quarta-feira, 8 de agosto de 2007

PERDAS E DANOS

Triste, melancólico e deprimente é o sentimento de abandono. Dói sem cortar, parece não haver sangue, mesmo que se saiba que ele flui incansável e rápido pelas veias e acelera os batimentos desordenados de um coração que clama por um pouco de paz.

Amargo, áspero e árido é o sentimento de abandono. Dor profunda e seca, impressão de deserto eterno, de sentimentos esquecidos e desamparados, que vagueiam perdidos, quem sabe em busca de um oásis de sombra e umidade, água doce capaz de lavar o sal acumulado das lágrimas perdidas e constantes.

Silencioso, soturno e introspectivo é o sentimento de abandono. Não fala, muito antes da vontade, se cala e chora só, nos recantos escondidos de buracos sombrios. Afasta o riso e as cores, quer negrume e solidão, mesmo que rodeado de mãos que oferecem ajuda; quer sofrer o abandono na quietude da própria dor.

Corajoso, atrevido e intrépido é quem enfrenta o sentimento de abandono. Engole o pranto, veste máscaras e finge risos e felicidade. Encara as próprias tempestades, enfrenta a solidão e chega a pensar que não demora a passar. Acredita, após a passagem do tempo, que pode recomeçar, que o futuro será diferente e, por vezes, até vislumbra rasgos de cores em meio ao breu.

Alegria, riso fácil e serenidade é do que precisa quem sofre do sentimento de abandono. Sonha com épocas leves, carinhos suaves e riso solto, que se desprende fácil sem grandes motivos, apenas pelo fato de se estar vivo e pulsante. Busca-se no passado resquícios de felicidade, sobras de momentos que deixaram sabores eternos e cores inapagáveis.


E enquanto persiste, dói.
Enquanto dói, machuca e fere.
Enquanto fere, deixa marcas.
Enquanto marca, nos faz resistentes.
E enquanto resistimos, esquecemos.
E quando esquecermos, nos faremos prontos para recomeçar a mesma história...
Sempre e incansavelmente, até termos encontrado nossa verdadeira casa...

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