domingo, 12 de agosto de 2007

DIÁRIOS E DELÍRIOS

Rodeada de papéis, canetas e diários pareço distante e concentrada no trabalho.
Quem me olha vê aqui o protótipo da professora: caneta em punho preenchendo intermináveis quadradinhos, óculos escorregado para a ponta do nariz e as provas, exercícios e trabalhos que parecem avolumar-se em ritmo que não consigo acompanhar. Quanto mais os corrijo, mais deles surgem diante de mim.
Mas a expressão concentrada logo se suaviza e um sorriso teima em surgir. Penso em você neste momento. Em meio a pilhas de trabalhos, um nome insiste em se sobressair.
Um aluno analisa uma poesia de Brecht e me faz recordar noites de músicas e poesias sussurradas através do telefone. Penso no quanto Brecht é bom, em como o aluno foi feliz em sua análise e no quanto eu amo você. Penso também, logo a seguir, que está difícil me concentrar no trabalho quando minha alma está tão longe...
Faço uma pausa. Café (se estivesses aqui, me dirias para diminuir as doses), cigarro e pensamentos cheios de saudades...
Retorno aos intermináveis diários para abandona-los mais uma vez.
Escrevo-te uma carta...
Começo a correção das provas.
Interrompo e te ligo...
Chamo minha atenção para o trabalho que me espera.
Venho escrever esta crônica...
Vencida, me entrego às lembranças e adio o trabalho para um momento futuro quando sua presença não estiver assim tão forte.
O trabalho e a vida podem esperar; meu amor não.

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