domingo, 16 de dezembro de 2007

É AQUI


Agora sim, é quase férias!
Fico contando os dias para poder, finalmente, arrumar as malas (ainda se usam malas? Eu, infelizmente, convivo com muitas) e partir.
Mas, como todo ser humano, também sou paradoxal e, nem bem partí, já sinto saudades dessa terrinha calma e tranquila por natureza.
Já conheci muitos recantos: cidades pequenas, cidades grandes, inclusive uma imensa metrópole que me amedrontou. Já visitei praias, montanhas, planaltos e planícies. Guardei de cada um, além das tantas fotografias, boas lembranças e impressões, além do desejo de retornar, quem sabe um dia. Entretanto, nenhum desses lugares me fez querer não retornar à minha escondida e distante cidade de Bom Jesus.
Distante? Depende do ponto de vista, ou do ponto da estrada, afinal, como já dizia não me lembro quem, "longe é um lugar que não existe".

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

SOCORRO!


Parem o mundo que eu quero descer!
Chega de andar de carona, prefiro ir a pé!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Natal

Já sinto o clima de natal quando ando pelas ruas da cidade. Adoro aqueles montes de sininhos nas ruas, dos pisca-piscas nas casas quando venho da escola, ruas enfeitadas, músicas natalinas.
Enquanto não chega, me vejo as voltas com meus tantos diários, quase todos preenchidos (ufa!). Depois disso, recuperação para alguns teimosos que insistiram em nada fazer nos 200 dias letivos, conselho de promoção marcado para o dia exato do meu aniversário (sacanagem). Este ano ainda terei de cumprir o tal ritual de formatura, escrever um discurso, colocar essas roupas que me fazem sentir que não sou eu, mas alguém que nunca quis ser, enfim.... Depois disso, mais um ano de trabalho se acaba e férias, sonhadas e merecidas férias...
Praia, passadinha em casa, montanha, passadinha em casa, praia, carnaval, não necessariamente nessa ordem. E lá estou recomeçando tudo outra vez. Mas sobre isso nem quero pensar agora, ainda há muito a fazer antes do natal e da chegada do papai Noel. Quem sabe nesse ano ele se lembre de mim e me mande aquele presente? Na dúvida, vou colocar meu sapatinho na janela, afinal, não tenho lareira pra pendurar uma meia.
E pra garantir um 2008 menos um monte de coisas tristes e mais outro tanto de coisas boas, separo uma roupa branca, quem sabe Iemanjá receba minhas rosas e me agradeça com pequenas surpresas felizes e Deus me sorria e irradie sua luz mais radiante.
Enquanto espero, me revisto de expectativas de que o próximo será um ano a ser lembrado especialmente entre todos os que até agora já vivi.


Feliz Natal (aos homens de boa vontade e aos que não a possuem também)

Froehliche Weihnachten

Shenoraavor Nor Dari yev Pari Gaghand

Zorionstsu Eguberri. Zoriontsu Urte Berri On

Bodo Din Shubh Lamona

Vesele Vanoce

Nedeleg laouen na bloavezh mat

Tchestita Koleda; Tchestito Rojdestvo Hristovo

Nadolig Llawen a Blwyddyn Newydd Dda

Merry Christmas

Nollaig Chridheil agus Bliadhna Mhath Ur

Gajan Kristnaskon

Sretan Bozic or Vesele vianoce

Vesele Bozicne. Screcno Novo Leto

Feliz Navidad!

Roomsaid Joulu Puhi

Cristmas-e-shoma mobarak bashad

Hyvaa joulua

Joyeux Noel

Noflike Krystdagen en in protte Lok en Seine yn it Nije Jier!

Nadolig Llawen

Kala Christouyenna!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Filha do Vento (ou divagações do inconsciente)

Primeiro foi uma vertigem. Rápida, foi-se num átimo de segundo levando-a a pensar que nem existira.
No dia seguinte ficou o suficiente para fazê-la cair. No chão, perguntou-se depois a que viera, indagação sem resposta em meio à multidão que lhe rodeava.
Sucessão de dias cheios de ínfimos tempos de não-ser, não-estar, não saber-se quem, onde ou porque. Pequenos vácuos de memórias povoando sua vida habitada de buracos de inconsciência.
Acostumou-se àqueles pequenos nadas que, se não lhe acrescentava, tampouco lhe tomava. Só se sabia girando rápido para, logo depois, ver-se caminhando serena entre a multidão que, assombrada, lhe via fugir-se e recobrar-se como quem pisca perante a luz.
Não tinha consciência se perdia-se muito ou pouco. O tempo deixara de ter significado maior que dias e noites sucedendo-se em velocidade oscilante, dependendo do sopro inconsciente que fazia o grande cata-vento de seu cérebro girar ou estacar de solavanco quando menos esperava.
Girava, parava, girava e tornava a parar. Até que num dia de forte ventania interna alçou-se pelos céus.
Sua última imagem foram pontos coloridos, piscando distantes entre nuvens brancas de um céu de novembro.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Se tu me esqueces

Quero que saibas uma coisa.
Tu já sabes o que é:
Se olho a lua de cristal, o ramo rubro do lento outono em minha janela, se toco junto ao fogo a implacável cinza ou o enrugado corpo da madeira, tudo me leva a ti, como se tudo o que existe, aromas, luz, metais, fossem pequenos barcos que navegam para estas tuas ilhas que me aguardam.
Pois, ora, se pouco a pouco deixas de me amar, de te amar, pouco a pouco, deixarei.
Se de repente me esqueces, não me procures, já te esqueci também.
Se consideras longe e louco o vento de bandeiras que canta minha vida e te decides a me deixar na margem do coração no qual tenho raízes, pensa que nesse dia a essa hora levantarei os braços e me nascerão raízes procurando outra terra.
Porém, se cada dia, cada hora, sentes que a mim estás destinada com doçura implacável, se cada dia se ergue uma flor a teus lábios me buscando, ai, amor meu, em mim todo esse fogo se repete, em mim nada se apaga nem se esquece, do teu amor, amada, o meu se nutre, e enquanto vivas estará em teus braços e sem sair dos meus.
Neruda
Na falta do que escrever, leio.

domingo, 28 de outubro de 2007

"porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse é o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência."

Caio F., in Vai passar.

Música

Tudo que vai...

Deixa sempre tanto...
Leva sempre demais...

sábado, 27 de outubro de 2007

Para uma noite chuvosa

Há tantas vidas vazias e inúteis, desperdiçadas pelo não agir, não se importar, enfim, não ver além do próprio umbigo. Hoje, assistindo um filme que ganhei há quase 1 mês e que, por trabalhar mais do que devia, ainda não tinha parado pra ver, me emocionei e chorei sozinha, esquentando meus travesseiros já mornos do calor infernal que assola essa terrinha esquecida.
Raríssimos filmes me fazem chorar. Abro aqui duas exceções para Philadelfia e A Casa dos Espíritos, os quais posso assistir mil vezes e mil vezes chorarei feito criança. Eles, os filmes, me doem profundamente. Tanto que permaneço pesada de tristeza horas após tê-los visto. Entretanto, não foi nenhum deles que assisti hoje, mas Batismo de Sangue, adaptado do livro homônimo de Frei Beto.
Sempre me emocionei com a história de Frei Tito, de sua pureza, de sua crença na bondade das pessoas, de sua religiosidade inocente. Gostaria de tê-lo conhecido. Gostaria que ele tivesse resistido, que seu espírito puro não tivesse se contaminado com os demônios torturadores que lhe tiraram a vida bem antes de sua morte.
Gostaria de viver em um país menos ignorante, onde sou obrigada a ouvir que bom era no tempo dos militares. Gostaria que aqueles que ainda defendem tais métodos de governo (e de assassinatos) que levou tantos meninos e meninas a pegarem em armas em busca de liberdade pudessem entender que, por mais que tenham conseguido lucros pessoais neste período (acredito que somente aqueles que obtiveram vantagens pessoais, direta ou indiretamente, defendem um regime de exceção), as tantas mortes de pessoas decentes que hoje poderiam estar fazendo diferença neste país são impagáveis.
Ao mesmo tempo me pergunto: de que valeu tudo aquilo? Temos uma democracia e um país povoado de adolescentes (e até adultos) pequeno-burgueses, alienados, que se preocupam, quando muito, com a etiqueta do jeans ou do tênis. É a geração modinha, uniformizada, que jamais entenderia a rebeldia daquela outra juventude que abria mão da própria vida, crendo que venceriam a ditadura militar, altamente organizada e amparada por padrinhos poderosos.
Queria ter pertencido à geração de Frei Tito. Nasci tarde. Assim, me resta torcer para que esta mancha vergonhosa em nossa história não se repita, pois, se vier a acontecer, penso que caberá a nós, quase velhos, fazermos o papel daqueles jovens.
Teríamos aquela coragem ? Estaríamos dispostos a morrer por este país?
Penso que não. Infelizmente penso que não, pois nçao são muitos os que crêem que seja " preferível morrer a perder a vida".
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Quando secar o rio da minha infância secará toda dor.
Quando os regatos límpidos de meu ser secarem
minh'alma perderá sua força.
Buscarei, então, pastagens distantes
lá onde o ódio não tem teto para repousar.
Ali erguerei uma tenda junto aos bosques.
Todas as tardes me deitarei na relva
e nos dias silenciosos farei minha oração.
Meu eterno canto de amor:
expressão pura de minha mais profunda angústia.
Nos dias primaveris, colherei flores
para meu jardim da saudade.
Assim, exterminarei a lembrança de um passado sombrio.
Frei Tito, 1972

domingo, 21 de outubro de 2007

Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondida e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso : da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
Caio F.
O calor voltou e trouxe consigo milhões de bichinhos de luz.
Parecem gente triste ao redor de quem lhes traga um pouco de alegria.
Como tais, dão pena em quem vê.
Prefiro apagar todas as luzes...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Bailarina


"Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos tombos - embora sempre os tenha evitado.

Aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia. E mesmo assim, ainda insisto".


Caio F., in Morangos Mofados



E porque hoje é sexta-feira,

E porque, finalmente, chove

E porque a vida é boa, apesar

Escuto Elton John (Tiny Dance)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Nostalgia

Engraçado como lembranças de coisas e pessoas que passam ficam tatuadas em lugares estranhos em nossas vidas. De repente estamos arrumando gavetas de armários que mexemos diariamente e lá encontramos retalhos de lembranças displicentemente jogados e nos voltamos a conversas passadas, a lugares quase esquecidos, a pessoas há tanto não vistas.
Arrumando minha bolsa para mais um feriado, me deparei com uma blusa esquecida no cantinho do armário. Adorava usá-la, me fazia lembrar sempre daquele presente luminoso, único, que amei com a mesma intensidade do amor que sentia por quem me presenteava. A cor suave, o brilho discreto, tudo nela era feito pra mim.
Quem sabe o tempo esfrie um pouquinho e eu possa usá-la? Mas, mesmo que o calor perdure nestes dias, levo comigo minha linda, suave e repleta de lembranças blusa. Quem sabe ela me faça retornar a dias tão luminosos quanto aquele em que a recebi.
É só uma blusa, assim como o elefantinho de madeira com o qual marco meus livros, mas tão repletos de cheiros imaginados, de momentos vividos e tão vívidos na memória que, ao simples toque, me fazem desejar poderes de congelar o tempo e o espaço em busca de toques, sentires e alegrias quase esquecidas, mas que ainda persistem em se manter guardadas, esperando apenas um toque descuidado para renascerem com a mesma força com que foram sentidas nestes tantos períodos de vida que, por mais ilusórios que hoje possam parecer, foram reais e intensos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sexta-Feira

A semana finalmente terminou. Mostrou-se longa demais, ao contrário de tantas outras que parecem correr com a mesma pressa que tenho de vê-las passarem.
Hoje, sexta-feira, quando a maioria do mundo está, a esta hora, se preparando para os tantos programas esperados desde o fim de semana anterior, aqui estou, em minha caverna, ermitã que sou, ouvindo velhas músicas e tentando resgatar um pouquinho que seja da que um dia fui. Chego a pensar que, com exceção da superfície, gasta pelo tempo, mantenho muito de muitos anos atrás. Ainda sonho sonhos românticos, choro e me emociono com cenas há tanto vividas e outras que espero viver, enfim, não perdi em definitivo minha herança de emoções, apesar das tantas tentativas em ser mais racional.
Quando só, envolta nas lembranças, embalada por músicas que fizeram com que eu chorasse ou risse em outros tempos, ainda me embriago nas emoções e esqueço que a razão é importante, na verdade essencial para a sobrevida do espírito.
Amanhã me recomponho, busco a racionalidade e volto a ser normal. Hoje me deixo voltar a ser passional e me permito sonhar impossíveis, na certeza de que, ao menos nos sonhos, não se fere ou se é ferido.
Me envolvo e me deixo envolver com venenos que, sei, seriam mortais, apesar de eternamente doces.
Que todo o resto fique para amanhã...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007


Quando dançarmos, os anjos fugirão e esconderão suas asas!
(When we dance - Sting)

Inverno

Ontem o tempo mudou e o inverno parece ter se arrependido de ir embora, talvez tenha voltado para se despedir. O certo é que o frio está de volta e, com ele, os casacos, edredons e aquelas noites de sono gostoso, sem ruídos de aparelhos que me façam sentir que a temperatura é suportável.
Gosto de dias frios, quando o perfume permanece mais tempo na pele, ficamos mais elegantes e sem aquele aspecto de ter corrido uma maratona, entretanto, as noites frias não me agradam além do fato de me permitirem dormir melhor.
Noites frias, para mim, são sinônimo de solidão. Faltam braços, abraços, quentura, enfim. O frio parece nos mostrar o quanto somos sós e vulneráveis à solidão; o quanto somos pequenos quando sozinhos.
Tosei meu cãozinho, não sabia do frio que chegaria. Ele também ressente-se e quer aconchego. Agora dorme em meu colo enquanto tento escrever. Quem sabe a friagem tenha invadido também a sua alma e, como eu, quer apenas sentir-se par, que possui alguém que lhe aquecerá o corpo e o espírito. Penso então que o frio faz mal ao cérebro e deixa-nos fantasiosos demais.
Hoje alguém disse que faço falta quando distante. Nenhum diálogo romântico, colegas de trabalho, quisera fosse alguém me ansiando, descontente também com o frio solitário, descobrindo calor ao meu redor, em mim...
Somos mesmo muito frágeis, por mais que tentemos manter nossas máscaras de coragem e independência. Será o frio quem as tira e nos deixa nus diante de nós mesmos, despreparados para perceber que nossa força é um engodo, nossa coragem é uma balela e nossa auto-suficiência a maior mentira que insistimos em nos dizer a cada dia quando, diante do espelho, nos dizemos que nos bastamos e não queremos ou precisamos de alguém que nos diga o quanto somos importantes e amados.
Decididamente, acho que não gosto do frio; ele me mostra alguém que não quero ou que já me esqueci como ser. Quem sabe amanhã ele se vá...
"amanhã ou depois, tanto faz se depois for nunca mais..."

domingo, 23 de setembro de 2007

Eu nunca me senti assim

Hoje é o primeiro domingo de primavera, apesar de parecer verão. Tenho muito a fazer, mas confesso que não ando lá com muita vontade de me mexer. Já li o jornal (violência, violência e conxavos políticos, isso deveria ser proibido aos domingos) e meus e-mails (tantas coisas repassadas, que já recebi vezes sem fim) e agora parei para ouvir um cd de um filme. Quando assisto filmes gosto de perceber se, além de boa história, há um bom gosto musical.
A Casa do Lago é uma historinha interessante, meio fantástica (assim como a vida) e que tem uma música linda do Paul (o McCartney).
Eu nunca me senti assim, ele canta. Eu também nunca me senti assim tantas vezes. Algumas dores, outras alegrias, umas paixões, um amor...
Quantas vezes será que dizemos (ou pensamos): eu nunca me senti assim!
Quantas ainda diremos (ou pensaremos)...
Queria mesmo era uma experiência feito a do filme (será?), atípica, incomum, que fosse realmente algo novo e que me fizesse ter certeza de nunca ter me sentido daquela forma, quem sabe me fizesse querer nunca mais me sentir de outra forma...
Quisera viver as cores de Hollywood, ainda que apenas durante este domingo silencioso e comum, mesmo sendo o primeiro da primavera.
This Never Happened Before - Paul McCartney

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

MÚSICA 3

Há muito tempo atrás, quando ainda ouvia rádio uol, encontrei um cd que me seduziu do início ao fim. A banda era REM, de quem já conhecia algumas coisas e o cd era Automatic for the People. No dia seguinte fui à única loja de minha cidade e comprei. Logo de cara, me apaixonei por Man on the moon, que ouvi infinitas vezes.
Outro dia, lendo um livro sobre Curt Cobain, me deparei com esta música, que ele ouviu diversas vezes antes de dar cabo da própria vida. Descobri também que ela foi feita para um filme do mesmo nome, sobre um comediante americano, Andy Kaufman.
As duas situações são tristes e fico imaginando o poder que a música tem em cada um que a ouve. Em mim, longe de pensamentos suicidas ou vidas desperdiçadas, esta música me transmite energias positivas, me deixa leve, com vontade de dançar, e é por este motivo que ela entra neste espaço.

domingo, 2 de setembro de 2007

Música, remédio da alma - 2

Beach Boys
I can hear music

Também uma música que me faz viajar...

sábado, 1 de setembro de 2007

Família, família...



Envelheço.
Ao encontrar esta fotografia, percebo quão inexorável é o tempo. Parece que foi ontem que foi tirada por um fotógrafo amigo da família, de nome Gustavo (será que ainda vive? creio que não), que vezenquando aparecia em nossa casa munido de sua máquina fotográfica e se deliciava tirando fotos de toda a família.
Não sei porque, mas não gostava dele, coisa de criança, penso eu. Na verdade, ele implicava com o cordão que carregava minha inseparável chupeta. Meu ritual de dormir era enrolar este cordão ao redor do nariz até não me lembrar de mais nada. Meu irmão também implicava, mas dele é impossível não gostar. Até hoje, quando juntos, ele faz questão de me lembrar do dia em que nasci, do quanto chovia forte e de como foi impossível buscar um médico, pois as estradas estavam intrasitáveis, com uma ponte caída no meio. O resultado disso foi meu parto sendo feito pelo farmacêutico do lugar, escolhido depois para meu padrinho, talvez por ter conseguido me trazer ao mundo, torta mas viva.
Sou a mais nova de 3 irmãs nascidas do terceiro casamento de meu pai. Além delas, tenho mais 14 irmãos, resultado dos casamentos anteriores. Meu pai gostava de se casar, penso eu, mas gostava também de ser pai. Somos uma grande e unida família, com as alegrias e dores de qualquer outra, o que se deve ao patriarcalismo do velho Christovão, espanhol de sangue e de coração, que nos deixou sua honradez e educação como herança maior.
Mas eu dizia que envelheço. Nesta foto eu tinha menos de 2 anos, ou seja, foi tirada a pouco mais de 40 e ainda parece que foi ontem. As perninhas tortas são visíveis (foram corrigidas com dolorosas e pesadas botas), a cabeça também é torta, mas até hoje não se percebe bem, além de, pelo menos internamente, nunca ter sido desentortada.
Acho que não disse, mas sou a que está com a indefectível chupeta.
Vivíamos em uma chácara, com espaços imensos para brincar e nos machucar, mas eu era quietinha, ao contrário de minha irmã do meio, que era o desassossego em pessoa (na foto parece uma ladie, puro engano). Todas as manhãs, quando o caseiro do sítio de meu pai vinha trazer o leite, eu ia passear, montada na velha e mansa égua Violeta. Mal chegava e já pedia pra voltar, gostava mesmo era do passeio.
Levei corrida de touros, de bezerros, tomei banho de valão (assim chamávamos os riachos que cortavam as propriedades), corria descalça pelas ruas e quintal. Até que acabou. Mudamos para a cidade (pequena, mas cidade), onde vivo até hoje.
Nunca mais quis voltar ao lugar onde nasci, não gosto de lá, apesar de amar as boas lembranças daqueles tempos. Hoje gosto de grandes cidades, do anonimato que elas proporcionam e me arrepio ao pensar nas conversas de calçada, nas pessoas que iam À minha casa para assistir TV, em um tempo que poucos a possuíam. Será que minha mãe se incomodava com aquelas invasões diárias? Talvez até gostasse...
Acho que a passagem desses quase 40 anos me deixaram menos sociável, menos interessada na maioria da população deste planeta. Quanto mais envelheço, menos quero pessoas à minha volta, com exceção destas duas irmãs, que estão sempre ao meu lado, moram ao lado, na verdade. Dividem mais suas vidas comigo do que eu com elas; escuto-as mais do que falo; aconselho mais do que sou aconselhada, apesar de ser a mais nova das três, o que me leva à constatação de que envelheço.
O fato de estar envelhecendo não me desagrada, gosto do que me tornei, apesar de lamentar o aprendizado de coisas tão essenciais somente após tanto tempo. Resta a certeza de que melhor aprender no fim do que em momento algum.

Música, remédio para a alma

Aprendi hoje, bisbilhotando site alheio, que pode-se colocar uma música para tocar aqui. Desta forma, vou começar com esta que adoro muito.
Tomara que dê certo.

George Harrison - Gime Me Love

domingo, 26 de agosto de 2007

Algumas manias....


1. Sonhar antes de dormir.
2. Começar as frases com “não”, mesmo quando estou concordando com o interlocutor. (Não, eu acho que você tem razão).
3. Olhar por cima dos óculos, mesmo sabendo que nada irei enxergar fora do campo das lentes.
4. Escutar uma música diversas vezes, depois fazer a mesma coisa com outra.
5. Comprar vários perfumes e usar apenas um.
6. Dormir com a cama cheia de travesseiros.
7. Manter o controle remoto da tv no canto da cama, ainda que nunca a ligue no meio da noite.
8. Ficar longo tempo parada pensando em coisas ou pessoas.
9. Colocar o celular pra despertar bem mais cedo e apertar a soneca umas 4 ou 5 vezes antes de me levantar.
10. Ter longos monólogos com meu cachorrinho.

Claro que devo ter mais algumas milhares de manias, mas quem não tem? O inocente atire a primeira pedra.

sábado, 25 de agosto de 2007

Meu Frederico...

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Como este é um espaço onde guardo parte dos meus sentimentos, cabe aqui meu companheirinho constante.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

ENERGIA VITAL

Você é meu fogo, que me ferve o sangue de paixão, algumas vezes de dor, e que me faz a adrenalina subir sempre e mais. Descida de montanha-russa ou qualquer outro desses esportes que viciam pelo tanto de emoção que despertam, assim é você.
Me queimo em ti, torno-me brasa incandescente em suas mãos. Me queimo, será que te queimo ?
Você é meu ar, aquele que me abraça em caricias quando tudo é só calor e, feito folha desgarrada, me deixo levar por ti para territórios desconhecidos, mas que se mostram paraísos pela tua presença.
Me abasteço de você, sou nada quando não é em minha direção que sopra. E, basta que se volte a mim, para que eu seja tudo, seja mulher enfim.
Você é minha terra, aquela que me ampara e recebe em momentos de alegria ou dor e, quando sente que fujo, me puxa de volta em doce abraço e calor.
Me faz semente fértil em seu chão, que me recebe e recobre em caricias onde torno-me raiz, eternamente emaranhada em seu solo. Me aquece, será que te sufoco ?
Você é minha água, aquela na qual mergulho meus sonhos e desejos, até os que ainda nem descobri ter. Feito corredeira, me toma inteira e eu, sem resistir, deixo que me lave, que me leve.
Em seus vais e vens de mar, sou areia que se deixa lamber e perco-me em mil partículas de luz e prazer. Me mata a sede, me molha o corpo e a alma e me derrete a cada passagem.
Elementos opostos, apostos, que te reúnem, te definem e me fazem eterna amante das energias que me envias.

MEUS PECADOS CAPITAIS

Desde que te conheci ando cometendo mais e mais pecados...

Me enxergo em seus olhos e me vejo bela, sedutora. Deixo que uma sensualidade que só você enxerga se aposse de mim. Soberba, creio-me a mais adorada e desejada; a que possui tudo daquele por quem é amada...

Quando me tocas sou animal que se guia por cheiros, toques e delírios. Mulher passional, dominada pela luxúria e prazer, viva e revivida por suas mãos, que conhecem de cor minha geografia; perco-me desvendando a sua.

Preguiçosa, permito que meu corpo se aquiete ao lado do seu quando, cansados por percorremos tantas trilhas, reais ou imaginárias, em busca do gozo que nos transporta a dimensões desconhecidas.

Guardo cada toque, palavra ou beijo. Segredos que confessamos sem medos ou pudores. Não os divido com ninguém; escondo-os feito doces que não quero repartir. São apenas nossos e, avarenta, oculto-os do resto do mundo.

Em nossas desmedidas e dolorosas partidas, quando a razão perde espaço à emoção, domina-me uma imensa ira ante a impotência da possibilidade de perceber-me sem ti.

Cada ausência é suplicio. Tenho fome inesgotável de tua presença aqui, cada vez mais perto. E, quando juntos, quanto mais me abasteço, maior a gula, maior a vontade de estar mais e mais... Fome constante e nunca saciada.

Tenho inveja, confesso que tenho, do lençol que te aninha todas as noites, da roupa que te cobre o corpo tão meu, do cãozinho que recebe seus carinhos diários, enfim, de tudo que te rodeia enquanto eu, te amando tanto, tenho que estar tão longe.

Me fizeste transgressora que quer continuar a cometer estes pecados pelo tempo que a existência permitir, pois me alimento deles e é através de cada um que torno-me mais e mais a mulher que nem imaginava ser.

Doces pecados, que eu viva muito para cometê-los...

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

DANÇA DOS ELEMENTOS

Estradas desconhecidas percorro sem conseguir orientar-me. Apenas sigo rumo ao horizonte que descortina-se à minha frente.
Não imagino o que posso encontrar na linha de chegada; nem sei se esta linha existe ou se a alcançarei. Apenas sigo. Fiz da caminhada minha razão de viver; meu objetivo maior.
O desconhecido não me amedronta. Caminho confiante, pois vejo que há alguém do outro lado a me esperar. Alguém que me anseia na mesma medida da minha própria ansiedade.
Alguém que se impacienta quando não chego ou se me demoro.
Alguém que se descontrola se crê que não chegarei.
Este alguém é feito nas minhas medidas.
É furacão, vulcão, tempestade de verão.
Amor incontrolável... Que ama sem limites, barreiras ou censuras...
Sentimento grande e forte demais para este mundo de superficialidades.
E ainda assim eu amo. E continuarei sentindo enquanto caminho...
Criarei raios pelos céus... Clamarei incessantemente que as águas se encrespem...
Bradarei aos ventos que se apressem e formem imensos furacões...
E, quando já nada se enxergar além desta união de sentires descontrolados, me verão no centro de todos eles... Serei eles...
Transmutação inexplicável de fogo, ar, água e terra.
A terra, que sou em momentos de lucidez e sensatez.
O ar, leve e rarefeito, suave e refrescante como o amor que me guia.
A água, elemento mágico e vital em minha vida, flui e renova dores e amores.
E o fogo, que incendeia e queima ardentemente quando meu corpo toca e sente o seu.
E somos então seres mágicos que reconstroem o universo.
Criamos estrelas e luas a cada amanhecer para iluminar nossos caminhos.
Libertamos raios de sol a cada anoitecer para aquecer as frias noites.
Conjugamos os elementos vitais de que somos formados.
Você, Terra sólida, segura meus sonhos e os mantém contigo.
Eu, Água fluídica. percorro seu território e nele me perco.
E já não somos dois, somos barro que dá vida ao Homem. Conjunção perfeita dos elementos primordiais.
Você, Ar que transporta meus sonhos e os transforma em realidade.
Eu, Fogo incontrolável, Lume ardente que aumenta ao encontrá-lo.
Ar que reaviva incessantemente esta chama eterna. Fogo alimentado...
E o que seriamos sós? Elemento singular, sem força ou energia.
Elementos inúteis e sem razão de existência.
Terra árida.
Água parada.
Ar saturado.
Fogo extinto...
Cinzas mortas.
Vidas estagnadas.
Caminhos fechados.
Então que venha a impaciência, a ansiedade.
Que sejamos sempre incontroláveis ao amar.
É do seu descontrole que vem sua força.
É na sua ansiedade que buscamos o outro.
É na sua loucura que alcançamos a eternidade.

MAR DE EMOÇÕES

Mares bravios enfrentei,
Na esperança de dominar emoções.
Na certeza da minha onipotência,
Lutei contra ondas gigantescas de medo;
Contra marés ferozes de indecisão.
Briguei incansável contra o mar.
Briguei e perdi.
Hoje sou aprendiz de sua força;
Aprendo a cada onda que aqui chega.
Observo-as.... Envolvo-me a elas......
Sinto-as a me envolver....
E não tenho medo....Não mais.....
Aprendi que somos fortes e valentes
Quando nos deixamos levar......
Nossa força está em não lutar....
Nossa coragem reside em se entregar....
Fiz-me areia.... Recebo serena cada onda....
Serenamente vejo-as partir..... E voltar....
E assim como o mar é cíclico e sereno,
Que minha força resida na certeza
De que nada posso fazer
Quando invadida por suas marés....

HORAS TRISTES

Quando nas horas vagas e sós
Me invade a sua presença
E penso tristonha em nós
E neste fim, triste sentença

O doce amor se extinguiu
Deixou apenas lembrança
Será porque partiu?
O que deixou-me de herança?

Será que de mim sente falta?
Será que deixei saudades?
Creio que fui esquecida
Na mágoa. Vaidade. Maldade

Mas quem de nós perdeu mais?
Perdi um sonho, uma ilusão
Mas fui sincera e verdadeira
Sempre guiada pelo coração

Você perde bem mais que eu
Dispensa um amor de verdade
Sentimento que nunca morreu
Nem com a dor da saudade

Outros amores aqui chegarão
Podem até me fazer esquecer
Mas jamais me marcarão
Amor verdadeiro eu só dei a você

QUEBRA DE SILÊNCIO

Penso de ti tudo e todas as coisas...
Mágoas. Medos. Anseios. Até saudade...
E vem aquela dor pesada do engano...
Do brilho errado que vi em seus olhos...
Mas minha boca se fecha nestes momentos...
De mim nunca ouvirás palavras ofensivas...
De mim ninguém saberá as dores que senti...
Fiz do silencio meu remédio de esquecimento...
Calei-me eternamente. Este tempo nunca vivi...
Há horas de revolta em que sinto-me tomada
Pelo desejo de dizer todas as rudes palavras
Proferir todas as injúrias contra ti...
Lavá-lo das tantas lágrimas derramadas...
Mas, ainda assim, calo-me... Silêncio...
E prossigo sem rancores ou raiva...
Isso não faz parte de mim...
Mas raiva forte me domina e assalta...
Se ouço de ti falarem mal... Protesto...
Nunca lhe conheceram o riso fácil...
Jamais o acalentaram na tristeza...
Nunca lhe desvendaram os anseios...
Não possuem este direito... Invadem...
Nestas horas sou fera... Transformo-me...
E o defendo quando queria insultá-lo...
Brigo por ti aquilo que não o fiz por mim...
E nem eu mesma me entendo...
Ou entendo... Aceito...Compreendo...
Que você não errou... Eu não errei...
Apenas o mais importante e vital,
O amor, sentimento essencial...
Era dirigido à pessoa errada...
Amaste alguém que idealizou...
E eu amei o sentimento AMOR...

ANIVERSÁRIO

Aniversários são presentes...
Dia em que as energias positivas,
Os melhores pensamentos de paz,
Os mais carinhosos desejos de felicidade,
São transmitidos àqueles que queremos bem...
Dia especial em que o Criador deu à Terra
Mais um ser humano especial e único...
Dia em que começa mais uma missão...
O dia é muito especial... Dia de alegrias...
E se repete a cada ano...
Que importa se o presente não chegou?
Que importa se a distância existe?
Se o abraço não pode ser dado de perto?
Importa sempre é saber-se lembrado...
Importa sentir a energia positiva,
Que chega e nos envolve como halo de luz...
Importa é saber que, apesar de tudo,
Alguém, em algum lugar distante,
Lembra-se que é seu aniversário...
Importa é saber que, em algum lugar,
Seja este lugar longe ou perto,
Alguém deseja que neste dia especial,
A sua felicidade seja a coisa mais importante...
Que a sua alegria seja seu maior tesouro...
Que os seus amigos sejam sua eterna riqueza...
Que seus sonhos sejam realidade duradoura...
E que a Luz Divina seja seu eterno farol
A iluminar os difíceis caminhos da existência...
Receba hoje um enorme presente de paz...
O presente é um imenso desejo de felicidade...
Embrulhado cuidadosamente em papel de carinho
E amarrado delicadamente em laços de luz...

domingo, 12 de agosto de 2007

FIM

É madrugada...
A noite avança deixando em seu rastro
Um dia ansioso por chegar...
Em meio a um silencio tranqüilo
Duas pessoas se falam...
Sussurros... Sorrisos... Carinhos...
Doces e eternas palavras trocadas...
A sintonia é tão perfeita
Que quase se podem tocar...
Os únicos sons são suas vozes...
Só o que importa são suas palavras...
Sentimento forte, único...
Tentam explicar o que sentem...
Inútil... Impossível...
Só conseguem sentir e sentir cada vez mais...
Quem os olhar, imaginará ali
Lugar de paz... Paraíso sem dor...
E somente os dois sabem a verdade:
Que ali, em meio a tantos carinhos
Tem fim uma história de amor.

ENTRE A TERRA E A ÁGUIA

Entre o céu e a terra, minha alma percorre mil caminhos em busca de um lar. Nenhum lugar sente como seu. Não possui recanto onde possa descansar o corpo que carrega.
A terra, que por um tempo lhe ofereceu luz e calor, tornou-se opaca e sem o brilho cristalino da verdade. Fria e insensível às suas tormentas, não lhe viu a dor da decepção ou o brilho fugidio de um carinho crescente...
Buscou então o céu. Céu de luzes cintilantes das estrelas que ali brilharam apenas para lhe clarear as noites... Céu com seu Sol magnífico e de calor constante. Mas este mundo também não é mais seu lar...
Perdeu-se em algum ponto do inexorável tempo. Não é mais o seu recanto seguro.
Lugar frio onde não pode ficar, não mais lhe desejam ali.
Parte, alma peregrina! Busca outros templos para depositar seu amor.
Esqueça dos mundos onde já habitou. Eles passaram e se perderam. Não lhe pertencem; nunca lhe pertenceram. Foram oásis de descanso no deserto que é a tua jornada.
Siga adiante, alma errante! Os caminhos seguem sempre em frente.
A vida não desafia a natureza e corre para trás. Ela é constante em sua evolução.
Busque o mar. O mundo das águas de onde veio e onde deveria ter permanecido. Ali é teu lar e recanto. Ali reside seu coração.
Apague da memória o vôo da águia. Ela não carrega ninguém consigo. Voa bela e acompanhada apenas de outras águias. Nunca voará contigo.
Esqueça o mundo na terra. É feito de ilusões e mentiras. De brincadeiras dolorosas e cruéis.
Volte ao seu mundo das águas. Mergulhe fundo e esqueça o que viveu e ficou lá atrás. É passado. Apenas passado.
Morto, esquecido(?), dolorido...
Volte seus olhos ao que se abre hoje à sua frente. Vê a beleza que se avizinha? Percebe o sabor do novo tocar sua boca?
Essa novidade e expectativa que se aproxima e da qual você se nega a sentir o gosto. É ai que mora seu futuro, nas incertezas do que está vindo, nunca nas lembranças do que passou...
Aprenda, alma teimosa!
Se as águias voassem olhando para trás, jamais teriam vôo tão belo ou alcançariam alturas tão longínquas. Elas voam bonito porque deixam para trás as paisagens que já percorreram e seus olhos buscam o que há de novo...
Já recomeçaste por tantas vezes! Que mal lhe fará tentar mais uma vez?
Se doer, sabes que possui força suficiente para erguer-te.
Siga adiante, alma medrosa!
Esqueça as águias no céu; apague a lembrança da terra morna e mergulhe neste oceano brilhante que se descortina às suas vistas.
Entregue-se novamente ao amor! E se tiver que doer, que seja por ter vivido e seguido adiante. Nunca a dor da covardia...
Pois se ele hoje é seu maior medo, sempre foi sua maior coragem...
Se ele foi a maior mentira , também sempre foi sua maior verdade...
Se ele é seu motivo de tristeza, sempre foi seu maior brilho de alegria...
E se ele te alcançou foi porque dele você nunca fugiu...
Esqueça a terra...
Não olhe mais o vôo da águia...
Essa história já foi escrita. E terminada...

DOS MEUS SILÊNCIOS

Dos meus silêncios, há aqueles que doem e os que são de paz.
O silêncio de cumplicidade, quando falar não se faz necessário é bom;
Aquele em que qualquer coisa dita exprima mágoa e dor machuca.
A manhã silenciosa quando queremos dormir mais um pouco é presente;
A casa vazia de ruídos no dia seguinte à partida de um amor fere.
O gemido de dor incomoda e deprime;
O silêncio após os tantos gemidos de prazer é acalanto.
O fim de tarde silente, após um dia tumultuado, parece dádiva;
Fins de tardes sucedendo dias e noites caladas é tormento.
O silêncio temporário da sua ausência chama saudade e expectativa;
O silêncio definitivo do seu adeus é negrume e morte.
Pedaços de sons, retalhos de ruídos entre silêncios que ora exprimem vida,
ora remetem às tantas mortes que enfrentamos ao longo da existência.

DIAS TRISTES

Há dias em que acordamos encharcados de uma melancolia sem fim, dias em que tudo à nossa volta parece envolto em neblina. Dias embrulhados na opacidade do papel manteiga.
De onde vem esta tristeza que nos assola sem pedir licença?
E sentimos aquela tristeza penetrar em cada poro da nossa alma, sentimos quando se aloja confortavelmente no melhor sofá do coração e espalha seu perfume pelo ambiente dos sentimentos.
Ficamos impregnados de melancolia, os olhos se tornam duas estrelas embaçadas, sem brilho.
E é então que começamos a pensar, recordar, sonhar...
Pensamos na vida que levamos, nas doces presenças de pessoas queridas...
Recordamos épocas onde a inocência e a serenidade nos embalavam. Sonhamos estar lá atrás, naqueles tempos de alegria sem fim...
Sentimos a dor se aproximar e tentar entrar. Expulsá-la é o melhor remédio. Melancolia e dor são explosivos à alma...
Nestes dias, parece que os pensamentos são idosos viajantes à procura de lugar sereno a fim de descansar o corpo fatigado.
Os sentimentos embaralham-se feito cartas jogadas ao vento.
Quase conseguimos nem lembrar das tristezas que nos causaram, quase esquecemos os duros golpes recebidos friamente.
O coração, possuído pela melancolia, só recorda as alegrias. É preciso que nós, com carinho e determinação, o façamos relembrar.
É preciso exibir em tela imensa a este tolo coração, todas as cores das lágrimas cristalinas que vertemos em abundância por acreditar sempre
nas verdades que não eram nossas.
É preciso mostrar, sem lentes coloridas, todas as decepções e mágoas sofridas, não para amargurá-lo, apenas para mostrar-lhe que o ontem já passou... Acabou... Morreu...
Que a alegria foi combustível pleno que nos fez caminhar com sonhos e esperanças, que as tristezas foram nossos degraus, fortalecendo-nos e tornando-nos melhores, mas que são apenas passado... Sem mágoas ou rancores... Apenas passado...
Que as decepções, e foram tantas, tiveram o objetivo de nos fortalecer e nos ensinar a manter sempre os olhos erguidos, mesmo embaçados das lágrimas por tantas vezes derramadas mas, ainda assim, erguidos...
Nestes dias tristes em que somos invadidos por pensamentos tão desconcertantes, parece que vemos olhos familiares que nos fitavam com amor... Mas não era amor...
Parece que ouvimos sorrisos amigos e aconchegantes que nos envolviam... Mas não era amizade...
Parece que sentimos o abraço apertado e afetuoso de pessoas especiais... Mas não era carinho...
E, ao final dos felizes-dolorosos pensamentos, das doce-amargas lembranças, enxergamos que somos felizes pelo passado ser passado, por termos um presente a viver, por possuirmos um futuro a sonhar.
E o dia já nem parece tão triste...
A opacidade do papel manteiga vai sendo mansamente substituída pelo brilho do celofane...
E já quase conseguimos sorrir....

DESPEDIDA

Rendo-me diante do inevitável e inquestionável...
Perdi-me por tempo demais em devaneios, sonhos e ilusões de anseios irrealizáveis...
É chegado o momento de desprender-me de todas as amarras que me ligam a situações que não controlo ou tenho poder de decisão...
Resta-me a resignação de aceitar as impossibilidades e a coragem para seguir com firmeza ...
As mãos seguirão vazias, sem o peso de qualquer bagagem que possa dificultar a caminhada, o coração, no entanto, segue preenchido de todos os amores e carinhos que ecoaram no vazio...
Dirigidos ao vento que os levou para logo retornar e entregá-los de volta. Não encontraram destinatário. Não anseio guardá-los, mas estão tão firmemente colados aqui.
Feito folha desgarrada da árvore-mãe, fui perdendo seiva vital que me sustentava e mantinha viçosa. Carregada pela brisa ou vento forte, jogada ora para sul, ora para o norte, perdi-me.
Não tenho mais raízes de referência, não possuo o aconchego de um lugar conhecido e acolhedor. Perdi-me de mim....
Buscar o antigo, retornar ao ponto de partida é impossível. Não conseguirei colar-me à árvore e recuperar o verde de outrora. Sou folha seca e escurecida pela natureza inclemente.
Seguirei pelos cantos e atalhos. O medo de, descuidadamente, ser pisada e esmigalhada é forte. Folhas secam não se amassam; não se cicatrizam: desintegram-se.
Somente a certeza de ser folha. Que importa de qual árvore? Também não saberia dizer. Apenas folha.
Folha solitária levada pelos ventos, sem a esperança do sonho que alegra e dá cor à sua figura apagada. Sem a ânsia de uma realidade de amor imortal, carrega em si lembranças de passado preenchido de dores, saudades e amor incondicional.
Mas sigo. Mais importante que prever o destino, é saber-se caminhando...
As distâncias se aproximarão a cada vento forte.
O infinito irá se delineando a cada trecho percorrido.
Folha solitária, mas corajosa e confiante que um dia, lá adiante, quando a fragilidade do meu corpo for evidente, o vento me alcançará mais uma vez. Seu abraço me desmanchará em milhões de partículas que se espalharão pela terra.
Estarei em toda parte... Incompleta, desintegrada...
Sentimentos por tanto tempo reprimidos, agora espalhados...
A terra será adubada de amores, sonhos, saudades e esperanças...
E não estarei mais só...
Farei parte de cada elemento que dali nascer...

APRENDIZ

O ser humano em sua trajetória de vida é eterno aprendiz de si mesmo.
Descobre-se a cada experiência, desvenda-se a cada encontro.
A descoberta de qualidades nos exulta; encontrar nossos defeitos nos deprime...
Pode parecer simples à um primeiro olhar, mas descobrir-se é complexo...
Requer do ser humano muita humildade para aceitar-se imperfeito e até desconexo...
É preciso desvendar-se... Necessário enxergar-se...
Descobrir-se dói... Machuca e fere...
Processo que desarruma a casa da alma...
Expõe verdades ocultas atrás das aparências...
Desorganiza idéias e verdades absolutas...
Descobrir-se é processo lento...
Leva-se, quase sempre, toda uma vida...
E quanto mais nos buscamos, Mais temos a almejar...
Quanto mais incorretos nos descobrimos, mais necessário se torna nos aperfeiçoar...
Em algum momento sentimos a desordem. De idéias, de ideais, de valores...
Desordem absoluta... Domínio do caos...
Neste momento estamos perto, chegando mais próximos, mais dentro de nós.
Porque pra arrumar, é necessário desarrumar...
Pra se descobrir, é preciso sair de si...

SINTONIA

Há dias em que parecemos seres extraterrestres em meio aos desconhecidos e complexos habitantes do planeta Terra. Tudo que dizemos ganha outra conotação e matiz aos ouvidos daqueles a quem falamos.
Difícil estes dias de desencontro de idéias, onde ouvimos torto, dizemos torto e tudo parece enviesado. As idéias saem atropelando as palavras e acabamos por nos sentir emaranhados em meio a um mar de mal entendidos ridículos e já nem sabemos como mergulhamos em tal situação, assim como parece impossível sair ilesos dela.
Que fazer em dias assim? Não sei, mas bem queria esta resposta...
Creio saber porque isso acontece. Nestes dias, estamos muito frustrados com alguma coisa, o que nos torna sensíveis demais a tudo que vem ao nosso encontro. Acreditamos que o outro irá entender o que dizemos, sem que precisemos explicar. Pensamos, erradamente, que o vínculo existente entre ambos fará a sintonia entre a palavra dita ou escrita e o sentimento latente que está perdido e triste por algo que ansiava e que, por uma impossibilidade qualquer, torna-se distante.
Nós, em nossa pretensão, cremos no direito à compreensão desmedida sem que para isso haja troca. Esquecemos os sentimentos alheios e nos tornamos egoístas e temperamentais. O egocentrismo chega e se aloja, causando o desencontro.
Ao final, o que resta? Mágoa e palavras duras (faladas e ouvidas) que ficam latejando no ouvido do coração, porque nos momentos de desencontro somos ásperos, duros e cruéis, usando arma fatal a qualquer sensibilidade; a ironia.
Depois do desencontro vem a ressaca, também muito ruim e dolorosa. Sentimos cansaço, desânimo e vontade de abandonar tudo se isso puder trazer esquecimento.
Nos armamos em dores, nos acreditamos injustiçados e feridos e criamos muralhas à nossa volta. Há horas que choramos, como se fossemos pobres vítimas do destino, e há momentos em que nos culpamos duramente pelo desencontro ocorrido.
O certo ao final é que somos seres humanos e, como tais, passiveis de falhas. Amargurar por erros e desistir por tê-los cometido é sintoma de covardia.
Dar-lhe maior dimensão do que possui é sinal de que a sintonia não era assim tão grande, não sendo capaz de superar as pedras no caminho.
E, finalmente, pensar sempre que, se o desencontro aconteceu, foi antes precedido pelo encontro que é o que fica sempre...

SENHORA DA TEMPESTADE

Choveu aqui. Muito. Torrencialmente.
Lançou raios e trovões pelos céus e escureceu a cidade. A energia resolveu ir-se embora, talvez com medo da fúria dos ventos que ameaçavam lhe arrebentar os fios. Paramos, eu e a cidade, para ouvir os sons da natureza que se manifestava descontrolada...
A noite desenrolou-se em ritmo constante de raios e chuva. Havia horas em que eu não sabia se acontecia aleatoriamente ou se era eu a provocá-los. Sentia-me Senhora das Tempestades...
Hoje, com o dia cinzento e triste, de ressaca depois de tanta energia descarregada, fico pensando coincidências e relações estranhas entre eu e a natureza. Provoco tempestades ou elas me provocam? Desprendo energias descontroladas, lanço chispas e machuco. Sou ferida. Perco as energias e tento desistir. Fraca e inerte, torno-me cinza e quase morro.
Não quero emoções fortes; não quero as decepções que o amor carrega consigo e que são inevitáveis nos tempos de ajustes e conhecimentos. Quero a calma do não sentir, do não amar e da dormência do corpo e espírito. Amar dói, eu sempre soube. Não fui moldada à isso.
Não me encaixo mais a estes padrões de comportamento, de sutilezas que já há tempos esqueci, de trocas que já não sei mais fazer. Não sei mais jogar, e perder é sempre inevitável, mesmo quando tudo conspira para que eu vença. Perco sempre e me esgotei nas tentativas inúteis de manter junto à mim aquilo que mais desejo.
Feito folha levada pelo vento que sopra neste momento, tudo que mais quero é levado pra longe...
Corro na tentativa vã de recuperar o que perdi, mas quando sinto que está ao alcance das mãos, o vento vem e leva tudo pra longe daqui...
Não quero mais correr... Estou cansada e meu pensamento agora se volta à questões de merecimento... Se o vento leva, é porque não me acha capaz de fazer feliz... Desacelero os passos e deixo que parta...
Fico olhando e nada farei para reverter essa partida... Não mereço que fiques...
Ainda é cedo pra tentar... Não estou pronta... Ficarei só e nesta solidão buscarei acalmar os raios que insistem em se mostrar nestas escuras noites e fazer os dias cinzentos ganharem brilho...

RECOMEÇOS

A vida é um constante recomeçar.
Ela é feita de ciclos que se fecham para novamente se formarem e daí a algum tempo se fecharem novamente.
Creio que o objetivo de todos nós neste constante recomeçar é irmos formando estes ciclos cada vez com mais perfeição, com mais maturidade e, se possível, com menos sofrimentos pra nós e para os outros.
A cada novo ciclo que vivemos, no entanto, surgem situações novas que nos fazem, muitas vezes, desarmonizar aquilo que poderia ser uma bela construção, deixando aquele ciclo meio que imperfeito.
Assim é viver. É nunca atingir a perfeição, é sempre ter alguma coisa que poderia ter sido feita melhor, é sempre ficar com vontade de voltar e tentar consertar.
Por muitas vezes esta vontade de corrigir um erro nos deixa deprimidos, tristes e chorosos; nos deixa com vontade de esquecer e apagar para que o sofrimento termine logo.
Mas o tempo passa e percebemos que até aquele erro deixou coisas muito boas, muito importantes e que o esquecimento total jamais existirá.
Nossa memória somente apaga aquilo que foi ruim, deixando doces lembranças de tudo que nos acontece.
Por isso sentimos saudades; por isso somos seres verdadeiramente humanos.
Por maiores que sejam nossos erros, sempre teremos a chance de recomeçar,
tentando fazer melhor, porém jamais deixando pra trás nossa sensibilidade, nossa fragilidade, nossa pureza. É isso que nos torna diferentes dos animais. A capacidade de sentir, de se fragilizar, de pedir perdão, de dar perdão, de chorar e também de sofrer quando a dor é forte.
Mas o que nos torna mesmo humanos, é a nossa capacidade de amar, de sermos amados, seja por nossos pais, filhos, amigos ou por aquelas pessoas que entram sorrateiras e se instalam em nossos corações, fazendo com que percamos nosso eixo, nossa direção.
Assim a vida funciona. É assim que o mundo gira e evolui.
Nada acontece por acaso, tudo tem seu objetivo na construção de alguma coisa, mesmo que seja apenas na nossa própria construção. Algumas situações, que por vezes achamos difíceis de suportar, acabam nos servindo de degrau para mais um passo na lei da vida: evolução.
Triste daquele que não perdoa, que não ama, que guarda rancores... Triste daquele que não faz todo o seu possível para consertar seus erros... Triste daquele que não se exaure na busca de corrigir suas falhas...
Estes jamais alcançarão a felicidade, pois nossas vidas não devem jamais ser trancadas em cofres seguros.
Nossa vida nos é dada para que a dividamos com os outros. E é nesta divisão que crescemos, nos tornamos melhores.
Quando a dor surge é nos braços dos que nos amam que encontramos força, segurança e carinho para que não desistamos de prosseguir. Sem alguém que nos mostre que somos bons, amados e especiais ficamos à deriva, sem norte. E não nascemos pra ser barco naufragado...
Nascemos pra ser bela estrela guia que orienta e mostra o caminho àqueles que se acham perdidos.
Este é o objetivo da vida: ora guiar; ora ser guiado.
Não existe felicidade maior que ser guiado com carinho e com amor quando achamos que estamos naufragando. Sentir o abraço forte, o sorriso de ânimo, o olhar de quem se importa com a gente, a palavra que faz toda a diferença. Só quem já precisou e teve este acalanto pode saber o quanto essas coisas salvam, o quanto nos fazem sentir que valemos a pena.
Posso escrever mil folhas aqui e sei que jamais conseguirei expressar o quanto meus amigos fizeram a diferença entre sentar e chorar ou levantar a cabeça e prosseguir adiante.
Entre me entregar a uma dor ou voltar a sorrir...
Felizes e iluminados aqueles que, como eu, possuem amigos sinceros e amados.

À PROCURA DE TI

Não fui eu a te gerar
Não quis chegar tão antes
Quis o tempo de te amar
Tornei-me alma errante

Busquei-o na infância
Estavas longe demais
Perdido de mim na distância
Sequer me dava sinais

Procurei-o adolescente
Pensava que agora virias
Eu, tola e impaciente
Ele sem saber que eu existia

Adulta, forcei-me a desistir
Amei e creio ter sido amada
Mas não cheguei a sentir
Minha busca dissipada

Encontrei-o na meia idade
Quando findara minha procura
Da vida ainda tenho metade
Pra viver nesta loucura

Não fui eu a te dar um filho
Não gerei sua sonhada menina
Minha chegada não lhe deu brilho
Mas encontrá-lo era minha sina

Hoje, tanto dores como risos
Me possuem em igual medida
Rasgam minha carne sem aviso
Mas preenchem o que tenho de vida...

FLOR VENENOSA

Vai embora, meu amor
Alegria aqui é taça vazia
Que rodeia uma garrafa também vazia
Vai já, minha vida sonhada
Aqui não encontrarás consolo pra dor
Aqui não descansarás da tua fadiga
Sou poço ressequido pelo tempo
Onde sempre tem alguém jogando terra
A cada olho d’água que teima em surgir
Há carroças de areia para enterrá-lo
Que posso eu dar em troca do que me ofereces?
Impossibilidades e decepções? Não quero e não vou.
Sou planta frágil diante da fome de formigas assassinas
Elas estão me devorando tanto! Já me mataram as raízes.
Apenas espero que venham buscar minhas últimas folhas,
Estão feias e sem sabor, ressecadas pelo vento e sol.
Vai depressa, meu amor.
Aproveita meu descuido e corre pra bem longe daqui.
Pode ser que amanhã eu mude de idéia e acabe por prendê-lo.
Aproveita minha fragilidade e se vá sem demora.
Esqueça este cacto espinhento e venenoso; sempre te fará mal.
A cada aproximação espetarás um dedo e chorarás. Sou má.
Meu abraço fere; meu beijo esfola e meu amor estrangula.
Vai embora, meu amor... Vai embora...
Fui criada pra envenenar, porque teimas em me amar?
A natureza que me rodeia nunca me deixará livre
Sou parte dela e é nela que devo me consumir
Assim, como quem nem liga ou sente; apenas murcha...
Sozinha, meu amor... Sempre sozinha...
Vai, meu amor... Vai embora...

FLORES MORTAS

Sou criatura perdida nas trevas e labirintos de um coração enegrecido pelos duros golpes de amor que deu e recebeu. Amor sem cálculos ou medidas.
Desatinado em ânsia de ser aceito e sentir-se enlaçado, destruiu comportas, implodiu montanhas e incendiou florestas. Nada conseguiu a não ser um imenso deserto à sua frente.
Olha ao redor em busca de algum viço, mas só o que avista é a aridez que espalhou e multiplicou-se por quilômetros de vida.
Buscou o amor onde as sementes já a muito haviam morrido. Esqueceu que nunca preencheria um coração já transbordante de sentimento que insiste em negar.
Tolas negativas que não convencem nem ao mais medíocre indivíduo, pois transbordam dos olhos e são perceptíveis ao mais rápido e descuidado olhar.
Ah, seu olhar. Que ainda me queima e no qual ainda vejo o amor gritando por trás da imensa barreira de negativas que se impôs diante de mim.
Ainda agora, em meio às trevas que eu mesma busquei, o brilho e calor deste olhar insiste em iluminar este recanto. Brilho que afasto, ao qual não me volto. Não o mereço. Tomei rumos que não devia, mesmo sabendo da inutilidade dos caminhos.
Afastei-me da luz que me guiava com segurança, me enlaçava com carinho e envolvia no doce calor dos sentimentos verdadeiros. Busquei atalhos longínquos e falsamente tranqüilos. Perdi-me.
Não ouso buscar-te novamente. Mereces iluminar estradas sem desníveis e não atalhos de chão batido e esburacados pelas tempestades que o açoitaram.
É tempo de replantio. Renovação. Caminhar em direção às águas que lavarão as cinzas e farão retornar o viço e as cores de um tempo que a muito existiu.
Hora de varrer a fuligem e semear as flores da alegria.
Flores que, a princípio, serão tristes e desbotadas mas que ganharão matizes cada vez mais fortes e um dia, ou quem sabe nunca, este coração tornará a ser o ofuscante jardim de paixões que um dia floresceu, mas morreu por falta de quem o cuidasse...
Coração doente e criança que hoje só anseia um colo que o embale carinhosamente e lhe diga que tudo passará...
Que as tristezas, assim como a vida, são transitórias...
Coração que hoje só queria o seu colo...

FÊNIX

Durante muito tempo juntei sentimentos como a Fênix junta galhos e ramos e deles forma o ninho que será seu sepulcro.
Juntei cada amargura, cada desamor e fui aninhando-os no peito e, feito a ave, fui sentindo-os...
Quando achei que não mais os suportaria, quando acreditei que viveria cercada de dor, deitei-me sobre todos. Encharquei-me de lágrimas, sentindo-os, cada um, mansamente. Vi-os dolorosos, mas fonte de crescimento.
E ali começou minha despedida. Cuidadosamente, acendi o fogo do esquecimento e, como a Fênix, deitei-me para a morte...
Quando nada mais de vida me restava, quando a morte se apossou integralmente de mim; quando as esperanças se findaram completamente; renasci. Mais forte, mais combativa e, por que não dizer, com menos sentimentos...
Hoje, quando olho para trás, só vejo as cinzas; lembranças do que fui um dia:
Tola menina romântica e apaixonada, doce criança embriagada pelo amor. Foi ela quem se transformou em cinzas...
Renasço hoje para a vida. Sem olhos de saudade... Sem esperanças vãs...
O amor ainda será meu eterno guia, a alegria minha eterna companheira, mas as ilusões... Estas voaram ao vento, alcançaram os céus e se perderam nas nuvens...
Nuvens onde eu antes vivia, quando ainda não sabia caminhar na terra, na dura e árida terra da realidade.

ESQUECIMENTO

Esquecer seu nome
Rasgar seu telefone
Tirá-lo da memória
Apagar a nossa história
Ignorar sua cidade
Engolir essa saudade
Convencer-me que não quero
Que não mais te espero
Encarar de vez a verdade
Retornar à realidade
Encarar de frente a decepção
E retomar meu coração.

ESPERA

A muito tempo te espero...
Espero enquanto vivo...
Espero enquanto espero...
E esta espera é feliz
Porque sei que chegará.
Sim, eu tenho certeza...
Chegará com olhos brilhantes
E já me olhará com saudades,
Me abraçará apertado,
Me amará com paixão.
Me dirá que veio por mim;
Dirá que veio pra mim
Que sou seu sonho, assim como és o meu.
Sim, minha espera é feliz
Porque sei que você existe
Porque sei que em breve chegará
Porque também me anseia e espera,
Pois mesmo que ainda não saibas...
Deus te criou pra mim...

ESCREVER...ESCREVER

Escrever, escrever, escrever... Simplesmente...
Sem fim ou descanso... Indefinidamente...
Até que me faltem letras... Incansavelmente...
Até o fim de todos os dias... Eternamente...

E nem assim esgotar-me ou parar de fluir
Escrevo na esperança de não mais sentir
Que importa se não me escutam ou lêem
Tanto faz se me ignoram ou não vêem...

Não escrevo. Me desfaço em letras e rima
Embrulho de emoções que não sei ordenar
De mim nunca brotará uma obra-prima
Que importa? Eu quero apenas divagar...

E desordenada e incongruente continuo
Tudo escrevo, mas nada concluo. Recuo.
Nunca fui mesmo poetisa. Que loucura!
Sou só uma criança fazendo travessura...

SENTENÇA

Que pretende agindo assim?
Atingir-me novamente?
O que ainda queres de mim?
Por que não se mantém ausente?

Daqui já expulsei toda a dor
Que deixei que me causasse
Acreditei sempre no amor
Mas cansei de viver este impasse

Agora tudo é diferente
Não deixarei que me persiga
Sua exclusão é permanente
No livro da minha vida...

Caminho sem olhar pra trás
Nada deixei pra voltar
Agora me encontro em paz
Não quero mais retornar

Joguei fora as tristes lembranças
Tentei preservar as felizes
Medos... Culpas... Insegurança...
Arranquei-os pelas raízes...

Não quero aqui sua presença
Apesar de não lhe ter rancor
Do meu coração veio a sentença
Que encerrou este triste amor...

DIÁRIOS E DELÍRIOS

Rodeada de papéis, canetas e diários pareço distante e concentrada no trabalho.
Quem me olha vê aqui o protótipo da professora: caneta em punho preenchendo intermináveis quadradinhos, óculos escorregado para a ponta do nariz e as provas, exercícios e trabalhos que parecem avolumar-se em ritmo que não consigo acompanhar. Quanto mais os corrijo, mais deles surgem diante de mim.
Mas a expressão concentrada logo se suaviza e um sorriso teima em surgir. Penso em você neste momento. Em meio a pilhas de trabalhos, um nome insiste em se sobressair.
Um aluno analisa uma poesia de Brecht e me faz recordar noites de músicas e poesias sussurradas através do telefone. Penso no quanto Brecht é bom, em como o aluno foi feliz em sua análise e no quanto eu amo você. Penso também, logo a seguir, que está difícil me concentrar no trabalho quando minha alma está tão longe...
Faço uma pausa. Café (se estivesses aqui, me dirias para diminuir as doses), cigarro e pensamentos cheios de saudades...
Retorno aos intermináveis diários para abandona-los mais uma vez.
Escrevo-te uma carta...
Começo a correção das provas.
Interrompo e te ligo...
Chamo minha atenção para o trabalho que me espera.
Venho escrever esta crônica...
Vencida, me entrego às lembranças e adio o trabalho para um momento futuro quando sua presença não estiver assim tão forte.
O trabalho e a vida podem esperar; meu amor não.

AGRADECIMENTO

Hoje quero lhe agradecer..... Hoje e sempre....

Obrigada pela dor do abandono...
Se chorei a dor da partida foi porque tive a alegria de sua presença de forma bela e intensa.
Não fosse você, hoje eu estaria mergulhada no vazio do não-sofrer, do não-sentir e do não-amar.
Sua doce presença preencheu esta lacuna de minha vida.
Só chora a ausência quem conhece a alegria da presença.

Obrigada pelo fim do amor.
Sofro e me alegro ao mesmo tempo.
Amei, me acreditei amada, experimentei a glória do Olimpo e dos contos de fadas.
Só acaba o que um dia existiu, e você existiu aqui.
Nunca haver amado, nunca ter sido amada e desejada como fui.
Ai, ainda prefiro sofrer o fim do amor.
E que lindo amor recebi!
Se agora se vai, deixa carinhos e afagos que nenhuma eternidade jamais apagará. Marcaram indelevelmente este coração carente e criança.

Mas o que lhe agradeço, acima de tudo, é por me mostrar toda a beleza e plenitude de um sentimento que foi pura magia e sedução.
Onde toques e olhares nem sempre foram reais, mas que desvendaram esta alma completamente. Onde as palavras tocavam e acariciavam preenchendo vazios e completando-me.
Hoje retomarei minha caminhada. O que me falta de sua presença, me sobra em compreensão.
Percebo, após sua partida, que me tornei melhor. Melhor e mais forte. Força que aprendi contigo. Força que me sustentará sempre que eu sentir vontade de parar e olhar para trás.
Seguirei adiante e, se em algum tempo o amor me acenar mais uma vez, encontrará um sorriso luminoso em meu rosto.
Porque, depois de você, aprendi que o amor é alegria, ainda que fatalmente nos faça chorar.

SENHORA DA MAGIA

Venho das brumas e nevoeiros,
Do inconsciente dos sonhos,
Dos lugares passageiros,
Dos recantos mais tristonhos.
Não possuo beleza viçosa...
Não chamo atenção quando passo
Me assemelho a uma nebulosa
Passo... Repasso... Me desfaço...
Dividida entre dois mundos...
Realidade e fantasia...
Séculos são segundos...
Sou Senhora da Magia...
Busco a leveza dos sonhos,
E a pureza do eterno amor
Lagos e mares transponho,
Viajo nas asas de um condor
Minha busca é eterna...
Vivo à procura de mim...
Meu coração me governa,
A magia tornou-me assim
Sinto que alcanço meu lago,
Quando em seus olhos me vejo
Esperado e sonhado Mago,
Meu mundo começa em seu beijo
Minha magia se funde à sua,
Amantes eternos e sonhadores
Te quero meu. Me queres tua.
Somos dores, cores, amores
E as brumas se abrem ao sol,
Minha busca chega ao fim.
Seus braços são meu lençol,
Carícia delicada de cetim.

PREGUIÇA

Hoje acordei ao som do telefone. Não sei porque, mas ele insiste em tocar nas minhas horas de melhor sono, aquelas horas em que os sonhos são quase reais...
E aí, entre risos e carinhos, fui despertada pelo som do aparelho. E a pessoa nem quis conversar. Apenas desligou...
Creio que adivinhou que eu estava meio brava de ter sido acordada; nem se identificou.
Já me levantei com o corpo e a alma dolentes, sem vontade de fazer nada, apenas deixando a preguiça me envolver.
Me espreguiço gostosamente e deito mais um pouco, espero que o sonho retorne, mas é tarde, ele se foi... Fugiu assustado com o barulho.
Resta agora a saída de sonhar acordada, direcionar o pensar para aquilo que quero, deixar que as lembranças, acontecidas ou apenas sonhadas, me invadam e deixem meus olhos perdidos e enevoados.
Hum.... Gostosa sensação de sua presença bem pertinho, é quase palpável. Se eu esticar o braço poderei tocá-lo... Mas tenho preguiça...
Se fechar os olhos e me concentrar, poderei sentir seu beijo suave e com sabor de infinito... Mas tenho preguiça...
Deixei-me envolver pela inércia, fim dos movimentos rápidos, dos passos corridos ou da pressa em fazer tudo ao mesmo tempo. Quero a lentidão das cenas em slow motion... Suaves... Lentas... Saboreadas em cada detalhe... Sentidas em suas minúcias...
Cenas vividas na totalidade da lentidão com que são representadas...
E ter seu gosto na boca por séculos depois do beijo acontecido...
Ah doce Preguiça, não és pecado, és um carinho que podemos nos permitir para desacelerar a vida corrida. És premio merecido ao final de um dia, um ano ou uma vida de trabalho e realidades pesadas e sofridas...
Venha... Pode chegar... Será acolhida com alegria...
Deixarei-me possuir por ti... E também te possuirei...
Deixarei que me domine... E também te dominarei...
Permitirei que me enlace em seus braços lânguidos... E te abraçarei com igual languidez...
E hoje seremos amantes enamorados...
Só não me exija esforços grandes e feitos apaixonados...
É que estou com preguiça... Muita preguiça...

LEILÃO

Abro as portas da minha alma...
Quero limpar as teias de saudade,
Varrer a poeira das lembranças,
Lavar as tristezas da maldade...

Hoje me despojo do que guardei,
Farei um grande leilão...
Das coisas que amei...
Do passado que guardei...

Os amores aos quais me entreguei,
Aqueles nos quais acreditei,
Repasso-os a quem acaso possuir
Coração leviano para os sentir...

As falsas amizades que aqui chegaram,
Estas nem sei se alguém vai querer...
Elas aqui nem saudade deixaram...
Mas valeram por me fazer crescer...

Decepções e tristezas vou esconder...
São lixo sem valor sentimental,
Ninguém haverá de querer...
Aquilo que lhe faça sofrer...

Os amigos sinceros que tenho,
Estes não sairão daqui...
São para eles que sempre venho,
Deixo-os guardados ali...

Da alegria não posso dispor,
É combustível da alma,
Sem ela sou rio sem calma,
Sem ela não atraio o amor...

A esperança também não vai...
Que eu faria sem ela?
Quando tudo à volta cai...
Quando a solidão atropela?

O amor que sinto vou leiloar...
E se alguém por ele se interessar,
De graça o poderá levar,
Basta que também queira me amar...

INCOERÊNCIA

Descobri hoje que te quero apenas meu amigo. Me enganei ao crer que te amava.
Que tolice... Pura loucura e engano da minha parte. Deveria ter percebido que nunca te amei, que esta vontade louca de estar ao seu lado era apenas uma necessidade que todos temos vezenquando na vida.
Quanta tolice crer que aqueles suores e tremedeiras nas mãos; que aqueles disparos no coração e friozinhos na barriga a cada vez que o via, pudesse ser amor...
Eram sinais de amizade, eu é que não percebi.
Se lembra quando te olhei e me perdi no brilho dos seus olhos, esquecendo das horas, do lugar e até de quem sou ? Pois é, aquilo não era amor...
Se recorda da nossa viagem rumo às estrelas, onde éramos astros luminosos enlouquecidos naquele febre de paixão? Pois é, aquilo era paixão, mas uma paixão amiga...
E as milhares de palavras que trocamos? Os anseios e desejos abafados pela distância que sempre se interpôs entre nós? Quanto contra-senso imaginarmos que era amor...
Eu nunca te amei... Você também nunca me amou... Somos amigos...
Acho que você estaria bem melhor com outra pessoa... Mais tranqüila e suave, mais jovem e bela, com menos dores e mais paciência que eu. Mas, não entendo porque, me pego enchendo esta outra pessoa de defeitos e acabo por desclassificá-la junto à você.
Não te serve... Desista dela...
Ainda que nem a conheça; que ela seja fruto da minha criação, já fico enciumada ao imaginá-la contigo... E ainda assim, sei que isso não é amor... Somos amigos!!!!
Ah, e como é bom descobrir que não te amo!!!!!!
Que sensação maravilhosa saber que, para mim, você é apenas um amigo especial...
Já posso libertar-me das amarras que me prendiam a ti e alçar vôos para outros céus...
Mas, perceba minha incoerência, não quero ir, quero permanecer aqui ao teu lado...
Apenas como amiga, esta bem? Estejamos conscientes disso sempre...
Somos amigos.
E agora que já sabemos, gostaria de lhe fazer um convite... Para uma viajem...
Quer percorrer novamente comigo as estrelas e ver o dia amanhecer salpicado do brilho dos nossos olhos?
Quer perder-se no meu olhar e deixar que eu me perca no seu?
Quer esquecer que existem outras coisas ou pessoas no universo além de nós dois?
Mas por favor, entenda... Isto não é amor...
É apenas uma doce e louca amizade...

LENDA DA DEUSA DA NOITE

Bem antes da criação, quando a Terra ainda estava perdida nas brumas que a cobriam, havia uma Deusa da Noite que vivia feliz em seu mundo escuro.
Nascida do Caos, jamais havia visto a luz; seu reino era o universo negro. Percorria a escuridão em seu cavalo negro e se acreditava feliz, até que um dia, penetrando através do Éter, um Raio de Luz alcançou a deusa. Era outro filho do Caos.
Irrequieto e inconformado com a ordem das coisas, penetrou num mundo que não lhe pertencia. Quando a deusa sentiu o calor da luz, ansiou por mais. Quis mais daquela luminosidade que transformara seu manto em estrelas prateadas...
Mas o raio de luz era fugaz. Surgia e desaparecia feito relâmpago em noite de tempestade e, por mais que ela tentasse, não conseguia alcançá-lo. Não havia como segurá-lo...
A Deusa foi se entristecendo. Agora não mais percorria o céu pelo prazer do galope, mas à procura da doce luz que lhe mostrara vida além das trevas...
Mas o Raio brilhante surgia apenas quando queria. Efêmero em sua passagem, não chegava a clarear a noite...
A pobre deusa, exausta das longas esperas e das tantas procuras, clamou ao Caos que a alegrasse, que lhe desse luz e beleza para atrair seu amado Raio brilhante...
Caos, comovido com o sofrimento da filha, iluminou-a enchendo seu manto de estrelas e enfeitou-a com a Lua. Deu-lhe longas asas e uma imensa tocha para anunciar sua chegada, mas o que a Noite queria era o seu Raio de Luz e este não surgiu mais... Tão logo ela despontava, ele se recolhia.
Ela então sentava-se no mais alto dos rochedos do Universo, fechava seus olhos e imaginava-se inundada de brilho e calor... Descobriu que assim o tempo passava suave e sem dor...
E passou a correr ao rochedo mais vezes e descansar ali suas dores e saudades do amor impossível. E foi assim que, fruto de sua procura e sofrimento, nasceu o sono e a legião de sonhos...
E este foi o legado da Deusa da Noite à humanidade:
A fuga do sono; alento ao espírito cansado;
E a beleza dos sonhos; esperança aos corações apaixonados.

AQUARELA

Eternos sonhadores em busca do amor perfeito,
Vamos caminhando sem rumo pela vida.
Quando pensamos tê-lo encontrado,
Começamos cuidadoso e delicado trabalho.
Como o artista desenhando uma aquarela,
Escolhemos minuciosamente as cores-palavras,
Desenhamos com carinho as linhas-gestos,
Acreditamos estar fazendo belo trabalho.
Se acaso pequeno rabisco surge na obra
Choramos e nos culpamos pelo erro.
Tentamos corrigi-lo...
Apagando-esquecendo deslizes...
Encobrindo traços-mágoas dolorosas...
E ao final, quando cremos a harmonia,
Quando pensamos que a obra está bela;
Quando traços-sentimentos e cores-verdades
Completam-se em união perfeita
Eis que um respingo de tinta forte
Cai malicioso e estraga toda a beleza...
Desarmoniza a paz... Infiltra-se pelas cores...
Obra tão bela... Agora destruída...
Borrada... Rabiscada... Amargurada...
Desfocada e desiludida...
Melhor rasgá-la? Julgá-la perdida?
Será a tinta mais forte que o lápis?
A tinta é a realidade ou a ilusão?
Queria apenas minha aquarela de volta...
Bela e suave como a desenhei...

AMIGOS SÃO ANJOS

Os verdadeiros amigos são anjos !
Descobri essa irrefutável verdade ao perceber o quanto são raras essas preciosidades que chegam de repente na vida da gente e se alojam devagarzinho em local especial e essencial da nossa existência.
No decorrer dos anos, encontramos vários tipos de anjos:
Alguns são sonsos, vão se apoderando do nosso carinho como quem não quer nada, até que, quando percebemos, já lhes dedicamos nosso afeto integral...
Outros são mais atirados; já chegam mostrando claramente com seus olhos sinceros o quanto nossa amizade é importante para eles...
Alguns chegam necessitando de curativos nos ferimentos causados por amigos que não eram anjos...
Outros chegam para sarar nossos próprios ferimentos...
Alguns são leves e divertidos; nos mostram a alegria da vida...
Outros, não menos honestos, nos mostram a seriedade com que a vida deve ser enfrentada...
Alguns têm suas qualidades tão à mostra, que a um primeiro olhar já sabemos a que vieram...
Outros têm essas mesmas qualidades muito bem guardadas e precisamos ir desvendando-as aos poucos...
Alguns esbarram na gente numa esquina qualquer, sem avisar, e nos dão carinhos reais, sorrisos reais, proteção real...
Outros chegam através da telinha de um micro, nos sorrindo de longe, sem rosto, sem forma, sem voz, mas são igualmente anjos...
Seus carinhos são telepáticos, mas conseguem nos perceber tristes ou alegres através da fria máquina e nos fazer sentir abraçada, acarinhada, querida...
Uns não são melhores nem piores que os outros; são apenas diferentes, com suas qualidades que devemos salientar, com seus defeitos que devemos enfrentar (pois quando gostamos temos compromisso de ser fieis até aos defeitos do nosso anjo).
O importante é tentarmos, ao longo das nossas vidas, termos sempre algum anjo com o qual possamos contar nas horas difíceis pra nos dar alento e nas horas alegres pra rir com a gente, rir da gente, da vida enfim...

O importante é termos anjos...
O importante é sermos anjos..

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O SEMEADOR

E eis que de repente acontece o que parecia improvável; o amor chegou.
Moleque sem nenhuma noção de comportamento social, entra sem pedir licença, se acomoda confortavelmente na sala principal, com seus olhos límpidos de quem sabe que veio pra tomar seu lugar de direito.
A casa não estava preparada para receber nenhum hóspede; parecia mesmo trancada e inviolável com seus vários cartazes avisando que a área era particular, que não era permitida a presença de estranhos. Mas este menino parece não saber ler, ou se o sabe, faz questão de ignorar aquilo que não lhe interessa.
Bem, o certo é que ele entrou. Chegou, deitou seu corpo cansado no melhor recanto, descalçou os sapatos sujos da poeira das experiências passadas e saciou sua fome e sede neste recanto ha tanto tempo vazio da presença de estranhos.
E, como um mascate, me ofereceu o que tinha. Quis me vender sonhos, hesitei; me mostrou contas coloridas de ilusões, estas eu já as tinha. Do fundo de sua sacola cheia de marcas dos tempos, retirou a loção da eternidade; me interessei pessoalmente por esta, mas num átimo de desfaçatez não quis mostrar tanta empolgação, afinal viver não tem de ser pra sempre.
Eis que com uma naturalidade que já lhe parecia possível ante tão frondosa invasão, me ofereceu "amor" , meu coração pulsou e eu não soube me conter, enrubesci, não consegui disfarçar a minha ignorância sobre tal.
Ele quase que um maltrapilho me sussurrou, não que estivesse realmente sussurrando, mas sua voz me soava assim. Contou-me que o amor, ele trás sempre na parte mais escondida de sua bagagem, pois sabe que sempre se oferece primeiro os prazeres e que o amor, apesar de ser o maior destes prazeres, pede calma, vontade, lucidez e entrega e não se entrega à ilusões sem que se permita a realidade. Não se sonha sem antes o experimento e a eternidade. É possível sim, viver não é pra sempre, amar o é, atravessa todas as dimensões e nestes labirintos de emoções, supera-se e nos remete sempre ao sempre.
Adilson e Lucia

CARMA

Sentir que o momento passou... Fugaz, sem deixar marcas neste espírito...
Envolvimento que de tão profundo não deixa sinais superficiais; estão guardados na essência desta alma que foi sua guardiã durante estes segundos de eternidade que vivemos...
Inconseqüentes em sentires vetados a seres como nós, hoje procura-me pelos corredores da vida. Não me achas... Escondo-me nos vãos das escadas que esqueces de percorrer...
O medo ainda é meu sentimento mais intenso; leva-me com sua luz ofuscante para cada vez mais longe de ti e de tudo que possa retomar-me e guiar-me em sua direção...
Corro. Desatinada, corro em velocidade que só as almas amedrontadas pela força incontrolável do sentir desenfreado conseguem alcançar...
Anos-luz percorro para longe de ti para, ao final, descobrir que continuas a meu lado, à minha frente, em mim...
Coração descontrolado que insiste em guardar aquilo que envelheceu, gosta de amadurecer sentires ao invés de descartá-los. Torna-os mais forte, feito árvore frondosa que finca impiedosa suas raízes cada vez mais fundo neste chão machucado e fértil.
Quisera-me seca. Terra árida onde esta semente jamais pudesse nascer ou, onde teimosa em nascer, visse a desesperança em crescer e procurasse terras melhores e possíveis para fazer sua casa.
Mas amoleço-me ante suas tentativas. Abraço-o feito a terra.
Envolvo a semente e deixo que se abra e espalhe sua força por todos os poros de sentimentos do qual sou formada... Sou toda ela.
Torno-me invólucro sagrado e nunca profanado de um amor que percorrerá a eternidade intacto. Passem os vulcões, os furacões e todas as intempéries e aqui ainda estará intocável.
Guardo-o com minha alma imortal que não sucumbirá ante nada. Creio nem a morte ser forte a derrotá-lo. Assim vejo esta sina que carrego...
Karma de paixão que rondará todas as vidas que meu espírito possuir. E em todas as vidas estarei aqui, ansiando esquecer, sufocando o sentir, fechando os laços...
Laços que hoje apertam e enforcam. Condenam-me a não brilhar, mesmo possuindo energia para iluminar o mundo...
Condenam-me a ser opacidade quando anseio a claridade...
Condenam-me ao medo quando sonho com a entrega...
Castigo de amor...
Porque sinto, e odeio-me por sentir...

DEVANEIOS

Sonho. Enlevo. Ilusão.
Amor. Infinito. Indivisão.
Eternidade. Olhos. Paixão.
Alma. Corpo. Coração.

Tempestade. Voragem. Furacão.
Desesperança. Lágrima. Solidão.
Distância. Vulcão. Erupção.
Dor. Despedida. Desconjunção.

Tempestade de sonhos: fiz-me furacão...
Desesperança de amor: revesti-me de paixão...
Distância eterna: fiz-me solidão...
Desconjunção de almas: perdi meu coração...

FRAGMENTOS DE CARTAS

Todos devem ter a opção de escolher. Mesmo que algumas vezes sejamos preteridos, haverá uma vez em que olharão para ti com olhos de passado, de presente e futuro. Tudo misturado num sorriso de amor e reconhecimento. Neste dia você verá que valeu a pena todas as desilusões e esperanças perdidas, todas as lágrimas e pensamentos tristes.

Somos tão intricados em nossos sentires, que buscar emoções retilíneas seria loucura inconcebível... Somos seres complexos e, muitas vezes, contraditórios... Talvez nisto resida nosso encanto... Talvez por essas diferenças é que nos sentimos atraídos e amamos pessoas tão distantes e distintas de nós...

Talvez Deus nos avise o tempo inteiro, desde o inicio das muitas existências pelas quais passamos, que tenhamos calma... Que saibamos esperar o momento oportuno, o amor verdadeiro...
Somos nós, que em nossa sede e ansiedade de nos sentirmos amados, precipitamos os acontecimentos e nos deixamos guiar por sentimentos também belos e sinceros, mas que não são eternos...
Mas pode ser que Deus apenas queira nos testar... Saber até que ponto o Amor nos impulsiona... Saber em que escala o colocamos em nossas vidas...
Talvez Deus queira nos mostrar que o Amor jamais será sentimento inoportuno para aqueles que se deixam guiar por suas leis... Que nenhum caminho traçado pode com sua força...
Quem sabe Deus queira que as pessoas apenas o sintam e se deixem levar por este sentimento???? Que não se esqueçam de suas vidas, mas que as completem com o que o Amor pode lhes dar, mesmo quando tudo parece impossível...
Não sei o que o Senhor pretende ao nos fazer amar, mas entendo que não colocaria em mim um sentimento tão forte e belo em vão... Algo de muito bom Ele reservou ao me presentear com este amor...
E eu não vou rejeitar este presente...

Não consigo viver sem amar alguém, sem estar apaixonada por alguma pessoa ou projeto ou seja lá o que for. Não sei me levantar sem ter pelo que, ou por quem, suspirar. Adoro a sensação de estar amando, do “sonhar acordada” e todas essas coisas...
Esse amor, paixão ou que alguém lhe dê o nome que quiser, é que me faz acordar e correr pra vida com vontade e rapidez.

Você tem me feito sonhar fora de hora. Naquelas horas em que os olhos estão abertos, o corpo em atividade (pouca, né?) mas os pensamentos voam e divagam imaginando cenas que o coração quer viver. Sonho todas elas em slow motion, para que se demorem por aqui.

Percebo que fico me protegendo, guardando amores eternos na esperança de não destruí-los e, ao final, só vejo um monte de pedras. Eles se perderam por falta de cultivo.

Já me vejo ainda te amando daqui a um tempo, que não sei precisar que tempo. Me vejo rindo contigo de situações que ainda pertencem a um futuro incerto. E rimos de nós, dos outros, da vida e, principalmente PARA a vida, que não tem nenhuma chance diante deste encantamento que nos abraçou. Quero este abraço eterno. Quero o seu abraço tantas vezes prometido, inúmeras vezes sonhado e ansiosamente esperado...

Se alguém me radiografar, vai te achar sorrindo lá dentro...

Custei tanto a perceber que éramos dois e, portanto, cada um havia contribuído com sua cota de acertos, de erros e de todas estas coisas que montam e definem um relacionamento. Custei a perceber que dei o que eu possuía de melhor e que este melhor foi verdadeiro e cristalino. Bem, se eu fiz isso então do que me culpar ou cobrar? Apenas não era a hora ou a pessoa certa.

Sentimentos são o que são e pronto. Algumas pessoas amam incondicionalmente; outras apenas amam. E há também algumas que não sabem ser amadas.

Benditas as máquinas e invenções modernas que me possibilitaram amar aquilo que não é aparente, apenas a exterioridade. Que me fizeram conhecer o que está encoberto sob camadas infinitas de máscaras, cuidadosamente colocadas com a intenção de protegê-lo das dores e sofrimentos.

É muito bom estar amando. Sempre tive o coração preenchido de amor. Não sei viver sem senti-lo, mas não imaginava que ainda pudesse sentir assim. Pego-me rindo sozinha, busco durante estes dias parados algo que me deixe mais próxima de ti. Imagino-o trabalhando, almoçando, pensando em mim. E quase consigo me ver aí. Quase dá pra te tocar e perceber que você se vira imaginando que foi algum pernilongo que lhe pousou. Deixa meu amor, sou eu te fazendo um carinho...

Finjo aqui que estou aí e vou quietinha, na ponta dos pés, até o quarto onde você dorme e te beijo bem de levinho... Me sento e fico a ouvir seus sonhos, a ler seus pensamentos e me percebo neles... Estou aí e acredito nisso....
São pequenos detalhes que formam, que nos formam, completos. Quando os vamos desvendando, longe de parecermos sem o sabor das descobertas, estaremos na verdade mais perto, menos temerosos e mais confiantes de que todo este furacão que nos alcançou está nos levando pra vida; pra felicidade de viver inteiro. É assim que quero viver este amor: inteiro.
Se é pra sair pro mundo, eu saio...
Se é pra deixar o mundo entrar aqui, com suas loucuras que muitas vezes me amedrontam, eu deixo...
Se é pra arriscar esse vôo livre, sem imaginar o que posso encontrar ali do outro lado da montanha, eu vôo...
Mas só o faço se você segurar minha mão. Se se mantiver aqui do meu lado, mesmo nos momentos em que eu embirrar de dizer que não vou, que tenho medo e que prefiro viver aqui hibernando...

Eu encontrei o arco-íris e senti suas cores. Não sei mais viver em preto e branco...

CAMINHANTE

Nunca havia caminhado verdadeiramente só, mas sentia-se solitária.
As companhias, que por longos ou pequenos trechos de vida lhe haviam servido de presença, eram apenas figuras indistintas, nunca dotadas de maior importância.
Nunca lhes pedira apoio nos piores trechos; não lhes contara das bolhas dolorosas causadas pelos terrenos pedregosos ou do cansaço que muitas vezes lhe dominara o corpo, fazendo com que ansiasse por uma parada, pequena que fosse.

Sentia-se solitária porque sua caminhada era feita por terras estranhas, países estrangeiros... Faltava-lhe um lar...
Quem a via não lhe enxergava as cicatrizes. Acreditavam-na imune à passagem do tempo, pois ali a amargura não havia fincado suas raízes. Ela ainda confiava que o futuro pudesse levá-la àquele recanto a tanto tempo sonhado. Tantas vezes olhada e tratada como menina frágil e despreparada para as inconstâncias deste mundo muitas vezes cruel. Tantas vezes poupada de verdades que a fariam crescer e refletir, por subestimarem-lhe a força interior...
Nunca vislumbraram ali a guerreira forjada nas durezas e decepções do tempo. Mas ela estava ali. Sempre ali.
Revestida da couraça de sorrisos que sempre se impôs na esperança de ser aceita. Irrestritamente aceita.
Necessidade imensa de sentir-se amada e “em casa”.
Por vezes até acreditou ser possível. Por vezes até pensou ter chegado. Por vezes até sonhou... Mas logo a parede de encantamento ruía e lá estava ela diante do mesmo quadro já tão familiar; quadro de paisagem desértica onde sua figura era o único ser a habitar... Cena de solidão...
Que fazer diante da desesperança? Lutar contra? Pode parecer fácil a principio mas, com o tempo, somos subjugados pela sua força; tornamo-nos descrentes. Assim ocorreu aqui...
Mas o Tempo, este poderoso e inexorável Tempo, mostrou a verdade quando a vida já havia sido preenchida de mentiras e ilusões. O Tempo mostrou você.
Trouxe-o para a minha vida em momento de completo descrédito neste sentimento tantas vezes cantado e poetizado, mas por tão poucos vivido em sua plenitude. Que fazer diante do que ora me acontecia?
Esta foi a primeira pergunta a ecoar na mente e coração já tão desgastados de ilusões.
A primeira resposta foi dada pela Emoção:
__ Fuja minha amiga! Fantasias são belas quando contadas em livros, com personagens fictícios, nunca são belas quando somos nós a vivê-las e sofrê-las.
Escutei atentamente seu conselho e até me decidi a segui-lo, mas aí veio a Razão e disse-me:
__ Porque não fica e vê o que pode acontecer? Que tens a perder? Receba os carinhos, mesmo que nem sejam verdadeiros e mantenha-se distante. Não se envolva ou se entregue e estarás segura.
A partir daí começou uma briga entre minha enorme emoção e aquela pequenina (e nunca cultivada) razão. Parecia Shakespeare em sua eterna dúvida entre ser ou não ser. Fico ou parto?
Mantive-me quieta e passiva. Nada fiz para atrair, não me movi para repelir. Quieta e imóvel me mantive. Outra ilusão, pois minha passividade deixou-me à mercê do danadinho do amor que veio se chegando devagarzinho e traiçoeiro se instalou por aqui. Quando percebi sua presença, já não era mais possível retornar.
Amor é bichinho que quando se aloja, parece vírus polimorfo; quando você o descobre, ele já se espalhou pelo corpo e alma de tal forma que para extinguí-lo é preciso extinguir quem o carrega, e nem isso é 100% seguro.
E foi assim que me aconteceu. Joguei por terra teorias cuidadosamente construídas em 36 anos de vida planejada e controlada por minhas vontades. Perdi aquela mania de dirigir atos; esqueci do orgulho que me fazia seguir adiante sem olhar pra trás e que machucava quem não conseguia me acompanhar os passos; tornei-me mais humana, enfim.
Culpa do danado do Amor. Culpa daquele que me contagiou com sentimento que transborda através dos olhares apaixonados que me lança; das palavras carregadas de emoção que me escreve ou diz.
Culpa sua, toda sua...
Mas se a culpa é sua, a felicidade é minha... Me descubro melhor a cada dia; me descubro amando mais... Mesmo pensando que o sentimento já é maior que o mundo, daí a pouco percebo que ainda encontra espaços para se expandir sempre mais... Amo sem medos; tenho certeza que sou amada como jamais o fui: plena e intensamente, ignorando barreiras e distâncias... Apenas amando e buscando a felicidade neste sentir que contagia, embriaga e nos faz sonhar uma vida mais real...
Já não me imagino caminhante solitária... Encontrei meu lar quando descobri que nesta paisagem existe alguém que se arrisca por mim... Que se lança comigo do mais alto monte neste vôo pelos céus dos afagos, carinhos e prazer no qual nos alçamos e pretendemos voar pelo resto dos tempos que esta vida nos quiser proporcionar...

PRESENTES

Entre todos os presentes que a vida me ofereceu, três me são especiais e amados como nunca imaginei ser possível amar...
São três seres universais que, em sua passagem pelo planeta Terra, decidiram pousar aqui junto a mim...

O primeiro a chegar foi um lindo Asteróide.
Veio com seus imensos olhos luminosos e, ao primeiro olhar, eu já sabia que trazia consigo todos os sonhos e esperanças que eu mesma carrego.

O segundo presente veio em forma de Cometa.
Seu brilho e inquietude são pura energia a envolver quem dele se aproxima...
Traz consigo todas as perguntas...
Eterno caçador de respostas...

O terceiro presente foi surpresa infinita...
Depois de um cometa e um asteróide, recebo uma luminosa Estrelinha.
Encantada... Brilhante... Sonhada...
Sua função é trazer luz e calor à minha vida.
Traz na alma todos os desejos e expectativas de felicidade...

E eu, caminhante comum, vivo desde então cercada de céu e brilho.
Sustento-me das suas energias inesgotáveis...
Revivo em seus sonhos...
Renasço em seus sorrisos...
Morro mil vezes com suas lágrimas...
São minha razão, minha emoção mais plena...
Cresço vendo-os crescerem...
Redescubro a vida através dos seus olhares...

Meu Asteróide sonhador...
Meu elétrico Cometa...
Minha doce Estrelinha...
Meus desejos, os mais sonhados e ansiados, voltam-se todos na expectativa de que sejam felizes;
que aceitem meu melhor e mais precioso bem, que é a alegria de viver...

Meus doces presentes...
Suas luzes são meu farol...
Suas alegrias são meu combustível...
Suas vidas são meu melhor motivo para caminhar sempre em frente...
Agradeço ao Universo pela generosidade ao me presentear com cada um de vocês...
São a força que me move... Sempre... Infinitamente...
São a maior expressão de amor com a qual Deus nos presenteia...
Meus presentes.... Meus filhos....