sábado, 4 de agosto de 2007

SONOLENTA?

O medo a princípio era senhor absoluto de todos os gestos. Desejo insaciável de perfeição perante olhos perscrutadores e suaves. Olhos que pareciam atravessar essa couraça de sociabilidade que nos obrigamos a cultivar para viver.
As mãos não sabiam se manter quietas; gesticulavam desordenadamente feito bebês nos primeiros passos. Tropeçavam, abaixavam-se e novamente estavam descrevendo arcos à minha frente. Não conseguia controlá-las.
E os olhos postos em meu rosto me desnorteavam e amedrontavam cada vez mais. Baixava os meus na esperança de recuperar aquela altivez que exerço quando vou dar aulas ou falar à um público estranho, mas era inútil.
A situação ali era diferente demais para qualquer tipo de dissimulação ou representação; eu estava diante de um amor que, até aquele momento, era apenas uma promessa de realidade e temia a sua perda, mesmo nunca o tendo verdadeiramente possuído.
Aos poucos fui começando a me sentir mais leve e menos temerosa ao perceber um brilho intenso naqueles olhos que também me fitavam cheios de medo (sei que aquele café forte também ajudou).
As mãos começaram a se aquietar e buscar aquelas outras mãos; a boca fez o mesmo percurso. E foi neste instante, quando me perdi completamente naquele beijo, que percebi que havia encontrado meu lar, a casa da minha alma que há 2 meses havia se mudado para uma grande cidade mineira...
Começava ali uma festa que duraria quatro dias e na qual ainda me sinto a cada momento em que meus pensamentos voam para aqueles dias de puro amor. Dias em que as descobertas foram infindáveis.
Dias de conhecer e deixar-se conhecer... Os anseios, os sonhos, os gostos, os corpos, os desejos...
Ainda hoje, depois de tanto tempo (e só se passou 1 semana), posso sentir cada toque, cada caricia e gesto que me levaram aos lugares mais belos e desconhecidos que um ser humano pode atingir em sua trajetória...
Ainda hoje consigo sentir seu amor e a alegria de saber-me amada como nenhuma mulher jamais o foi...
Ainda hoje posso sentir você inteiro e completo como foi ao meu encontro.
Sei que me sentes inteira como também cheguei até você...
Sonolenta, meu amor? Não. Apenas embriagada diante deste imenso amor que me alcançou e no qual quero permanecer envolvida até que seus olhos possam voltar a me envolver e essa dolência seja substituída pelo gostoso fogo que queima quando nos tocamos...

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