sexta-feira, 17 de agosto de 2007

DANÇA DOS ELEMENTOS

Estradas desconhecidas percorro sem conseguir orientar-me. Apenas sigo rumo ao horizonte que descortina-se à minha frente.
Não imagino o que posso encontrar na linha de chegada; nem sei se esta linha existe ou se a alcançarei. Apenas sigo. Fiz da caminhada minha razão de viver; meu objetivo maior.
O desconhecido não me amedronta. Caminho confiante, pois vejo que há alguém do outro lado a me esperar. Alguém que me anseia na mesma medida da minha própria ansiedade.
Alguém que se impacienta quando não chego ou se me demoro.
Alguém que se descontrola se crê que não chegarei.
Este alguém é feito nas minhas medidas.
É furacão, vulcão, tempestade de verão.
Amor incontrolável... Que ama sem limites, barreiras ou censuras...
Sentimento grande e forte demais para este mundo de superficialidades.
E ainda assim eu amo. E continuarei sentindo enquanto caminho...
Criarei raios pelos céus... Clamarei incessantemente que as águas se encrespem...
Bradarei aos ventos que se apressem e formem imensos furacões...
E, quando já nada se enxergar além desta união de sentires descontrolados, me verão no centro de todos eles... Serei eles...
Transmutação inexplicável de fogo, ar, água e terra.
A terra, que sou em momentos de lucidez e sensatez.
O ar, leve e rarefeito, suave e refrescante como o amor que me guia.
A água, elemento mágico e vital em minha vida, flui e renova dores e amores.
E o fogo, que incendeia e queima ardentemente quando meu corpo toca e sente o seu.
E somos então seres mágicos que reconstroem o universo.
Criamos estrelas e luas a cada amanhecer para iluminar nossos caminhos.
Libertamos raios de sol a cada anoitecer para aquecer as frias noites.
Conjugamos os elementos vitais de que somos formados.
Você, Terra sólida, segura meus sonhos e os mantém contigo.
Eu, Água fluídica. percorro seu território e nele me perco.
E já não somos dois, somos barro que dá vida ao Homem. Conjunção perfeita dos elementos primordiais.
Você, Ar que transporta meus sonhos e os transforma em realidade.
Eu, Fogo incontrolável, Lume ardente que aumenta ao encontrá-lo.
Ar que reaviva incessantemente esta chama eterna. Fogo alimentado...
E o que seriamos sós? Elemento singular, sem força ou energia.
Elementos inúteis e sem razão de existência.
Terra árida.
Água parada.
Ar saturado.
Fogo extinto...
Cinzas mortas.
Vidas estagnadas.
Caminhos fechados.
Então que venha a impaciência, a ansiedade.
Que sejamos sempre incontroláveis ao amar.
É do seu descontrole que vem sua força.
É na sua ansiedade que buscamos o outro.
É na sua loucura que alcançamos a eternidade.

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