quarta-feira, 8 de agosto de 2007

PASSIONALIDADE

Eu e a Vida tivemos sempre uma relação passional. Não imagino outra forma de encarar este percurso senão com paixão desmedida, tesão mesmo, e, assim como no amor, ousar e optar pelo tipo de relação que nos proporcione maior prazer.
Fico a imaginar quantas experiências ela já me fez provar nestes tantos (e nunca facilmente confessáveis) anos de existência...
Na infância eu a namorava, assim de longe, meio tímida, mas atiçada pela curiosidade de conhecer seus sabores, ainda nem imaginando que ela também, muitas vezes, nos proporciona dores.
Em adolescente, corpo e espírito em ebulição, em insaciável fome de tudo. Vontade louca de conhecer e, sem doses e censuras, me enfastiar daquilo que estava ali, bem à minha frente à espera de mim.
Com a maturidade, muitas vezes senti-me numa relação sadomasoquista. Ela de tudo fazendo a fim de me ferir, como se eu gostasse disso. Eu, por outro lado, fugindo às suas algemas e chicotes; tenho pavor a dores, mesmo as que não se refletem no corpo.
Tive períodos transcendentais, quando cheguei a crer que ninguém neste mundo possuía relação tão perfeita como a minha com a vida. Acreditei-me até feliz...
Depois da passagem inexorável do tempo e das tantas experiências, boas ou más, doces ou amargas, percebo que vivi nesta relação todas as nuances possíveis, sendo intensa e entregando-me com a mesma paixão da infância, a mesma intensidade da adolescência e a experiência da maturidade, afrodisíacos que mantém, a mim e à Vida, nesta relação, onde, por mais que ela me tire, acaba sempre por me acrescentar.

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