quarta-feira, 8 de agosto de 2007

DÚVIDAS

Conheci há muito tempo, hoje já não sei precisar em anos, meses, dias ou horas; só sei que eternidades já decorreram desde a primeira vez que o vi.
Envolvi-me tanto que pensei conhecê-lo por inteiro; desvendei-me da mesma forma e imaginava que assim, sabendo-nos, não haveriam conflitos ou mal entendidos. Ilusão minha.
Houve períodos em que acreditei sabê-lo como mais ninguém o havia descoberto. Cada gesto era claro de significados, cada palavra abria-me o dicionário de sua alma e até pelo jeito de olhar eu lhe sabia as perguntas sem que precisasse me formulá-las.
E quanto mais conhecia, mais me expunha, menos me encobria. Até que vislumbrei um estranho diante de mim. Alguém que premedita em se mostrar, que só expõe o que lhe convém e suas mais significativas verdades mantém-se submersas dentro de si.
Percebo tudo isso e me calo; nada reclamo ou cobro. Disfarço-me e começo o minucioso trabalho de encobrir-me lenta e cuidadosamente, até ser, eu também, um projeto daquilo que quero que veja em mim.
Será que amar tem que ser sempre assim?

Nenhum comentário: