sexta-feira, 12 de junho de 2009

Coisa do amor...



Já faz tempo, muito tempo, que perdi uma parte de mim. Nunca tentei buscá-la, recuperá-la. Jamais pensei que esse tanto que me foi levado me fazia falta, pelo contrário, perdê-lo me deixou maior, mais completa e plena.
Já faz tempo, parece uma vida inteira, perdi parte de mim. Essa parte, longe de me preencher, me fazia incompleta, solitária.
Já faz tempo, nem sei precisar que tempo, deixei que uma imensa parte de mim se perdesse em alguém. E como esse tempo de eternidade tem me feito melhor!
Nunca mais, com exceção de uns poucos dias de tempo fechado, acordei sem dirigir meu primeiro pensamento a essa pessoa tão especial que Deus, cuidadosamente, colocou no meu caminho, na minha vida e no meu coração.
Nunca mais me senti barco à deriva, sem porto a alcançar, sem a certeza de proteção e aconchego. Nunca mais só, sem frios na barriga de expectativa de chegadas e esperas, mesmo que sempre sofrendo a dor da despedida, para, logo em seguida, recomeçar a contagem de novas chegadas.
A incoerência do tempo me consome e se, por vezes, parece que já faz um tempo imensurável, em outros parece tão pouco, com tanto ainda a se viver...
A sede de querer sempre um pouco mais, de ser sempre tão pouco, por mais que o tenha, faz tudo parecer tão recente, tão novo.
Faz tão pouco tempo! Tenho ainda muita fome desse amor, quanto mais o tenho mais o quero. Ainda me descubro e desvendo seus encantos diariamente e, quanto mais ele se expõe, mais me entrego, mais me encanto.
Assim, diante desse paradoxo, apenas sei que já faz tempo, um tempo precioso e longo que tenho sido imensamente feliz.
Lucia, em um solitário dia dos namorados

domingo, 7 de junho de 2009


Gente é bicho de luz, mas quem pode culpá-los?

domingo, 31 de maio de 2009

Confusão

São tantas as estradas a seguir que me perco em suas curvas e entroncamentos...
Ora ensolarada, ora cheia de neblina que me engole e cega diante de fatos tão visiveis, quase palpáveis.
Quem sabe ali, na próxima curva, estejam as tantas respostas que busco.
Hoje é dia de confusão de pensamentos, muitos que nem são meus, mas que me entontecem e fazem com que eu busque respostas para perguntas que não formulei. Mesmo assim sei, conheço as respostas, apenas prefiro ignorá-las, mas apenas por enquanto. Daqui a pouco terei que dizê-las em voz alta e, a partir de então, essa estrada seguirá por um destino certo e claro, mesmo que tortuoso e cheio de desníveis...
Lucia, confusa diante de verdades inconvenientes

domingo, 24 de maio de 2009

Por um lindésimo de segundo...


Tudo em mim
anda a mil
tudo assim
tudo por um fio
tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu

tudo em minha volta
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas

Paulo Leminski

As vezes, é melhor deixar que alguém defina como nos sentimos. É o que faço hoje.

sábado, 23 de maio de 2009

CONFLITO


O mundo é tão cheio de gente, que a sensação de pequenez (será que posso usar essa palavra sem causar revoltas?) é inevitável quando paramos pra pensar um pouco mais detidamente sobre nós mesmos. Ao mesmo tempo em que somos o universo completo de uns, nada significamos pra tantos milhões, que passaram ou passarão por esta vida sem nunca imaginar que existimos, sofremos ou comemoramos estas pequenas vitórias cotidianas e que fazem tanta diferença.
Fico imaginando os trilhões de pensamentos que povoam as mentes destas tantas vidas. Ainda bem que são silenciosos, do contrário, quanto barulho e desordem... Os meus, neste momento tão desordenados, em conflito com o coração, acabariam por confundir quem os ouvisse.
Penso que deveríamos ter em sintonia alma e coração, razão e sentimentos, assim não teríamos tantos embates com nós mesmos, buscando resolver aquilo que nos aflige sem que um dos dois se ferisse, mas, em geral, quando acalentamos nosso coração acabamos por receber acusações diretas da nossa razão, nos avisando o quanto somos levianos conosco, aceitando (ou relevando) coisas importantes e vitais.
Queria mais racionalidade, mas não me quero fria, perdendo essa passionalidade que tem me levado a momentos que nenhuma razão poderia. Equilíbrio, deve ser esta a palavra-chave, vai saber... Enquanto não o aprendo, fico neste conflito, em busca de decisões que não serão resultado apenas da minha razão, tampouco da paixão...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Felicidade...


No fundo, ou no raso mesmo, o que queremos é ser felizes.

Quando me refiro a felicidade, que ninguém imagine aqueles contos de fadas, cheios de detalhes perfeitos, onde nem o vento despenteia meus cabelos, ultimamente tão rebeldes. Falo daquela felicidade comum, possível a todos os meros e simples mortais como eu.

Quando penso em felicidade, penso carinhos inesperados; em um sorriso aberto de alguém que se alegra ao me ver; em um pouco menos de aridez por parte das pessoas, ultimamente tão vaidosas e que nos medem com seus próprios esquadros.

A idade vem me deixando sensível (ainda mais) às sutilezas da vida. Venho interrogando o ser humano, em busca de um pouco de compreensão do tamanho dos egos e vaidades. Isso não traz felicidade, nem de conto de fadas nem dessa a que me refiro.

Tenho envelhecido e, por mais que isso possa parecer absurdo, a juventude vem ficando cada vez mais nítida na minha enevoada memória. Aquela ali era eu e, fora a alegria constante, mas superficial, nada invejo daquela que fui.

Aprendi um tanto de coisas, desaprendi outro tanto e o que restou (ou se acumulou) me fez perceber que a felicidade acontece todos os dias, sem grandes convulsões ou luzes multicoloridas.

Plagiando uma mente brilhante (uma pessoa, não o filme), felicidade é a soma de todos os "pequenos nadas" que surgem em nossos dias e que lhes dão cor e brilho. Nada de espetacular, coisas simples, mas que, com o passar dos anos, preenchem nossa memória de recordações e provocam sorrisos cheios de saudade.

No fundo ou no raso, a gente quer é ser feliz. Falta agora saber perceber que ela está bem aqui, à espreita, esperando apenas que tenhamos sensibilidade para notá-la agarradinha a nós o tempo todo, a vida toda...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

AVE CORAÇÃO

Sexta-feira, mais uma que chega e vem tão rápida que fico buscando o que fiz na semana que se passou. Trabalhei, trabalhei e sequer percebi que ainda estou aqui. Hoje não tive o que fazer com minhas horas, me perdi em pensamentos e busquei ocupação. Esqueci-me como é apenas ficar à toa. Agora me decidi, já ao fim do dia, buscar lembranças de tempos bons. Ouvi de alguém que não se lembrava do que fazia aos 15 anos, aí fui buscar minhas lembranças da época.
Recordei dessa música que cantarolava, aliás eu cantarolava o disco todo, mas esta era um tanto a mais. Quem sabe eu ainda esteja à procura da estação em que vivo, mesmo depois de passados quase trinta anos. No fundo, nossos sonhos e desejos permanecem em nossa alma ainda adolescente.
Acho que hoje, especificamente hoje, eu queria muito a companhia de outros braços...

Ave Coração

Fagner

Composição: Clodê & Zeca Bahia


Eu sei que existe por ai uma andorinha solta

Procurando um verão que se perdeu no tempo

Cansou de ser herói do espaço

E quer a companhia de outros pássaros

É que seu coração de ave, não agüenta tanta solidão


Eu sei que eu ando por ai, sou andorinha solta

E nem sei a estação em que estou vivendo

Não quero ser herói de nada

Só quero a companhia de outros braços

É que meu coração de homem, voa alto como um pássaro

domingo, 26 de abril de 2009

VINGANÇA


Da janela do apartamento, último andar de um prédio de 10, observei a luz do sol cair e as primeiras luzes iluminarem a cidade. Não sei quanto tempo permaneci ali, naquela posição incômoda, curvada, com a cabeça apoiada na grade cheia de arabescos.
A chuva começou a cair, me fazendo lembrar do noticiário que a previra e ao qual não dei ouvidos, pois o sol forte parecia desmentir qualquer previsão contrária a uma noite estrelada. Mas ela caiu e começou a embaçar as tantas luzes que eu gostava de olhar. Era hora de ir...
Os carros passavam apressados, me respingavam a lama escura dos cantos da rua, enquanto eu esperava o ônibus. Não tinha dinheiro para um táxi, mas também não tinha pressa alguma em chegar.
Pela janela do ônibus, observava as pessoas apressadas e seus multicoloridos guarda-chuvas que pareciam formar um túnel pelas calçadas. Me lembrei das tantas vezes que passei por ali, em outras situações, em outras vidas, parecia agora.
Desci no ponto final e o motorista me olhou como se se indagasse do porquê de eu não estar correndo como todos os outros. Eu seguia calma, como se não sentisse a água me encharcar completamente. Caminhava decidida pela rua estreita, até o último prédio pouco iluminado e sombrio.
Me detive na calçada em frente, olhando a janela iluminada e esperando talvez algum convite para subir, mas ninguém me sabia ali, portanto esperando o impossível.
Conhecia cada palmo daquele apartamento; vivera anos de riso fácil e paixão fulminante entre aquelas tantas paredes. Sabia cada degrau, cada arranhado na pintura, cada pingo que a torneira nunca arrumada dava por hora. Nos meus últimos dias ali, insone, me distraia contando-os pela noite adentro.
Queria fumar, mas os cigarros tinham virado lama no bolso do casaco. Masquei um chiclete encontrado entre as moedas, as únicas que me sobraram depois de meses de inatividade, entregue a fazer nada todo o tempo, imaginando como seria este encontro.
Acho que fiquei horas ali parada, olhando a janela, quando decididamente me preparei para atravessar a rua e apertar o interfone. Estava preparada agora para que ele me visse. Me sentia feia ainda, envelhecera dez anos nestes meses, não me cuidara. As unhas estavam escuras e quebradas, os dedos amarelados pelos milhares de cigarros que se queimaram entre eles, sem que os levasse aos lábios; os cabelos embranqueceram sem que eu me preocupasse em retocar a tintura. Eu me esquecera completamente, dedicando-me unicamente a este dia. Era agora...
Caminhei os poucos metros e, segura, apertei o interfone. Uma voz desconhecida me avisou que ele havia se mudado há 20 dias e não, ela não sabia pra onde havia ido, não deixara endereço.
Fiz o caminho de volta sob a chuva forte pensando que os meses debruçada naquela janela arquitetando minha vingança haviam sido inúteis, mas longe de me sentir frustrada, estava sim aliviada. O pesadelo se findara...
Na tarde seguinte, da janela do apartamento, último andar de um prédio de 10, debruçou-se uma outra mulher; a do dia anterior se fora na enxurrada da chuva...

Lucia Padilha, em um dia qualquer, de uma outra vida qualquer

sábado, 25 de abril de 2009

Pensares

Em luta, meu ser se parte em dois. Um que foge, outro que aceita. O que aceita diz: não. Eu não quero pensar no que virá: quero pensar no que é. Agora. No que está sendo. Pensar no que ainda não veio é fugir, buscar apoio em coisas externas a mim, de cuja consistência não posso duvidar porque não a conheço. Pensar no que está sendo, ou antes, não, não pensar, mas enfrentar e penetrar no que está sendo é coragem. Pensar é ainda fuga: aprender subjetivamente a realidade de maneira a não assustar. Entrar nela significa viver...



Me ajuda que hoje eu tenho certeza absoluta que já fui Pessoa ou Virginia Woolf em outras vidas, e filósofo em tupi-guarani, enganado pelos búzios, pelas cartas, pelos astros, pelas fadas. Me puxa para fora deste túnel, me mostra o caminho para baixo da quaresmeira em flor que eu quero encontrar em seu tronco o lótus de mil pétalas do topo da minha cabeça tonta para sair de mim e respirar aliviado e por um instante não ser mais eu, que hoje não me suporto nem me perdôo de ser como sou sem solução.

CAIO F.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Divagando...

Há dias em que, como hoje, nada tenho a dizer, ainda que meus pensamentos fervilhem em convulsão desesperada para se ordenarem em linhas bem escritas, formando algo concreto e, quem sabe, mais lúcido.
Enquanto apenas pensamentos, são desordenados, inseguros e trêmulos fios de raciocínio que nunca se completam e desejam, na clareza do papel ou tela, se definirem e se explicarem. Mas daqui nada surge, nada se revela.
Me lembro de alguém dizendo que sou filha de Nanã, daí minha paixão pelo lilás e mania de viver chorando, mas que sou também filha de uma divindade da justiça; o nome sumiu da memória e, por mais que tente, não lembro. Mas o que isso tem a ver com o que escrevo? Não estou de lilás, não choro neste momento; talvez eu anseie por justiça.
Me forço a parar neste parágrafo, afinal nada disse que consiga me explicar o motivo da inquietação, e agora, no momento em que escrevo, me descubro apenas carente de algo que ainda não sei o que...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Retornando...

Andei realmente sumida deste espaço. Ao abri-lo hoje, percebo que minha última postagem foi em dezembro, dia do meu aniversário. A tanquilidade das merecidas férias, viagem, retorno, outras idas e vindas, enfim, janeiro passou, fevereiro trouxe o retorno ao trabalho, com novos projetos, que acabaram por tomar completamente meu tempo e meu cérebro. As divagações, momentâneamente esquecidas de serem postadas, ficaram apenas no terreno mental, sem tempo para serem despejadas aqui.
Não me incomodo, pois sei que este espaço é quase privado, poucos conhecem ou frequentam-no, assim, sinto-me mais à vontade de trancá-lo por períodos longos e retomá-lo quando me bate a saudade.
E por falar em saudade, ando saudosa e melancólica nestes dias de feriado. Ainda não sei do que ou de quem, mas sei que ela está lá, quietinha, à espera de se mostrar e dizer seu motivo. Quando aparecer, conto quem ou o que tem me deixado assim.
Tenho trabalhado muito, amado muito, dormido muito. No fim, tenho vivdo e isso já é uma grande vitória...