quarta-feira, 8 de agosto de 2007

CARTINHA

“Perdidos em mim,
Perdidos em ti,
Estamos sempre no outro “


Meu amor,

Hoje acordei com uma vontade tão grande de te escrever, mas este tempo já passou, não devo ou não posso mais. Insistente que sou, escrevo ainda que seja só pra mim...
São 3 horas, ou 15 como você sempre insistia em me corrigir, mas aqui na roça o tempo só vai até meio-dia e depois voltamos a contagem. Não existem 13, 14, mas 1 e 2 horas. Deve ser preguiça em decorar 24 horas distintas, quando podemos usar apenas 12.
A vida e as pessoas do interior são tão diferentes, acho que sequer imagina, você que sempre esteve rodeado de prédios e concreto; eu, ao contrário, ainda tenho cheiro de mato na alma. Nunca perderei esse jeito de interiorana, por mais que já conviva na intimidade com as cidades grandes.
Ando até me questionando se sentimos diferente, mas sempre concluo que sentimentos são universais e independem de geografias.
Passei todo o dia pensando no que poderia te dizer que ainda não escrevi ou falei; que coisas poderiam ser diferentes das tantas que já nos dissemos. Não encontrei nada.
Meu desejo era, ao escrever, mostrar o quanto, apesar de todos os pesares e distâncias, tenho te amado mais e mais. Tentar, com palavras, mostrar aquilo que vai aqui no meu coração, ainda tão preenchido de ti.
Antes era sempre tão fácil. Bastava ver uma folha de papel ou a tela branca do micro e lá estavam meus dedos voando loucos pelas teclas, contando do meu encantamento, das tantas surpresas e expectativas que ter você em minha vida significavam.
Havia espaço para o sentimento e para as letras dentro em mim. Depois o amor tomou tudo, espalhou-se poderoso por cada poro e tomou o espaço das palavras, que se tornaram pequenas demais diante dele.
Que paradoxo este em que, quanto mais te amava, menos conseguia dizê-lo; quanto mais ansiava dizer coisas que te mostrassem que aqui estava alguém que lhe tinha um tantão de sentimento, insistente em só se fazer crescer, menos as letras se alinhavam.
Logo eu, que sempre achei mais fácil escrever do que dizer, me vejo assim, despalavreada. Minhas amigas de toda uma vida me abandonaram, quem sabe na esperança de que eu parasse de explicar aquilo que nasceu para ser apenas sentido, e me deixasse ser levada e possuída a cada dia mais por esta avalanche de paixão onde, longe de resistir, me deixei arrastar mais e mais, pois sabia que, ao contrário de qualquer outra, esta me levava sempre e mais para cima, para o topo do mundo, onde existia apenas a certeza do quanto era feliz contigo.

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