Comecei a conhecer o mundo quando tinha por volta de 5 anos de idade e, desde então, já viajei por quase todos os países, planetas e galáxias.
O primeiro lugar que conheci foi a Terra do Nunca, quando uma irmã me presenteou com uma caixinha de livros infantis. Após conhecer e me tornar intima de figuras como Peter Pan, Branca de Neve e Pinóquio, as viagens foram se tornando mais e mais freqüentes e, por inúmeras vezes, ao me pegar completamente alienada do “mundo real”, ouvi minha mãe dizendo:
__ Essa menina não faz outra coisa? E arrumava logo alguns pratos pra eu lavar ou recado pra levar, na ânsia de me tirar daquilo que considerava anormal.
Os anos foram passando e eu cada vez mais agarrada aos livros. Com 10 anos, meu grande sonho era um dia ter liberdade pra ler quanto e a hora que quisesse sem ninguém me mandar parar. A justificativa para o que eu considerava uma implicância era a minha miopia e, novamente, lá vinha o sermão materno:
__ Se continuar assim vai ficar cega, sua miopia só vai aumentar até não haver óculos que resolvam.
O certo é que meus livros sempre foram minha janela para o mundo. Através deles conheci lugares, vivi situações e descobri costumes de povos distantes, além de terem me feito mais intima da língua portuguesa e amiga das palavras.
Talvez eu escreva por sentir ciúmes destes tantos autores e histórias que já li nestes anos, mas sempre afirmo que sou excelente leitora enquanto sequer me considero escritora; sou uma escrevente.
Não me imaginem trancada e mofada dentro de casa devorando livros e mais nada. Fui uma adolescente normal, que dançava, saia muito e se divertia mas, quando chegava em casa os livros estavam à minha espera. Quando percebia que um estava chegando ao fim, ao mesmo tempo em que ansiava pelo desfecho, morria de pena por saber que me despediria de mais um lugar, de mais pessoas, porque detesto reler livros, com exceção de Cem Anos de Solidão (releio uma vez por ano e é sempre com novos olhos) e Pequenas Epifanias, meu livro de cabeceira, isso sem falar nos livros de trabalho.
Quando não havia nada para ler e eu já esgotara todas as estantes dos vizinhos, amigos e parentes, me debruçava nos livros de História Geral do irmão professor (acho que veio daí minha paixão pelo assunto), e fazia viagens pelo passado, em lugares fantásticos e pouco falados. Estas janelas nunca se fecharam em minha vida e se mantém escancaradas até hoje, todos os dias, quando conto aos meus alunos as maravilhas de cada um destes lugares e povos.
Continuo míope mas os livros não me deixaram cega, ao contrário, me fizeram e fazem ver um mundo de dimensões inimagináveis àqueles que não lêem e minha mãe, hoje, passado tanto tempo adora implicar, com aquele orgulho que só as mães têm, e dizer:
__ Hum, minha filha é o que chamam de intelectual...
Mesmo não me considerando como tal, me sinto feliz por ela ter orgulho da filha anormal de antes e que, mesmo morando quase no fim do mundo, vive cercada de janelas voltadas para o mundo inteiro.
O primeiro lugar que conheci foi a Terra do Nunca, quando uma irmã me presenteou com uma caixinha de livros infantis. Após conhecer e me tornar intima de figuras como Peter Pan, Branca de Neve e Pinóquio, as viagens foram se tornando mais e mais freqüentes e, por inúmeras vezes, ao me pegar completamente alienada do “mundo real”, ouvi minha mãe dizendo:
__ Essa menina não faz outra coisa? E arrumava logo alguns pratos pra eu lavar ou recado pra levar, na ânsia de me tirar daquilo que considerava anormal.
Os anos foram passando e eu cada vez mais agarrada aos livros. Com 10 anos, meu grande sonho era um dia ter liberdade pra ler quanto e a hora que quisesse sem ninguém me mandar parar. A justificativa para o que eu considerava uma implicância era a minha miopia e, novamente, lá vinha o sermão materno:
__ Se continuar assim vai ficar cega, sua miopia só vai aumentar até não haver óculos que resolvam.
O certo é que meus livros sempre foram minha janela para o mundo. Através deles conheci lugares, vivi situações e descobri costumes de povos distantes, além de terem me feito mais intima da língua portuguesa e amiga das palavras.
Talvez eu escreva por sentir ciúmes destes tantos autores e histórias que já li nestes anos, mas sempre afirmo que sou excelente leitora enquanto sequer me considero escritora; sou uma escrevente.
Não me imaginem trancada e mofada dentro de casa devorando livros e mais nada. Fui uma adolescente normal, que dançava, saia muito e se divertia mas, quando chegava em casa os livros estavam à minha espera. Quando percebia que um estava chegando ao fim, ao mesmo tempo em que ansiava pelo desfecho, morria de pena por saber que me despediria de mais um lugar, de mais pessoas, porque detesto reler livros, com exceção de Cem Anos de Solidão (releio uma vez por ano e é sempre com novos olhos) e Pequenas Epifanias, meu livro de cabeceira, isso sem falar nos livros de trabalho.
Quando não havia nada para ler e eu já esgotara todas as estantes dos vizinhos, amigos e parentes, me debruçava nos livros de História Geral do irmão professor (acho que veio daí minha paixão pelo assunto), e fazia viagens pelo passado, em lugares fantásticos e pouco falados. Estas janelas nunca se fecharam em minha vida e se mantém escancaradas até hoje, todos os dias, quando conto aos meus alunos as maravilhas de cada um destes lugares e povos.
Continuo míope mas os livros não me deixaram cega, ao contrário, me fizeram e fazem ver um mundo de dimensões inimagináveis àqueles que não lêem e minha mãe, hoje, passado tanto tempo adora implicar, com aquele orgulho que só as mães têm, e dizer:
__ Hum, minha filha é o que chamam de intelectual...
Mesmo não me considerando como tal, me sinto feliz por ela ter orgulho da filha anormal de antes e que, mesmo morando quase no fim do mundo, vive cercada de janelas voltadas para o mundo inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário