quarta-feira, 8 de agosto de 2007

AMOR, POSSÍVEL AMOR

Estranhos que se buscam como as ondas procuram a areia, assim se descobriram. Acaso, destino ou o nome que queiram usar, juntou almas estranhas, pessoas distintas que, como marionetes, deixaram-se levar pela magia do que lhes surgia.
Encantaram-se com letras e vozes. Sonharam-se juntos antes de cruzarem os olhos. Imaginaram impossíveis, ansiaram encontros, acreditaram que poderiam.
Jogados, muitas vezes, em lados opostos, retornaram sempre. Temeram, quiseram recuar, mas perceberam que era tarde demais; o amor já os havia possuído e dele não sabiam, ou não queriam, se desprender.
Diferentes demais, talvez parecidos em excesso, desencontraram-se muitas e muitas vezes, para, em cada partida, perceberem a impossibilidade de manterem-se distantes. Os retornos, tão dolorosos quanto as idas, chegavam carregados de dores, mágoas e medo, mas também de muita saudade...
Intensos e sedentos, amavam sem medidas, com a mesma fome com que sofriam. Talvez aquela fosse uma paixão dessas que devastam tudo para, em pouco tempo, se extinguir completamente, deixando dormentes e sem forças os possuídos por ela.
Mas o tempo, longe de suavizar o que sentiam, tornou-os mais consistentes e seguros do que queriam. Deu-lhes segurança e certezas e, longe de diminuir os vulcões interiores de cada um, os tornou mais incontroláveis no sentir, que ora cospe labaredas em tudo e todos que estão à volta mas, em momentos cada vez mais constantes de paz, se aquieta e aninha na certeza de que o amor é possível e está ali, feito dádiva sagrada com que os dois foram abençoados. Laços indeléveis e eternos do qual não querem se desprender...

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