sábado, 4 de agosto de 2007

DESENCONTROS

Há dias em que parecemos seres extraterrestres em meio aos desconhecidos e complexos habitantes do planeta Terra. Tudo que dizemos ganha outra conotação e matiz aos ouvidos daqueles a quem falamos.
Difícil estes dias de desencontro de idéias, onde ouvimos torto, dizemos torto e tudo parece enviesado. As idéias saem atropelando as palavras e acabamos por nos sentir emaranhados em meio a um mar de mal entendidos ridículos e já nem sabemos como mergulhamos em tal situação, assim como parece impossível sair ilesos dela.
Que fazer em dias assim? Não sei, mas bem que queria muito esta resposta...
Creio saber porque isso acontece. Nestes dias, estamos muito frustrados com alguma coisa, o que nos torna sensíveis demais a tudo que vem ao nosso encontro. Acreditamos que o outro irá entender o que dizemos, sem que precisemos explicar. Pensamos, erradamente, que o vínculo existente entre ambos fará a sintonia entre a palavra dita ou escrita e o sentimento latente que está perdido e triste por algo que ansiava e que, por uma impossibilidade qualquer, torna-se distante.
Nós, em nossa pretensão ridícula, cremos no direito à compreensão desmedida sem que para isso haja troca. Esquecemos os sentimentos alheios e nos tornamos egoístas e temperamentais.
O egocentrismo chega e se aloja, causando o desencontro.
Ao final, o que resta? Mágoa e palavras (faladas e ouvidas) duras que ficam latejando no ouvido do coração, porque nos momentos de desencontro somos ásperos, duros e cruéis, usando arma fatal a qualquer sensibilidade; usamos a ironia.
Depois do desencontro vem a ressaca, também muito ruim e dolorosa. Sentimos cansaço, desânimo e vontade de abandonar tudo se isso puder trazer esquecimento.
Nos armamos em dores, nos acreditamos injustiçados e feridos e criamos muralhas à nossa volta. Há horas que choramos, como se fossemos pobres vítimas do destino e há momentos em que nos culpamos duramente pelo desencontro ocorrido.
O certo ao final é que somos seres humanos e, como tais, passiveis de falhas. Amargurar por erros e desistir por tê-los cometido é sintoma de covardia.
Dar-lhe maior dimensão do que possui é sinal de que a sintonia não era assim tão grande, não sendo capaz de superar as pedras no caminho.
E, finalmente, pensar sempre que se o desencontro aconteceu, foi antes precedido pelo encontro que é o que fica sempre...

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