sábado, 4 de agosto de 2007

SAUDADE

No dicionário de nossas vivencias, algumas palavras são repetidas infinitamente...
Amor... Alegria... Felicidade...
Lágrimas... Partidas... Saudades...
Quem nunca amou desbragadamente e acreditou que seria eterno este sentir?
Quem não reuniu no rosto toda a alegria do mundo num imenso sorriso radioso?
Quem na vida nunca sentiu a felicidade bem coladinha a si, como se fosse permanente?
Em contrapartida, quem nunca derramou lágrimas dolorosas de tristeza e dor?
Quem nunca assistiu impotente alguém amado partir sem olhar pra trás?
E, finalmente, nunca sentiu a doce-amarga saudade a lhe apertar o coração?
Saudade que nem sempre é triste, que nem sempre é sinônimo de dor...
Existe a saudade do amor, daquele estado semi-inconsciente em que se mergulha...
Daquele riso fácil e tolo que só os apaixonados reconhecem...
Olhos perdidos a toda hora e lugar, fitando o lugar nenhum...
Olhares preenchidos pela figura de alguém que só aqueles olhos enxergam...
Saudade de sentir amor... De ter por quem ansiar e sonhar...
E há também a saudade de quando se era alegre e feliz, quando o riso vinha fácil até sem nenhum motivo... Mas quem se importa em parecer tolo? Melhor é ser alegre... Esta saudade é triste, porque assola quem já não possui alegria. E ai, fica-se ainda mais triste...
Pode-se sentir saudades das lágrimas? , você vai me questionar....
Sim, a saudade do momento em que se derramou sentimentos através do olhar. Quando se quer segurá-los, mas eles insistem em partir...
Então temos saudade é do sentir... Saudade do que foi antes da partida...
Saudades da saudade que sente-se a cada pequeno afastamento...
Saudades antecipadoras do encontro... Saudade que tem hora marcada para terminar...
Que sabe-se, vai durar apenas um dia ou uma hora, mas que será aplacada ao entardecer...
Doce saudade, feita de mil expectativas , alimentada de antecipações de reencontro...
Há a saudade do que já se viveu e amou, mas que por um motivo, e às vezes sem nenhum motivo, se acabou... Saudade do que se viveu... Nem sempre se quer voltar àquele amor, somente sente-se saudade porque foi bom... E, mesmo saudoso, é alegre porque um dia amou e foi amado...
Mas a saudade mais triste, a mais dolorosa e cruel, aquela que fere e deprime, é a saudade do que nunca se viveu. É a saudade que se fez impossibilidade...
Dói por não se ter lhe provado o gosto... Dói por ser vazia e sem cor...
Saudade sem imagens... Sem cheiros... Sem gosto... Sem frio ou calor...
Saudade do que nunca foi, do apenas sonhado e nunca realizado...
De todas as saudades, a que ninguém quer sentir, pois não é partilhada por alguém em algum outro lugar... Saudade individual... Unitária... Saudade solidão...
Que eu não viva para sentí-la...

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