domingo, 12 de agosto de 2007

FLOR VENENOSA

Vai embora, meu amor
Alegria aqui é taça vazia
Que rodeia uma garrafa também vazia
Vai já, minha vida sonhada
Aqui não encontrarás consolo pra dor
Aqui não descansarás da tua fadiga
Sou poço ressequido pelo tempo
Onde sempre tem alguém jogando terra
A cada olho d’água que teima em surgir
Há carroças de areia para enterrá-lo
Que posso eu dar em troca do que me ofereces?
Impossibilidades e decepções? Não quero e não vou.
Sou planta frágil diante da fome de formigas assassinas
Elas estão me devorando tanto! Já me mataram as raízes.
Apenas espero que venham buscar minhas últimas folhas,
Estão feias e sem sabor, ressecadas pelo vento e sol.
Vai depressa, meu amor.
Aproveita meu descuido e corre pra bem longe daqui.
Pode ser que amanhã eu mude de idéia e acabe por prendê-lo.
Aproveita minha fragilidade e se vá sem demora.
Esqueça este cacto espinhento e venenoso; sempre te fará mal.
A cada aproximação espetarás um dedo e chorarás. Sou má.
Meu abraço fere; meu beijo esfola e meu amor estrangula.
Vai embora, meu amor... Vai embora...
Fui criada pra envenenar, porque teimas em me amar?
A natureza que me rodeia nunca me deixará livre
Sou parte dela e é nela que devo me consumir
Assim, como quem nem liga ou sente; apenas murcha...
Sozinha, meu amor... Sempre sozinha...
Vai, meu amor... Vai embora...

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