Engraçado como lembranças de coisas e pessoas que passam ficam tatuadas em lugares estranhos em nossas vidas. De repente estamos arrumando gavetas de armários que mexemos diariamente e lá encontramos retalhos de lembranças displicentemente jogados e nos voltamos a conversas passadas, a lugares quase esquecidos, a pessoas há tanto não vistas.
Arrumando minha bolsa para mais um feriado, me deparei com uma blusa esquecida no cantinho do armário. Adorava usá-la, me fazia lembrar sempre daquele presente luminoso, único, que amei com a mesma intensidade do amor que sentia por quem me presenteava. A cor suave, o brilho discreto, tudo nela era feito pra mim.
Quem sabe o tempo esfrie um pouquinho e eu possa usá-la? Mas, mesmo que o calor perdure nestes dias, levo comigo minha linda, suave e repleta de lembranças blusa. Quem sabe ela me faça retornar a dias tão luminosos quanto aquele em que a recebi.
É só uma blusa, assim como o elefantinho de madeira com o qual marco meus livros, mas tão repletos de cheiros imaginados, de momentos vividos e tão vívidos na memória que, ao simples toque, me fazem desejar poderes de congelar o tempo e o espaço em busca de toques, sentires e alegrias quase esquecidas, mas que ainda persistem em se manter guardadas, esperando apenas um toque descuidado para renascerem com a mesma força com que foram sentidas nestes tantos períodos de vida que, por mais ilusórios que hoje possam parecer, foram reais e intensos.
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