quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Filha do Vento (ou divagações do inconsciente)

Primeiro foi uma vertigem. Rápida, foi-se num átimo de segundo levando-a a pensar que nem existira.
No dia seguinte ficou o suficiente para fazê-la cair. No chão, perguntou-se depois a que viera, indagação sem resposta em meio à multidão que lhe rodeava.
Sucessão de dias cheios de ínfimos tempos de não-ser, não-estar, não saber-se quem, onde ou porque. Pequenos vácuos de memórias povoando sua vida habitada de buracos de inconsciência.
Acostumou-se àqueles pequenos nadas que, se não lhe acrescentava, tampouco lhe tomava. Só se sabia girando rápido para, logo depois, ver-se caminhando serena entre a multidão que, assombrada, lhe via fugir-se e recobrar-se como quem pisca perante a luz.
Não tinha consciência se perdia-se muito ou pouco. O tempo deixara de ter significado maior que dias e noites sucedendo-se em velocidade oscilante, dependendo do sopro inconsciente que fazia o grande cata-vento de seu cérebro girar ou estacar de solavanco quando menos esperava.
Girava, parava, girava e tornava a parar. Até que num dia de forte ventania interna alçou-se pelos céus.
Sua última imagem foram pontos coloridos, piscando distantes entre nuvens brancas de um céu de novembro.

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