quarta-feira, 8 de agosto de 2007

CONTAGEM

De idas e voltas, viagens e lágrimas, muitas vezes disfarçadas em risos, tentativas de se manter longe da insanidade que é sua ausência, foram-se três anos. Longos, fugazes; segundos quando se pensa em ansiedades e desejos, séculos se imagino a vida antes da sua chegada.
Feitiço? Loucura? Carência? Nada menos que amor, sentir que enfeitiça, me faz louca e insana, numa carência de mais e mais que nunca se finda, que pede e exige sempre mais e, quando crê-se impossível, desdobra-se, aumentando até parecer que irá me partir, tamanha força e grandeza. Não se cabe naquela que possuiu.
Por vezes sinto-me impotente diante de sua força, que me toma e atropela em rasgos de saudade, fome de presença e toques, que machucam e fazem-me querer esquecer, quem sabe atenuar, tamanha é sua tempestade, arrasando minhas energias e me fazendo fraca diante de seu poder sobre minha consciência e racionalidade.
Há tempos sou conflitos. Navego meus dias sobre este amor represado, que busca dias de mar a fim de desaguar suas correntes e saciar sua vontade de se perder no abrigo de ondas que o levem a lugares de onde não deseja voltar, mas, empurrado pelas marés da realidade, vê-se retornando sempre e sempre... Até quando não sabe prever...
Por vezes sou dor. Deixo que o choro me tome, me lave e alivie a impotência que sinto diante da vida que construí antes de saber de sua chegada. Queria-a, nestes momentos, limpa, em branco, à espera de que escrevesses nela de forma a caber na sua, sem rabiscos, como passada a limpo. Impossível, sei, mas é só vontade e sonho, daí permito que seja como eu queria.
Quando juntos, sou risos. As horas passam velozes, como se conspirassem para que eu não perceba o quanto é bom. Daí a pouco acabou, vejo-me de volta e começa tudo novamente. Contagem de dias até o próximo encontro; de horas até te ouvir ou ler. O amor se potencializa na distância, faz com que o outro pareça perfeito e até inacessível. Quando perto é homem, quando longe é quase um deus inacessível. Só o amor não se abstrai ou muda, ao contrário, permanece integro, forte e incansável à espera de que um dia, que ele não sabe quando, correrá sereno e ininterrupto, ao lado teu. É o que o faz grande e verdadeiro...

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