesmo. Baixa de terreno também é interessante. A vida torna-se meio que um buraco...
Tantos termos e, ao final, quer dizer apenas que você tem vontade de morrer. Minto, nem de morrer se tem vontade, pois neste campo o que menos se sente é qualquer espécie de desejo, inclusive, de morrer.
Que ela trilhe os mesmos caminhos pelos quais chegou e nem se dê ao trabalho de despedidas...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Triste

Hoje é segunda-feira, de um dia qualquer de maio. O azul do céu de maio é divino, de uma tonalidade única e linda (sei que já falei sobre isso, mas realmente me emociono ao ver tal cor), que me faz distrair e esquecer do tempo, olhando para o alto. Na verdade, ultimamente, como tenho olhado para o alto.
Ando tristonha, incerta, ansiosa e expectante. Ando precisando de toda a energia e luz que venha de cima para me manter à tona e otimista, caracteristica que sempre me encantou (eu, por vezes, me encanto comigo e me acho alguém bacaninha) e que não quero perder ou esquecer pelos cantos baixos do mundo. Por isso olho para o alto e espero que de lá venham boas energias, luz celeste e, quem sabe, palavras que confortem e afaguem meu espírito melancólico.
Não quero aqui (ou em qualquer outro lugar) desfiar dores ou ansiedades, mas ando me sentindo tão pozinho (desculpe o plágio, Zeca Baleiro) e não é que alguém esteja me fazendo isso. Na verdade, não sei que "coisas" me fazem assim, não sei como fiquei assim, só sei que estou assim, e isso é ruim...
Quero-me riso, ainda que não seja uma gargalhada, pode ser assim, pra começar, um risinho tímido. Depois eu pego "galeio" e continuo...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Acordando...

Ando precisando escrever apenas pelo prazer das letras, sem compromissos com regras ou formatações corretas.
Ando precisando escrever com o coração, que sempre disse tanto e anda completamente emudecido nos últimos tempos, calado pela luta diária, que mascara os tantos sentimentos que insisto em esquecer diante da realidade do cotidiano, tão vazio de poesia e sonho.
Me fiz fria, racional e hermética (um amigo diria refratária) diante desse eterno despertar, trabalhar, ser profissional, dona-de-casa, chefe de família, mãe e até pai.
Esqueci-me mulher, amante, namorada, apaixonada, enfim, esqueci-me. Ponto e pronto.
Quero-me Lucia, quero-me eu, com meus tantos devaneios e desvarios.
Ando precisando ser acordada da realidade e embalada nos sonhos, de pijama de flanela e edredons macios e quentes. É ali que acordo para o meu real mundo imaginário.

sábado, 1 de março de 2008

APRENDIZ

Era quase dia de ir embora e ele decidiu esticar a noite, talvez na esperança de fazê-la eterna, quem sabe tentativa de parar o tempo... Entre as tantas frases, chopes e tequilas, a pergunta aparentemente superficial: - Você aprendeu alguma coisa comigo? - Sim, nunca mais fiz lasanha como antes. Copiei sua receita. Leviandade responder naquele momento qualquer coisa séria. Outros assuntos, outras frases, outros bares, e não mais retornamos àquele curto diálogo, perdido entre as tantas coisas que dizemos quando percebemos que a partida está bem perto, mas hoje, quando tanto asfalto já nos separa, reflito no quanto minhas fronteiras se expandiram, inclusive as geográficas, depois que o conheci. Sim, aprendi muito e tanto com ele... Vejo hoje o que escrevo e leio com seus olhos o quanto de mel posso ter produzido. Controlo-me e busco sua ironia carregada de riso. Aprendi a descer das nuvens... Leio autores que nunca descobriria, ouço músicas que não conhecia, recebo crônicas inéditas, e melhor, feitas pra mim. Descubro-me nas linhas e entrelinhas. Aprendi a me enxergar... Ganhei um jeito de olhar que é mistura de brilho e opacidade. Depende se ele está longe ou perto. Me fiz riso, gargalho, lágrima e retorno do riso. Aprendi a me deixar levar... Exercito paciência, descubro-me irracional, controlo (tento) meus gritos, aprendo a ceder, domo ansiedades, me bato com saudades. Me faço e refaço diferente a cada dia, vinculada apenas ao amor, elo indizível ao qual me prendo voluntária. Aprendi a entrega... Aprendo-o, aprendo-me e busco incessante a fórmula mágica de Quintana, para parar o tempo "em cima do telhado, feito um catavento que perdeu as asas" e me recolher no calor das dele, que me ensinam amor, sempre e a cada dia mais.

ÀS AVESSAS

Andava insatisfeita com a vida e tudo que dizia respeito a ela já há bastante tempo. Que será que estava acontecendo que tudo que começava, ou ficava por terminar ou apenas se acabava das piores e mais loucas maneiras? Depois de muito pensar, chegou a conclusão de que o problema era ela mesma. Havia nascido com uma pequena falha de fabricação que lhe impedia de concluir satisfatoriamente qualquer tarefa, até as mais cotidianas. Culpou-se, chorou, se desesperou, até o dia em que se apaixonou. Ai foi o completo caos. Se em pequenas e desimportantes coisas já fazia tanta porcaria, imagine no abstrato e intrincado jogo de amar, suscitar e manter amor? Seria a imagem mais nítida e perfeita do fracasso. Mas ele estava ali e não tinha opções mesmo. O jeito era encarar de frente essa "coisa" que se apossa da gente e faz liquidificador das vontades e desejos daqueles que são contaminados pelo danado. Tinha certeza que seriam erros mil; acreditava-os certos e líquidos como suas pernas ao se defrontarem com o objeto do seu desejo. Histórias de contos de fadas? Pura ilusão pra essa desajeitada mulher, que fez dos erros sua principal característica. Mas como tudo ali era diferente, foi exatamente amando que aprendeu que seus erros, longe de a tornarem menor, a haviam enrijecido pras lutas cotidianas e mais condescendente para as falhas alheias, coisa imprescindível em qualquer relação. Errou uma, duas, infinitas vezes... Errou e aprendeu a refazer e refazer-se; aprendeu a perdoar e perdoar-se; a tentar e tentar novamente. Até que um dia fez tudo certinho, é certo que teve ajuda, pois descobriu que nessa vida ninguém erra sozinho. Até pra isso há que se ter companhia. Hoje, quando olha sua vida, sorri serena e é constante ouvi-la contar aos netos, que estão sempre a rodeá-la, suas inúmeras histórias dos tantos erros que cometeu. E como em contos de fadas às avessas, é assim que começa:
- Erra uma vez...

ENTRE AZUIS E LARANJAS, TE VEJO NO CÉU DE MAIO

Imagino que deves estar aí ansioso por esta resposta, mas faltou-me tempo e inspiração pra lhe escrever com o cuidado que mereces. Há tempos não nos falamos, não é? A vida faz com que, por muitas vezes, acabemos nos afastando daqueles a quem queremos tanto bem. Mas me lembro sempre de você, em especial quando a tarde cai e o céu começa a se pincelar de laranja, nestes dias frios que tenho aqui. Se lembra quando íamos de ônibus pra faculdade e adorávamos ficar olhando, naquela curva do Morro da Mangueira, o céu escandalosamente laranja? Você costumava me dizer que sentia-se energizado pela cor e desatava naquele seu riso gostoso; ríamos tanto naqueles tempos... Pois é, agora fica impossível não me lembrar de ti nestas tardes, mas o faço com uma saudade que, longe de doer, me faz sorrir. Todas as vezes que penso em você eu sorrio. Me lembro de você também durante o dia, nestes dias de maio. Engraçada esta ligação que faço entre você e o céu. Novamente é quando olho pra cima que te recordo, quando sentávamos aqui na varanda e olhávamos por horas o azul que só acontece neste mês. Me dizias que era pra você esta cor; presente de aniversário do Criador. Aqui o céu continua lindamente azul, e aí? Ainda sonhas como antes? Fantasiávamos nosso futuro tão cheio de realizações, mesmo sabendo que seria quase impossível realizá-lo daquela forma... Mas era tão bom!!!!! Eu aqui consegui pouco, mas caminhei bastante. E continuo sonhando, sempre... Outro dia ouvi que só sei escrever coisas de amor, que preciso aprender a falar do que não vivi, mas não consigo. Tudo que faço é com o coração. Continuo aquela romântica da qual tantas vezes você riu. Mas sempre desconfiei que você também o fosse, confesse. Continuo, muitas vezes, querendo fazer o tempo voltar; por outras tento analisar o amor, como bichinho de microscópio, mas ultimamente, tenho mesmo é me deixado arrastar por este furacão e nada mais faço que deixar que ele me leve onde achar que devo permanecer. Finalmente sigo um conselho seu... Continuo aqui abrindo meus arquivos de memórias e revivendo tantas coisas boas que já vivi, inclusive contigo. Não foram muitas, mas foram tantas!!!! E, a cada vez que reabro e revivo, rio, choro, deságuo e torno a rir. E sinto sua falta pra recordar e chorar e rir comigo. E me pego aqui olhando o céu, mas agora é noite e as estrelas não me dizem de ti; preciso esperar o dia renascer e com ele as lembranças. Fico esperando então sua resposta, ainda que saiba que nunca receberás a minha, pois onde estás não há correios ou e-mails. Quem sabe o céu azul de amanhã te leve meu recado?

PARTÍCULAS DO OBSCURO

Em marasmos de dias sempre iguais
Encontro-te em espaços atemporais
Mistérios que em mim se fazem constantes
Reflito e me conflito em desejos e não quereres
Não anseio ver-te, mas sonho contatos
As bocas são sempre tão iguais e mornas...
Quero-te distante, mas pretendo seus abraços
Em especial nestes dias de frio e chuva
Por onde andarás neste exato instante em que te penso?
A caminho do trabalho, disso tenho certeza
Mas podes também estar a mastigar a vida destemperada
O telefone não irá tocar, isso é previsão concreta
A campainha portanto não me chamará ao portão
O carro que buzina não me solicita presença
Apenas clama que lhe tirem dali.
Feito eu neste instante.

PRETENSÃO

Ah se eu pudesse...
Se eu pudesse ser...
o dia pra espalhar claridades e clarividências;
a noite pra chover estrelas em céus negros de almas amargas;
o amanhecer pra colorir vidas monocromáticas;
o entardecer pra suavizar em explosão de laranja sentimentos obscuros;
o fogo e queimasse as dores e mágoas;
o vento, mesmo os furacões, e levasse coisas e pessoas a outras coisas e pessoas;
a terra e nela fincasse raízes de amor e enterrasse ódios e amarguras;
a água e lavasse as palavras mal faladas, mal escritas e mal-ditas;
a chuva e transbordasse os rios de afetos e fizesse corredeiras de paixão;
as distâncias e as diminuísse na medida exata da saudade que causam;
a saudade e a substituísse por presença;
a presença e a fizesse constante;
a constancia e nunca a permitisse rotina;
Se eu pudesse o amor...
Ah se eu pudesse!
Passeando pela net, encontrei um blog de alguém que gosta do que escrevo. Acabei redescobrindo escritos antigos que eu não tinha mais. Foi bom reencontrar minhas palavras, assim como é bom saber que alguém teve o cuidado de guardar meus tantos sentimentos naquele espaço.

Passagem

É estranho pensar que somos tão vulneráveis à passagem do tempo, seja aquele contado nos relógios e calendários, seja aquele interno, dentro de cada um.
É ruim pensar que somos apagados pela borracha do tempo nas lembranças e carinhos de outros a quem dedicamos sentimentos e dividimos um pouquinho que seja do que temos de melhor (e do pior também).
Ficamos sentindo que fomos desimportantes o bastante para sermos excluídos da vida daqueles que nos abandonam e, pra ser sincera, abandono dói e incomoda tanto!
É realmente estranha a passagem do tempo, que deixa lembranças, dores, alegrias sempre recordadas e pessoas que, sem nem dizer tchau, desapareceram nas estradas tortas dos tantos caminhos que percorremos.
Mas, dificil mesmo é ficar sempre imaginando se dissemos, fizemos algo para tal "sumiço", ou foi apenas porque fomos desinteressantes o bastante para sermos esquecidos juntamente com o calendário passado do ano que acabou.
?????????????????????

domingo, 16 de dezembro de 2007

É AQUI


Agora sim, é quase férias!
Fico contando os dias para poder, finalmente, arrumar as malas (ainda se usam malas? Eu, infelizmente, convivo com muitas) e partir.
Mas, como todo ser humano, também sou paradoxal e, nem bem partí, já sinto saudades dessa terrinha calma e tranquila por natureza.
Já conheci muitos recantos: cidades pequenas, cidades grandes, inclusive uma imensa metrópole que me amedrontou. Já visitei praias, montanhas, planaltos e planícies. Guardei de cada um, além das tantas fotografias, boas lembranças e impressões, além do desejo de retornar, quem sabe um dia. Entretanto, nenhum desses lugares me fez querer não retornar à minha escondida e distante cidade de Bom Jesus.
Distante? Depende do ponto de vista, ou do ponto da estrada, afinal, como já dizia não me lembro quem, "longe é um lugar que não existe".

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

SOCORRO!


Parem o mundo que eu quero descer!
Chega de andar de carona, prefiro ir a pé!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Natal

Já sinto o clima de natal quando ando pelas ruas da cidade. Adoro aqueles montes de sininhos nas ruas, dos pisca-piscas nas casas quando venho da escola, ruas enfeitadas, músicas natalinas.
Enquanto não chega, me vejo as voltas com meus tantos diários, quase todos preenchidos (ufa!). Depois disso, recuperação para alguns teimosos que insistiram em nada fazer nos 200 dias letivos, conselho de promoção marcado para o dia exato do meu aniversário (sacanagem). Este ano ainda terei de cumprir o tal ritual de formatura, escrever um discurso, colocar essas roupas que me fazem sentir que não sou eu, mas alguém que nunca quis ser, enfim.... Depois disso, mais um ano de trabalho se acaba e férias, sonhadas e merecidas férias...
Praia, passadinha em casa, montanha, passadinha em casa, praia, carnaval, não necessariamente nessa ordem. E lá estou recomeçando tudo outra vez. Mas sobre isso nem quero pensar agora, ainda há muito a fazer antes do natal e da chegada do papai Noel. Quem sabe nesse ano ele se lembre de mim e me mande aquele presente? Na dúvida, vou colocar meu sapatinho na janela, afinal, não tenho lareira pra pendurar uma meia.
E pra garantir um 2008 menos um monte de coisas tristes e mais outro tanto de coisas boas, separo uma roupa branca, quem sabe Iemanjá receba minhas rosas e me agradeça com pequenas surpresas felizes e Deus me sorria e irradie sua luz mais radiante.
Enquanto espero, me revisto de expectativas de que o próximo será um ano a ser lembrado especialmente entre todos os que até agora já vivi.


Feliz Natal (aos homens de boa vontade e aos que não a possuem também)

Froehliche Weihnachten

Shenoraavor Nor Dari yev Pari Gaghand

Zorionstsu Eguberri. Zoriontsu Urte Berri On

Bodo Din Shubh Lamona

Vesele Vanoce

Nedeleg laouen na bloavezh mat

Tchestita Koleda; Tchestito Rojdestvo Hristovo

Nadolig Llawen a Blwyddyn Newydd Dda

Merry Christmas

Nollaig Chridheil agus Bliadhna Mhath Ur

Gajan Kristnaskon

Sretan Bozic or Vesele vianoce

Vesele Bozicne. Screcno Novo Leto

Feliz Navidad!

Roomsaid Joulu Puhi

Cristmas-e-shoma mobarak bashad

Hyvaa joulua

Joyeux Noel

Noflike Krystdagen en in protte Lok en Seine yn it Nije Jier!

Nadolig Llawen

Kala Christouyenna!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Filha do Vento (ou divagações do inconsciente)

Primeiro foi uma vertigem. Rápida, foi-se num átimo de segundo levando-a a pensar que nem existira.
No dia seguinte ficou o suficiente para fazê-la cair. No chão, perguntou-se depois a que viera, indagação sem resposta em meio à multidão que lhe rodeava.
Sucessão de dias cheios de ínfimos tempos de não-ser, não-estar, não saber-se quem, onde ou porque. Pequenos vácuos de memórias povoando sua vida habitada de buracos de inconsciência.
Acostumou-se àqueles pequenos nadas que, se não lhe acrescentava, tampouco lhe tomava. Só se sabia girando rápido para, logo depois, ver-se caminhando serena entre a multidão que, assombrada, lhe via fugir-se e recobrar-se como quem pisca perante a luz.
Não tinha consciência se perdia-se muito ou pouco. O tempo deixara de ter significado maior que dias e noites sucedendo-se em velocidade oscilante, dependendo do sopro inconsciente que fazia o grande cata-vento de seu cérebro girar ou estacar de solavanco quando menos esperava.
Girava, parava, girava e tornava a parar. Até que num dia de forte ventania interna alçou-se pelos céus.
Sua última imagem foram pontos coloridos, piscando distantes entre nuvens brancas de um céu de novembro.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Se tu me esqueces

Quero que saibas uma coisa.
Tu já sabes o que é:
Se olho a lua de cristal, o ramo rubro do lento outono em minha janela, se toco junto ao fogo a implacável cinza ou o enrugado corpo da madeira, tudo me leva a ti, como se tudo o que existe, aromas, luz, metais, fossem pequenos barcos que navegam para estas tuas ilhas que me aguardam.
Pois, ora, se pouco a pouco deixas de me amar, de te amar, pouco a pouco, deixarei.
Se de repente me esqueces, não me procures, já te esqueci também.
Se consideras longe e louco o vento de bandeiras que canta minha vida e te decides a me deixar na margem do coração no qual tenho raízes, pensa que nesse dia a essa hora levantarei os braços e me nascerão raízes procurando outra terra.
Porém, se cada dia, cada hora, sentes que a mim estás destinada com doçura implacável, se cada dia se ergue uma flor a teus lábios me buscando, ai, amor meu, em mim todo esse fogo se repete, em mim nada se apaga nem se esquece, do teu amor, amada, o meu se nutre, e enquanto vivas estará em teus braços e sem sair dos meus.
Neruda
Na falta do que escrever, leio.

domingo, 28 de outubro de 2007

"porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse é o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência."

Caio F., in Vai passar.

Música

Tudo que vai...

Deixa sempre tanto...
Leva sempre demais...

sábado, 27 de outubro de 2007

Para uma noite chuvosa

Há tantas vidas vazias e inúteis, desperdiçadas pelo não agir, não se importar, enfim, não ver além do próprio umbigo. Hoje, assistindo um filme que ganhei há quase 1 mês e que, por trabalhar mais do que devia, ainda não tinha parado pra ver, me emocionei e chorei sozinha, esquentando meus travesseiros já mornos do calor infernal que assola essa terrinha esquecida.
Raríssimos filmes me fazem chorar. Abro aqui duas exceções para Philadelfia e A Casa dos Espíritos, os quais posso assistir mil vezes e mil vezes chorarei feito criança. Eles, os filmes, me doem profundamente. Tanto que permaneço pesada de tristeza horas após tê-los visto. Entretanto, não foi nenhum deles que assisti hoje, mas Batismo de Sangue, adaptado do livro homônimo de Frei Beto.
Sempre me emocionei com a história de Frei Tito, de sua pureza, de sua crença na bondade das pessoas, de sua religiosidade inocente. Gostaria de tê-lo conhecido. Gostaria que ele tivesse resistido, que seu espírito puro não tivesse se contaminado com os demônios torturadores que lhe tiraram a vida bem antes de sua morte.
Gostaria de viver em um país menos ignorante, onde sou obrigada a ouvir que bom era no tempo dos militares. Gostaria que aqueles que ainda defendem tais métodos de governo (e de assassinatos) que levou tantos meninos e meninas a pegarem em armas em busca de liberdade pudessem entender que, por mais que tenham conseguido lucros pessoais neste período (acredito que somente aqueles que obtiveram vantagens pessoais, direta ou indiretamente, defendem um regime de exceção), as tantas mortes de pessoas decentes que hoje poderiam estar fazendo diferença neste país são impagáveis.
Ao mesmo tempo me pergunto: de que valeu tudo aquilo? Temos uma democracia e um país povoado de adolescentes (e até adultos) pequeno-burgueses, alienados, que se preocupam, quando muito, com a etiqueta do jeans ou do tênis. É a geração modinha, uniformizada, que jamais entenderia a rebeldia daquela outra juventude que abria mão da própria vida, crendo que venceriam a ditadura militar, altamente organizada e amparada por padrinhos poderosos.
Queria ter pertencido à geração de Frei Tito. Nasci tarde. Assim, me resta torcer para que esta mancha vergonhosa em nossa história não se repita, pois, se vier a acontecer, penso que caberá a nós, quase velhos, fazermos o papel daqueles jovens.
Teríamos aquela coragem ? Estaríamos dispostos a morrer por este país?
Penso que não. Infelizmente penso que não, pois nçao são muitos os que crêem que seja " preferível morrer a perder a vida".
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Quando secar o rio da minha infância secará toda dor.
Quando os regatos límpidos de meu ser secarem
minh'alma perderá sua força.
Buscarei, então, pastagens distantes
lá onde o ódio não tem teto para repousar.
Ali erguerei uma tenda junto aos bosques.
Todas as tardes me deitarei na relva
e nos dias silenciosos farei minha oração.
Meu eterno canto de amor:
expressão pura de minha mais profunda angústia.
Nos dias primaveris, colherei flores
para meu jardim da saudade.
Assim, exterminarei a lembrança de um passado sombrio.
Frei Tito, 1972

domingo, 21 de outubro de 2007

Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondida e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso : da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
Caio F.
O calor voltou e trouxe consigo milhões de bichinhos de luz.
Parecem gente triste ao redor de quem lhes traga um pouco de alegria.
Como tais, dão pena em quem vê.
Prefiro apagar todas as luzes...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Bailarina


"Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos tombos - embora sempre os tenha evitado.

Aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia. E mesmo assim, ainda insisto".


Caio F., in Morangos Mofados



E porque hoje é sexta-feira,

E porque, finalmente, chove

E porque a vida é boa, apesar

Escuto Elton John (Tiny Dance)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Nostalgia

Engraçado como lembranças de coisas e pessoas que passam ficam tatuadas em lugares estranhos em nossas vidas. De repente estamos arrumando gavetas de armários que mexemos diariamente e lá encontramos retalhos de lembranças displicentemente jogados e nos voltamos a conversas passadas, a lugares quase esquecidos, a pessoas há tanto não vistas.
Arrumando minha bolsa para mais um feriado, me deparei com uma blusa esquecida no cantinho do armário. Adorava usá-la, me fazia lembrar sempre daquele presente luminoso, único, que amei com a mesma intensidade do amor que sentia por quem me presenteava. A cor suave, o brilho discreto, tudo nela era feito pra mim.
Quem sabe o tempo esfrie um pouquinho e eu possa usá-la? Mas, mesmo que o calor perdure nestes dias, levo comigo minha linda, suave e repleta de lembranças blusa. Quem sabe ela me faça retornar a dias tão luminosos quanto aquele em que a recebi.
É só uma blusa, assim como o elefantinho de madeira com o qual marco meus livros, mas tão repletos de cheiros imaginados, de momentos vividos e tão vívidos na memória que, ao simples toque, me fazem desejar poderes de congelar o tempo e o espaço em busca de toques, sentires e alegrias quase esquecidas, mas que ainda persistem em se manter guardadas, esperando apenas um toque descuidado para renascerem com a mesma força com que foram sentidas nestes tantos períodos de vida que, por mais ilusórios que hoje possam parecer, foram reais e intensos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sexta-Feira

A semana finalmente terminou. Mostrou-se longa demais, ao contrário de tantas outras que parecem correr com a mesma pressa que tenho de vê-las passarem.
Hoje, sexta-feira, quando a maioria do mundo está, a esta hora, se preparando para os tantos programas esperados desde o fim de semana anterior, aqui estou, em minha caverna, ermitã que sou, ouvindo velhas músicas e tentando resgatar um pouquinho que seja da que um dia fui. Chego a pensar que, com exceção da superfície, gasta pelo tempo, mantenho muito de muitos anos atrás. Ainda sonho sonhos românticos, choro e me emociono com cenas há tanto vividas e outras que espero viver, enfim, não perdi em definitivo minha herança de emoções, apesar das tantas tentativas em ser mais racional.
Quando só, envolta nas lembranças, embalada por músicas que fizeram com que eu chorasse ou risse em outros tempos, ainda me embriago nas emoções e esqueço que a razão é importante, na verdade essencial para a sobrevida do espírito.
Amanhã me recomponho, busco a racionalidade e volto a ser normal. Hoje me deixo voltar a ser passional e me permito sonhar impossíveis, na certeza de que, ao menos nos sonhos, não se fere ou se é ferido.
Me envolvo e me deixo envolver com venenos que, sei, seriam mortais, apesar de eternamente doces.
Que todo o resto fique para amanhã...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007


Quando dançarmos, os anjos fugirão e esconderão suas asas!
(When we dance - Sting)

Inverno

Ontem o tempo mudou e o inverno parece ter se arrependido de ir embora, talvez tenha voltado para se despedir. O certo é que o frio está de volta e, com ele, os casacos, edredons e aquelas noites de sono gostoso, sem ruídos de aparelhos que me façam sentir que a temperatura é suportável.
Gosto de dias frios, quando o perfume permanece mais tempo na pele, ficamos mais elegantes e sem aquele aspecto de ter corrido uma maratona, entretanto, as noites frias não me agradam além do fato de me permitirem dormir melhor.
Noites frias, para mim, são sinônimo de solidão. Faltam braços, abraços, quentura, enfim. O frio parece nos mostrar o quanto somos sós e vulneráveis à solidão; o quanto somos pequenos quando sozinhos.
Tosei meu cãozinho, não sabia do frio que chegaria. Ele também ressente-se e quer aconchego. Agora dorme em meu colo enquanto tento escrever. Quem sabe a friagem tenha invadido também a sua alma e, como eu, quer apenas sentir-se par, que possui alguém que lhe aquecerá o corpo e o espírito. Penso então que o frio faz mal ao cérebro e deixa-nos fantasiosos demais.
Hoje alguém disse que faço falta quando distante. Nenhum diálogo romântico, colegas de trabalho, quisera fosse alguém me ansiando, descontente também com o frio solitário, descobrindo calor ao meu redor, em mim...
Somos mesmo muito frágeis, por mais que tentemos manter nossas máscaras de coragem e independência. Será o frio quem as tira e nos deixa nus diante de nós mesmos, despreparados para perceber que nossa força é um engodo, nossa coragem é uma balela e nossa auto-suficiência a maior mentira que insistimos em nos dizer a cada dia quando, diante do espelho, nos dizemos que nos bastamos e não queremos ou precisamos de alguém que nos diga o quanto somos importantes e amados.
Decididamente, acho que não gosto do frio; ele me mostra alguém que não quero ou que já me esqueci como ser. Quem sabe amanhã ele se vá...
"amanhã ou depois, tanto faz se depois for nunca mais..."

domingo, 23 de setembro de 2007

Eu nunca me senti assim

Hoje é o primeiro domingo de primavera, apesar de parecer verão. Tenho muito a fazer, mas confesso que não ando lá com muita vontade de me mexer. Já li o jornal (violência, violência e conxavos políticos, isso deveria ser proibido aos domingos) e meus e-mails (tantas coisas repassadas, que já recebi vezes sem fim) e agora parei para ouvir um cd de um filme. Quando assisto filmes gosto de perceber se, além de boa história, há um bom gosto musical.
A Casa do Lago é uma historinha interessante, meio fantástica (assim como a vida) e que tem uma música linda do Paul (o McCartney).
Eu nunca me senti assim, ele canta. Eu também nunca me senti assim tantas vezes. Algumas dores, outras alegrias, umas paixões, um amor...
Quantas vezes será que dizemos (ou pensamos): eu nunca me senti assim!
Quantas ainda diremos (ou pensaremos)...
Queria mesmo era uma experiência feito a do filme (será?), atípica, incomum, que fosse realmente algo novo e que me fizesse ter certeza de nunca ter me sentido daquela forma, quem sabe me fizesse querer nunca mais me sentir de outra forma...
Quisera viver as cores de Hollywood, ainda que apenas durante este domingo silencioso e comum, mesmo sendo o primeiro da primavera.
This Never Happened Before - Paul McCartney

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

MÚSICA 3

Há muito tempo atrás, quando ainda ouvia rádio uol, encontrei um cd que me seduziu do início ao fim. A banda era REM, de quem já conhecia algumas coisas e o cd era Automatic for the People. No dia seguinte fui à única loja de minha cidade e comprei. Logo de cara, me apaixonei por Man on the moon, que ouvi infinitas vezes.
Outro dia, lendo um livro sobre Curt Cobain, me deparei com esta música, que ele ouviu diversas vezes antes de dar cabo da própria vida. Descobri também que ela foi feita para um filme do mesmo nome, sobre um comediante americano, Andy Kaufman.
As duas situações são tristes e fico imaginando o poder que a música tem em cada um que a ouve. Em mim, longe de pensamentos suicidas ou vidas desperdiçadas, esta música me transmite energias positivas, me deixa leve, com vontade de dançar, e é por este motivo que ela entra neste espaço.

domingo, 2 de setembro de 2007

Música, remédio da alma - 2

Beach Boys
I can hear music

Também uma música que me faz viajar...

sábado, 1 de setembro de 2007

Família, família...



Envelheço.
Ao encontrar esta fotografia, percebo quão inexorável é o tempo. Parece que foi ontem que foi tirada por um fotógrafo amigo da família, de nome Gustavo (será que ainda vive? creio que não), que vezenquando aparecia em nossa casa munido de sua máquina fotográfica e se deliciava tirando fotos de toda a família.
Não sei porque, mas não gostava dele, coisa de criança, penso eu. Na verdade, ele implicava com o cordão que carregava minha inseparável chupeta. Meu ritual de dormir era enrolar este cordão ao redor do nariz até não me lembrar de mais nada. Meu irmão também implicava, mas dele é impossível não gostar. Até hoje, quando juntos, ele faz questão de me lembrar do dia em que nasci, do quanto chovia forte e de como foi impossível buscar um médico, pois as estradas estavam intrasitáveis, com uma ponte caída no meio. O resultado disso foi meu parto sendo feito pelo farmacêutico do lugar, escolhido depois para meu padrinho, talvez por ter conseguido me trazer ao mundo, torta mas viva.
Sou a mais nova de 3 irmãs nascidas do terceiro casamento de meu pai. Além delas, tenho mais 14 irmãos, resultado dos casamentos anteriores. Meu pai gostava de se casar, penso eu, mas gostava também de ser pai. Somos uma grande e unida família, com as alegrias e dores de qualquer outra, o que se deve ao patriarcalismo do velho Christovão, espanhol de sangue e de coração, que nos deixou sua honradez e educação como herança maior.
Mas eu dizia que envelheço. Nesta foto eu tinha menos de 2 anos, ou seja, foi tirada a pouco mais de 40 e ainda parece que foi ontem. As perninhas tortas são visíveis (foram corrigidas com dolorosas e pesadas botas), a cabeça também é torta, mas até hoje não se percebe bem, além de, pelo menos internamente, nunca ter sido desentortada.
Acho que não disse, mas sou a que está com a indefectível chupeta.
Vivíamos em uma chácara, com espaços imensos para brincar e nos machucar, mas eu era quietinha, ao contrário de minha irmã do meio, que era o desassossego em pessoa (na foto parece uma ladie, puro engano). Todas as manhãs, quando o caseiro do sítio de meu pai vinha trazer o leite, eu ia passear, montada na velha e mansa égua Violeta. Mal chegava e já pedia pra voltar, gostava mesmo era do passeio.
Levei corrida de touros, de bezerros, tomei banho de valão (assim chamávamos os riachos que cortavam as propriedades), corria descalça pelas ruas e quintal. Até que acabou. Mudamos para a cidade (pequena, mas cidade), onde vivo até hoje.
Nunca mais quis voltar ao lugar onde nasci, não gosto de lá, apesar de amar as boas lembranças daqueles tempos. Hoje gosto de grandes cidades, do anonimato que elas proporcionam e me arrepio ao pensar nas conversas de calçada, nas pessoas que iam À minha casa para assistir TV, em um tempo que poucos a possuíam. Será que minha mãe se incomodava com aquelas invasões diárias? Talvez até gostasse...
Acho que a passagem desses quase 40 anos me deixaram menos sociável, menos interessada na maioria da população deste planeta. Quanto mais envelheço, menos quero pessoas à minha volta, com exceção destas duas irmãs, que estão sempre ao meu lado, moram ao lado, na verdade. Dividem mais suas vidas comigo do que eu com elas; escuto-as mais do que falo; aconselho mais do que sou aconselhada, apesar de ser a mais nova das três, o que me leva à constatação de que envelheço.
O fato de estar envelhecendo não me desagrada, gosto do que me tornei, apesar de lamentar o aprendizado de coisas tão essenciais somente após tanto tempo. Resta a certeza de que melhor aprender no fim do que em momento algum.

Música, remédio para a alma

Aprendi hoje, bisbilhotando site alheio, que pode-se colocar uma música para tocar aqui. Desta forma, vou começar com esta que adoro muito.
Tomara que dê certo.

George Harrison - Gime Me Love

domingo, 26 de agosto de 2007

Algumas manias....


1. Sonhar antes de dormir.
2. Começar as frases com “não”, mesmo quando estou concordando com o interlocutor. (Não, eu acho que você tem razão).
3. Olhar por cima dos óculos, mesmo sabendo que nada irei enxergar fora do campo das lentes.
4. Escutar uma música diversas vezes, depois fazer a mesma coisa com outra.
5. Comprar vários perfumes e usar apenas um.
6. Dormir com a cama cheia de travesseiros.
7. Manter o controle remoto da tv no canto da cama, ainda que nunca a ligue no meio da noite.
8. Ficar longo tempo parada pensando em coisas ou pessoas.
9. Colocar o celular pra despertar bem mais cedo e apertar a soneca umas 4 ou 5 vezes antes de me levantar.
10. Ter longos monólogos com meu cachorrinho.

Claro que devo ter mais algumas milhares de manias, mas quem não tem? O inocente atire a primeira pedra.

sábado, 25 de agosto de 2007

Meu Frederico...

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Como este é um espaço onde guardo parte dos meus sentimentos, cabe aqui meu companheirinho constante.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

ENERGIA VITAL

Você é meu fogo, que me ferve o sangue de paixão, algumas vezes de dor, e que me faz a adrenalina subir sempre e mais. Descida de montanha-russa ou qualquer outro desses esportes que viciam pelo tanto de emoção que despertam, assim é você.
Me queimo em ti, torno-me brasa incandescente em suas mãos. Me queimo, será que te queimo ?
Você é meu ar, aquele que me abraça em caricias quando tudo é só calor e, feito folha desgarrada, me deixo levar por ti para territórios desconhecidos, mas que se mostram paraísos pela tua presença.
Me abasteço de você, sou nada quando não é em minha direção que sopra. E, basta que se volte a mim, para que eu seja tudo, seja mulher enfim.
Você é minha terra, aquela que me ampara e recebe em momentos de alegria ou dor e, quando sente que fujo, me puxa de volta em doce abraço e calor.
Me faz semente fértil em seu chão, que me recebe e recobre em caricias onde torno-me raiz, eternamente emaranhada em seu solo. Me aquece, será que te sufoco ?
Você é minha água, aquela na qual mergulho meus sonhos e desejos, até os que ainda nem descobri ter. Feito corredeira, me toma inteira e eu, sem resistir, deixo que me lave, que me leve.
Em seus vais e vens de mar, sou areia que se deixa lamber e perco-me em mil partículas de luz e prazer. Me mata a sede, me molha o corpo e a alma e me derrete a cada passagem.
Elementos opostos, apostos, que te reúnem, te definem e me fazem eterna amante das energias que me envias.

MEUS PECADOS CAPITAIS

Desde que te conheci ando cometendo mais e mais pecados...

Me enxergo em seus olhos e me vejo bela, sedutora. Deixo que uma sensualidade que só você enxerga se aposse de mim. Soberba, creio-me a mais adorada e desejada; a que possui tudo daquele por quem é amada...

Quando me tocas sou animal que se guia por cheiros, toques e delírios. Mulher passional, dominada pela luxúria e prazer, viva e revivida por suas mãos, que conhecem de cor minha geografia; perco-me desvendando a sua.

Preguiçosa, permito que meu corpo se aquiete ao lado do seu quando, cansados por percorremos tantas trilhas, reais ou imaginárias, em busca do gozo que nos transporta a dimensões desconhecidas.

Guardo cada toque, palavra ou beijo. Segredos que confessamos sem medos ou pudores. Não os divido com ninguém; escondo-os feito doces que não quero repartir. São apenas nossos e, avarenta, oculto-os do resto do mundo.

Em nossas desmedidas e dolorosas partidas, quando a razão perde espaço à emoção, domina-me uma imensa ira ante a impotência da possibilidade de perceber-me sem ti.

Cada ausência é suplicio. Tenho fome inesgotável de tua presença aqui, cada vez mais perto. E, quando juntos, quanto mais me abasteço, maior a gula, maior a vontade de estar mais e mais... Fome constante e nunca saciada.

Tenho inveja, confesso que tenho, do lençol que te aninha todas as noites, da roupa que te cobre o corpo tão meu, do cãozinho que recebe seus carinhos diários, enfim, de tudo que te rodeia enquanto eu, te amando tanto, tenho que estar tão longe.

Me fizeste transgressora que quer continuar a cometer estes pecados pelo tempo que a existência permitir, pois me alimento deles e é através de cada um que torno-me mais e mais a mulher que nem imaginava ser.

Doces pecados, que eu viva muito para cometê-los...

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

DANÇA DOS ELEMENTOS

Estradas desconhecidas percorro sem conseguir orientar-me. Apenas sigo rumo ao horizonte que descortina-se à minha frente.
Não imagino o que posso encontrar na linha de chegada; nem sei se esta linha existe ou se a alcançarei. Apenas sigo. Fiz da caminhada minha razão de viver; meu objetivo maior.
O desconhecido não me amedronta. Caminho confiante, pois vejo que há alguém do outro lado a me esperar. Alguém que me anseia na mesma medida da minha própria ansiedade.
Alguém que se impacienta quando não chego ou se me demoro.
Alguém que se descontrola se crê que não chegarei.
Este alguém é feito nas minhas medidas.
É furacão, vulcão, tempestade de verão.
Amor incontrolável... Que ama sem limites, barreiras ou censuras...
Sentimento grande e forte demais para este mundo de superficialidades.
E ainda assim eu amo. E continuarei sentindo enquanto caminho...
Criarei raios pelos céus... Clamarei incessantemente que as águas se encrespem...
Bradarei aos ventos que se apressem e formem imensos furacões...
E, quando já nada se enxergar além desta união de sentires descontrolados, me verão no centro de todos eles... Serei eles...
Transmutação inexplicável de fogo, ar, água e terra.
A terra, que sou em momentos de lucidez e sensatez.
O ar, leve e rarefeito, suave e refrescante como o amor que me guia.
A água, elemento mágico e vital em minha vida, flui e renova dores e amores.
E o fogo, que incendeia e queima ardentemente quando meu corpo toca e sente o seu.
E somos então seres mágicos que reconstroem o universo.
Criamos estrelas e luas a cada amanhecer para iluminar nossos caminhos.
Libertamos raios de sol a cada anoitecer para aquecer as frias noites.
Conjugamos os elementos vitais de que somos formados.
Você, Terra sólida, segura meus sonhos e os mantém contigo.
Eu, Água fluídica. percorro seu território e nele me perco.
E já não somos dois, somos barro que dá vida ao Homem. Conjunção perfeita dos elementos primordiais.
Você, Ar que transporta meus sonhos e os transforma em realidade.
Eu, Fogo incontrolável, Lume ardente que aumenta ao encontrá-lo.
Ar que reaviva incessantemente esta chama eterna. Fogo alimentado...
E o que seriamos sós? Elemento singular, sem força ou energia.
Elementos inúteis e sem razão de existência.
Terra árida.
Água parada.
Ar saturado.
Fogo extinto...
Cinzas mortas.
Vidas estagnadas.
Caminhos fechados.
Então que venha a impaciência, a ansiedade.
Que sejamos sempre incontroláveis ao amar.
É do seu descontrole que vem sua força.
É na sua ansiedade que buscamos o outro.
É na sua loucura que alcançamos a eternidade.