domingo, 12 de agosto de 2007

FÊNIX

Durante muito tempo juntei sentimentos como a Fênix junta galhos e ramos e deles forma o ninho que será seu sepulcro.
Juntei cada amargura, cada desamor e fui aninhando-os no peito e, feito a ave, fui sentindo-os...
Quando achei que não mais os suportaria, quando acreditei que viveria cercada de dor, deitei-me sobre todos. Encharquei-me de lágrimas, sentindo-os, cada um, mansamente. Vi-os dolorosos, mas fonte de crescimento.
E ali começou minha despedida. Cuidadosamente, acendi o fogo do esquecimento e, como a Fênix, deitei-me para a morte...
Quando nada mais de vida me restava, quando a morte se apossou integralmente de mim; quando as esperanças se findaram completamente; renasci. Mais forte, mais combativa e, por que não dizer, com menos sentimentos...
Hoje, quando olho para trás, só vejo as cinzas; lembranças do que fui um dia:
Tola menina romântica e apaixonada, doce criança embriagada pelo amor. Foi ela quem se transformou em cinzas...
Renasço hoje para a vida. Sem olhos de saudade... Sem esperanças vãs...
O amor ainda será meu eterno guia, a alegria minha eterna companheira, mas as ilusões... Estas voaram ao vento, alcançaram os céus e se perderam nas nuvens...
Nuvens onde eu antes vivia, quando ainda não sabia caminhar na terra, na dura e árida terra da realidade.

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