sexta-feira, 12 de junho de 2009

Coisa do amor...



Já faz tempo, muito tempo, que perdi uma parte de mim. Nunca tentei buscá-la, recuperá-la. Jamais pensei que esse tanto que me foi levado me fazia falta, pelo contrário, perdê-lo me deixou maior, mais completa e plena.
Já faz tempo, parece uma vida inteira, perdi parte de mim. Essa parte, longe de me preencher, me fazia incompleta, solitária.
Já faz tempo, nem sei precisar que tempo, deixei que uma imensa parte de mim se perdesse em alguém. E como esse tempo de eternidade tem me feito melhor!
Nunca mais, com exceção de uns poucos dias de tempo fechado, acordei sem dirigir meu primeiro pensamento a essa pessoa tão especial que Deus, cuidadosamente, colocou no meu caminho, na minha vida e no meu coração.
Nunca mais me senti barco à deriva, sem porto a alcançar, sem a certeza de proteção e aconchego. Nunca mais só, sem frios na barriga de expectativa de chegadas e esperas, mesmo que sempre sofrendo a dor da despedida, para, logo em seguida, recomeçar a contagem de novas chegadas.
A incoerência do tempo me consome e se, por vezes, parece que já faz um tempo imensurável, em outros parece tão pouco, com tanto ainda a se viver...
A sede de querer sempre um pouco mais, de ser sempre tão pouco, por mais que o tenha, faz tudo parecer tão recente, tão novo.
Faz tão pouco tempo! Tenho ainda muita fome desse amor, quanto mais o tenho mais o quero. Ainda me descubro e desvendo seus encantos diariamente e, quanto mais ele se expõe, mais me entrego, mais me encanto.
Assim, diante desse paradoxo, apenas sei que já faz tempo, um tempo precioso e longo que tenho sido imensamente feliz.
Lucia, em um solitário dia dos namorados

Um comentário:

Anônimo disse...

Após a leitura desse texto (muito bom por sinal), me senti assim também, solitário no dia dos namorados, mas será preciso marcar data de sentir solidões, não, penso que não, solidões nos perseguem mesmo sem estojos da Boticário na vitrine, solidão é, ajude Djavan, morrer de sede em frente ao mar.