Era quase dia de ir embora e ele decidiu esticar a noite, talvez na esperança de fazê-la eterna, quem sabe tentativa de parar o tempo... Entre as tantas frases, chopes e tequilas, a pergunta aparentemente superficial: - Você aprendeu alguma coisa comigo? - Sim, nunca mais fiz lasanha como antes. Copiei sua receita. Leviandade responder naquele momento qualquer coisa séria. Outros assuntos, outras frases, outros bares, e não mais retornamos àquele curto diálogo, perdido entre as tantas coisas que dizemos quando percebemos que a partida está bem perto, mas hoje, quando tanto asfalto já nos separa, reflito no quanto minhas fronteiras se expandiram, inclusive as geográficas, depois que o conheci. Sim, aprendi muito e tanto com ele... Vejo hoje o que escrevo e leio com seus olhos o quanto de mel posso ter produzido. Controlo-me e busco sua ironia carregada de riso. Aprendi a descer das nuvens... Leio autores que nunca descobriria, ouço músicas que não conhecia, recebo crônicas inéditas, e melhor, feitas pra mim. Descubro-me nas linhas e entrelinhas. Aprendi a me enxergar... Ganhei um jeito de olhar que é mistura de brilho e opacidade. Depende se ele está longe ou perto. Me fiz riso, gargalho, lágrima e retorno do riso. Aprendi a me deixar levar... Exercito paciência, descubro-me irracional, controlo (tento) meus gritos, aprendo a ceder, domo ansiedades, me bato com saudades. Me faço e refaço diferente a cada dia, vinculada apenas ao amor, elo indizível ao qual me prendo voluntária. Aprendi a entrega... Aprendo-o, aprendo-me e busco incessante a fórmula mágica de Quintana, para parar o tempo "em cima do telhado, feito um catavento que perdeu as asas" e me recolher no calor das dele, que me ensinam amor, sempre e a cada dia mais.
sábado, 1 de março de 2008
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