domingo, 12 de agosto de 2007

AQUARELA

Eternos sonhadores em busca do amor perfeito,
Vamos caminhando sem rumo pela vida.
Quando pensamos tê-lo encontrado,
Começamos cuidadoso e delicado trabalho.
Como o artista desenhando uma aquarela,
Escolhemos minuciosamente as cores-palavras,
Desenhamos com carinho as linhas-gestos,
Acreditamos estar fazendo belo trabalho.
Se acaso pequeno rabisco surge na obra
Choramos e nos culpamos pelo erro.
Tentamos corrigi-lo...
Apagando-esquecendo deslizes...
Encobrindo traços-mágoas dolorosas...
E ao final, quando cremos a harmonia,
Quando pensamos que a obra está bela;
Quando traços-sentimentos e cores-verdades
Completam-se em união perfeita
Eis que um respingo de tinta forte
Cai malicioso e estraga toda a beleza...
Desarmoniza a paz... Infiltra-se pelas cores...
Obra tão bela... Agora destruída...
Borrada... Rabiscada... Amargurada...
Desfocada e desiludida...
Melhor rasgá-la? Julgá-la perdida?
Será a tinta mais forte que o lápis?
A tinta é a realidade ou a ilusão?
Queria apenas minha aquarela de volta...
Bela e suave como a desenhei...

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